domingo, agosto 29
em primeiro plano: aquilo que observa
Ao entrar nesse processo de auto-conhecimento,
você nota que é um trajeto profundamente solitário.
E a maioria das pessoas não quer conviver com o solitário.
Estão sempre arranjando alguma coisa para preencher o vazio que a solidão traz.
Solidão é um conceito inaceitável e indesejável.
Mas do ponto de vista de Satsang, a sua solidão não só é desejável, como é primordial.
A Verdade é simples e alcançável: você não é um objeto que você observe,
você não é uma sensação que você sinta...
você é a Consciência que está por trás de absolutamente tudo que se move.
Mas o nosso condicionamento, o nosso aparelho sensorial, tem um profundo vício:
a busca da satisfação das sensações. Você pensa que deve estar sempre se sentindo bem.
Assim, existe constantemente um desejo alhures, num outro lugar. E a ilusão continua.
Existe alguma coisa que você queira? O que quer que seja, se existe,
é a clara mostra de que ainda há “um alguém”. Ainda que seja nobre
o que você esteja querendo - de qualquer forma, nobre ou não, o desejo continua.
Aliás, os nobres quereres são os mais venenosos.
Por isso que se você precisasse praticar alguma coisa
eu proporia que não desejasse nada sublime.
Deseje o mais simples, o mais próximo de você.
Quietamente, veja: Satsang deve ser valorizado de uma forma
que nós nem temos um modelo, pois na nossa cultura não existe tal valor.
O convite em Satsang é que você se desmanche completamente no aqui e agora,
que você seja exatamente aquilo que você não tem como saber, conter.
A vontade de saber deve ser colocada de lado, junto com os sapatos que você tira.
É como se você sentasse aqui e não entendesse nada do que estou dizendo
e, tão pouco se interessasse em entender.
Simplesmente ouça essas palavras como se fossem sons de uma língua distante...
As palavras devem se tornar um plano de fundo
e apenas uma coisa fica em primeiro plano: aquilo que observa.
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