quarta-feira, novembro 28

o mistério do agora


Ao invés de por o Ser à prova, ponha a sua mente. Veja que apesar de todos os cursos, grupos de terapia ou pós graduações que você fez, apesar de todos esse anos de vida, quando "o bicho pega", você frita. Não é mesmo? Deve ser que haja um outro jeito de olhar para os acontecimentos que não passe pela mente, e é por isso que estamos aqui.

Neste momento, entra um convite à humildade, à paciência. É preciso ter paciência. Se a sua mente teve um grande poder sobre a sua vida até hoje, esse acidente de estar em Satsang, tentando penetrar em algo que acaba com ela, que a coloca em seu devido lugar, vai fazer com que ela reaja, esperneie. Isso é óbvio. E é por isso que paciência é necessária. Porque tudo é muito novo, apesar de já ser seu e de, no fundo, ser você. 

O condicionamento nos ensinou a ver o mundo e a nós mesmos de cabeça para baixo. Agora estamos retornando ao sentido correto e é por isso que tudo parece estar fora do lugar. Mas a verdade é que tudo estava fora de ordem, e olhando para dentro é que vamos deixar tudo o mais confortavelmente "no lugar" possível. Experimente!

"Quem é você?" – esse questionamento não propõe, de nenhuma maneira, um novo sistema de pensamento. Não proponho um sistema de vida. Não há cartilha, não há regras. Estamos falando do mistério, estamos apontando para o mistério. É o mistério que dissolve toda a bobagem, toda a mentira que tem sido agregada a si mesmo como sendo você, mas não é.

Não é uma piada que esse "agregado de mentira" queira testar o Ser? Como já disse: inteligência, definitivamente, não é patrimônio da mente. E, além de tudo, ela é prepotente. Como pode o impermanente, o passageiro, o temporário, testar o eterno?

Por isso, humildade e paciência. Isso pode levá-lo muito mais rápido ao descanso no Ser do que qualquer tentativa de compreensão intelectual. Não passa pela mente! Quantas vezes você terá que ouvir isso? Abra mão do mundo que você explora e crê através dos sentidos e entregue-se à existência no mundo do mistério. Essa entrega, essa confiança é o bastante.

terça-feira, novembro 27

alto, ajuda.

















Osho conta uma bela história sobre um mestre Zen, Joshu.

Um dia, Joshu caiu na neve e gritou:
– Ajude-me! Ajude-me!
Um discípulo de Joshu aproximou-se e deitou ao seu lado.

Joshu riu, levantou-se e disse ao discípulo:
– Certo! Perfeitamente certo! 
Isso é o que estou fazendo com você também.

Eu não posso fazer nada por você e, tampouco, você precisa de ajuda – esta é a verdadeira piada. Como posso ajudá-lo a entender que você não precisa de nenhuma ajuda? E o motivo é simples: não há ninguém para ser ajudado.

Para a mente é inaceitável, é inacreditável.

Alguma pergunta?

Participante – Enfim, estamos aqui.

Você tem certeza disso? Pode existir alguma outra possibilidade? Pode você não estar aqui? Onde é “não-aqui”? Você vê? Você não me compreende, eu sei.

Você pensa que está sentado aqui, porque parece que você está sentado. Você sente que está sentado... Mas acontece que os sentidos estão te privando do Real.

Algumas pessoas escrevem para mim e, claramente, querem ajuda. E eu “fico muito deprimido” porque não posso ajudá-los – a menos que eu entre na posição de vê-los como eles percebem a si mesmos. E a minha mensagem, se existe alguma, é que você não é aquilo que você percebe. Você é aquele que percebe. E este não pode ser percebido.

Mas você continua tentando arrumar o que é percebido, porque às vezes não está de acordo com aquilo que sua mente pensa que deveria ser. Ora! Corte a sua mente fora e está resolvido. Então, toda hora você pode perguntar a si mesmo: O que está acontecendo? Faça isso! O que está acontecendo? E veja para onde a flecha aponta.

domingo, novembro 25

sexta-feira, novembro 23

o sonho e os cafetões do samsara

















Pondere: o que você quer? Olhe para o monte de coisas que você quer. Você não sabe nem por onde começar, e esse querer está sujeito a ser a sua maior perdição, pois sempre haverá alguém lhe prometendo alguma coisa, sempre haverão os “pimps of samsara” – os “gigolôs do samsara”.

Eles querem que você continue sonhando e, baseados na tese de que um sonho não dura para sempre, ficam apresentando mais sonhos. Hoje você se contenta com uma coisa, amanhã já quer outra e é a eles que você pode recorrer em busca da realização de seu novo sonho. Eles não estão pela Verdade, porque a Verdade é muito dura. Mas é somente  a Verdade que liberta.

Do ponto de vista cartesiano, linear, para desfazer os seus quarenta anos de condicionamento, seriam necessários um tempo relativo. E, sendo assim, a partir desse momento você não poderia mais ser condicionado a absolutamente nada, você teria que parar de cometer enganos e não poderia mais repetir nenhum erro. Mas, como sabemos, isso seria impossível, então os anos – a distância – até a sua realização vai aumentando. Até que você acaba desistindo e “entende” que somente numa próxima vida terá a chance de “acertar”.

Permita-me mostrar a partir de um outro ponto de vista. Se você se dá conta de que aquilo ao qual foi condicionado, em primeiro lugar, não é você e, em segundo, que originalmente você nunca foi condicionado: de quanto tempo você precisa para “des-condicionar-se”? Nenhum.

Participante – Isso seria um macete?

Chame como você quiser. O que importa é que, definitivamente, é isso. Porém, antes de qualquer coisa, o que tem que ficar absolutamente claro é “quem é você”. 

quinta-feira, novembro 22

o simples, antes de tudo


Perca as esperanças e descomprometa-se com a mentira. É legítimo não estar comprometido com o que não existe. Loucura é ter compromisso com o temporário, com o que não tem permanência. Observe como é fácil equacionar isso. Não existe nada errado em desrespeitar o irreal e buscar a realidade com coerência e respeito total.

O que é a realidade? O que está no fundo de todas as coisas? O que anima tudo? Os seus pensamentos, emoções, a comida que você come? Não. O que corresponde totalmente às suas expectativas? O que está sempre presente e nunca te abandona? Quem é você por trás de todas as camadas?

Acabe com a complexidade e fique com o simples. Falo da simplicidade anterior à decisão de você ser isso ou aquilo. Assista comigo a este espetáculo. Vejamos juntos aquilo que está antes de qualquer definição. 

quarta-feira, novembro 21

luz pacífica, paz sincera


















Tudo aquilo que você vê, deve ser consumido como um filme. Considere-se sentado no salão do cinema, assistindo um filme. Não tente compreender ou analisar, pois geralmente quando pensamos que algo foi compreendido, uma outra coisa começa a exigir sua compreensão. Não tem “o fim do jogo” – quando você vence uma fase, começa outra. Trata-se de um filme sem fim. Mas não perca essa metáfora: o que você está vendo é um filme.

Se você se imagina um personagem dentro do filme, está fudido. Porque a verdade é que sempre tem o diretor que está fazendo alguma coisa com esse personagem. Agora, se você não se vê como personagem e, sim, como a luz que elabora, que dá forma aos personagens e tudo o mais que aparece, isso proporciona tremendo distanciamento a respeito dos acontecimentos e, por conseguinte, distanciamento do sofrimento provocado pelo apego ao personagem.

Paz é o que emana desse destacamento. A relação tanto com o sujeito quanto com os objetos passa a ser outra, muito mais leve. Já chamei em algum momento de “paz sincera” e vou repetir porque essa expressão fala muito. As relações se tornam relativas. O que acontece entre os personagens é relativo. Você é a luz. E é muito pacífico ser a luz. Personagens têm conflitos, a luz é pacífica, ela inclui tudo. 

terça-feira, novembro 20

o céu azul e as nuvens, brancas ou não


















Aonde você quer chegar? Ou, ainda, quem é esse que quer chegar em algum lugar? Saiba: não-saber é a solução. Não-saber é o estado mais satisfatório que existe.

        – Como está o seu dia?
        – Não sei.
        – O que você vai fazer da vida?
        – Não sei.

Não é que você não saiba. A verdade é que ninguém sabe, mas todos pretendem que sabem. O propósito de estarmos aqui engendra atingir um nível de sinceridade ao ponto de assumir que não sabemos nada. Não tem “aonde” chegar. Aqui está perfeito. Aqui é sempre perfeito. Por que você quer ir a algum lugar? Na verdade, é um paradoxo, você tem saber que não tem o que saber nem quem saiba.

Nesse ponto a mente vai fritar um pouco. Ela tentará se sobrepor, por hábito. Mas a beleza é que quem você é de verdade é muito gentil e não se importa com esse movimento da mente. A mente pretende que você seja esse “você” que ela aponta o tempo todo – vivendo no espaço e no tempo – e você não se importa com o que ela propõe. Essa é a verdadeira sabedoria: saber que mais cedo ou mais tarde tudo vira fumaça, e aquilo que você é não vira fumaça, permanece. Existe um ponto de mutação, um ponto de ir além.

Aqui, compartilho um dizer Zen: “O céu azul não impede o flutuar das nuvens”. Você é o céu azul. O que você pensa que você é, o que você sente, as conclusões as quais você chega são nuvens. Nuvens em passagem. Nuvens com tal insubstancialidade que não dá para senti-las. As nuvens não são reais. 

segunda-feira, novembro 19

não-mente: você.















Tem a mente e tem “você”.  Você obedece a sua mente até que você desperte. Quando você desperta, você desobedece a sua mente. Na medida da desobediência, beirando o absoluto, a mente desaparece. Ela precisa da sua obediência, de alguma maneira, pra existir.

A mente diz “Estou cansado!”e o que você sente? A mente diz “Estou com sono!” e o que você sente? A fala dela é anterior ou posterior à sensação? Observe. Quem é que diz que isso é “cansaço”? Quem é que diz que isso é “sono”?

De onde vem esse metabolismo de experiências constantemente? Se você se presta à Observação desobediente dessas propostas, você se liberta. É como aquela história do iluminado que fuma e afirma que não é ele que está fumando. Mas isso burla a regra que a mente prega e obedece. Aqui cabe, então, compreender a questão fundamental: quem é você? Quem você pensa que é? Examina!

É nesse ponto que você pode se dar conta de que não tem como ficar livre de coisa alguma. Você só vai estar livre de tudo, quando estiver livre de você. Ou melhor, da noção que você tem de você. Você não é, nunca vai ser e nunca foi isso que você pensa que é. Existe um mal entendido. Dê-se conta!

quinta-feira, novembro 15

aceitando a não-aceitação












Participante – Satya, quando vi que o título desse encontro seria “Tathata” – aceitar aquilo que é – fiquei pensando que aceitar aquilo que é detona um certo conformismo. Ou você se refere a aceitar só Aquilo que é?

Diz respeito a não criar tensão interna.

Participante – Subir uma montanha de brita e estar feliz ali.

Sim, mas tenta entender melhor. Qual é exatamente a sua dúvida?

Participante – Às vezes eu penso que se uma situação está muito desconfortável eu quero mudá-la. Mas aí me vem a dúvida... Não sei de devo mudar a situação ou mudar isso que está questionando a situação.

Depende, as duas coisas podem ser passíveis de interferência. É importante saber o que está em jogo nessa necessidade de mudança particularmente. Não há uma regra rígida.

Verifique: você quer mudar para preservar a sua imagem ou quer mudar porque não aguenta mais a sua imagem? Se for a segunda opção, topo.

Quando se diz aceitar aquilo que é, não se refere a defender a sua imagem. Isso não significa que se te oferecem uma pedra para comer, você deva comê-la porque você é aceitação. Isso não faz o menor sentido. Aqui, o que é: aceitar que pedras não são comestíveis.

É muito delicado, há grande possibilidade de que sua mente o engane quanto essa questão. É preciso estar atento e comprometido para com a Verdade. Aceitação inclui tudo, absolutamente tudo, inclusive a não-aceitação.

quarta-feira, novembro 14

o ponto silencioso da despreocupação















O tempo todo você tenta aprisionar o temporário para mantê-lo sob controle, porém, não se dá conta de que isso é uma enorme perda de tempo. Proponho que a mesma intensidade que você deposita em manter as coisas controladas seja transferida para o lugar certo. Ponha toda essa energia em saber quem você é.

O Silêncio nos liberta do amanhã – das metas que tiram seu sono. Sem metas, você fica tranquilo. As metas dizem que você tem que fazer isso e aquilo, mas tem mesmo? Questione-se e descubra um ponto onde não há nada e não importa em qual direção está indo. O lugar aonde você quer chegar é imaginário – o “aqui” é muito mais interessante! O “agora” é muito mais interessante. É tudo o que há. Veja.

Do que você precisa agora? Não se submeta a nenhuma experiência sensorial. Olhe para dentro e responda. É necessário apenas coragem.

Não sei se há prontidão, mas teste. Se houver, há a coragem de assumir esse ponto silencioso no qual você está totalmente despreocupado. 

terça-feira, novembro 13

no cessar do imaginado, o ser sempre
















Não é possível permanecer equivocado. Se você não entende o meu verbo agora, conversemos. Lembre-se: estar em Satsang não é apenas ouví-lo, é vivê-lo. Seja retilíneo para como a experiência. Não estamos aqui falando a respeito de algo, estamos aqui sendo – e esse ser nunca passa, nunca se afasta, nunca vai a lugar nenhum, ele está sempre Aqui.

A mente, em contra partida, nunca se encontra aqui, por excelência, está sempre vagando em algum outro lugar. Tudo é aparência, nesse sentido, mas de qualquer maneira estamos falando de algo que não aparece. E a mente, você há de convir comigo, aparece e desaparece, aparece e desaparece... O conveniente, neste contexto, é se dar conta de que se você tem noção de que algo aparece e desaparece, então nasce a questão: aparece para quem? Desaparece para quem?

Revolte-se contra essa tendência condicionada de estar sempre com os olhos fixos no aparente. Pergunte-se brevemente: enquanto é aparente, enquanto é desaparecente, a quem isso aparece e desaparece?

Satsang é uma provocação para que você confronte tudo aquilo que, na sua mente, está assentado como realidade. Não tem nada real na sua mente – é tudo mentira. Essa simplificação, que muitas mentes não gostarão de ouvir, nos liberta de lidar com o imaginado. Sem imaginar o que quer que seja, me diga: quem é você? Sem imaginar o que quer que seja, diga para si mesmo quem você é! Sem imaginar o que quer que seja, veja quem você é.

segunda-feira, novembro 12

você não é um pensamento


À essa altura, todos sabem o que é Satsang – ou pensam que sabem. Nessa sala, como proposta, não estamos aqui para ouvir Satsang, a proposta é falar Satsang, sê-lo. Antes que você mal compreenda o que estou dizendo – que é uma possibilidade –, lembre-se de quem você é. 

Ou você retém a ideia de ser um pensamento, ou se dá conta de que você não é um pensamento. Se você se dá conta que você não é um pensamento, todas as portas se abrem.  Se você retém a ideia de que você seja um pensamento, permanece num círculo sem fim, continua vendo a si mesmo como aquilo que é proposto pela sua mente. Obviamente, essa proposta é limitada e, além disso, há uma grande tendência em querer arrumar os pensamentos, querer modificá-los, melhorá-los.

O problema é que é difícil arrumar um pensamento, porque sempre que você precisa dele, ele não está lá. Você está, portanto, sempre lidando com algo fantasmagórico, inexistente.

Ao se dar conta de quem você é, você abandona o pensamento e encontra a si mesmo em totalidade. E esse "encontrar-se em totalidade" não cabe na sua mente, nem como explicação nem como visão. Então, Satsang é sempre uma lembrança para que você volte para esse lugar de onde você nunca saiu, e não se entretenha com o pensamento, por mais coerente que ele pareça. Não se entretenha com o pensamento e com o que ele gostaria que acontecesse.

É um momento de silenciamento, é um momento de romper com o conhecido. Se resta alguma dúvida quanto a você não ser um pensamento, quanto a quem você realmente é, conversemos. Porque antes disso, nada é possível, até o entendimento será deturpado. Somente quando você vê quem você é, as coisas se alinham.    

sexta-feira, novembro 9

o eterno convite

É verdade que a mente gostaria que uma vez que fosse vislumbrado Aquilo que você é, essa visão pudesse ser colocada numa prateleira e ela, a mente, pudesse voltar a fazer as coisas “dela”, aquilo que ela gosta. Mas é justamente por não ser assim que Satsang se trata de um eterno convite.

Você precisa confrontar todos os conceitos que apontam em alguma outra direção que não seja a Consciência, o Silêncio como sendo você. Geralmente, ao invés do confronto, você prefere “pular de galho em galho”, ir de um canto a outro, andar em círculos, fugindo do fato de que – ao final – "você" não existe, tudo é Consciência.

Isso é duro de ser aceito e, principalmente, assumido, porque a mente quer estar em evidência, investe no “eu”, no “mim”, no “meu”, no “alguém", no “você”, no “eles”, no “nós”… Para ela a 
Consciência é inconcebível. Por isso que sua mente não é necessária nem convidada a estar aqui. Você não precisa e não pode acessar através dela Aquilo que você é.

Se em algum momento surge frustração a respeito do encontro consigo mesmo, saiba que se trata de uma indignação da mente. Ela está diante da sua impotência. Ela não quer entregar o sonho. Caso você não consiga ver isso, aceite uma lamparina que ilumine o seu caminho, até que a luz que você é possa ser vista.

A lamparina é o eterno convite. Sempre que você esquecer, não existe nenhuma necessidade de julgar a si mesmo. Aceite o convite e aproxime-se da luz.


quarta-feira, novembro 7

diálogo sobre a lua, que nem bela, nem lua, é

















- satya, acordar significa uma não mudança, mas apenas a observação do que já existe, correto?

nem isso.
esses são os primeiros passos.
na observação da observação, não há observador.

- então é apenas o pulsar, sem necessariamente a existência do coração.

nem pulsar.

- nada.

nem nada.

- eu me divirto =)

ser é alegria.

- namastê =)

namastê.

terça-feira, novembro 6

consciência: nada além


















Se você vê a si mesmo como Consciência, essa deve ser a base de qualquer reflexão, de qualquer relacionamento entre você e os objetos no mundo. Para deixar mais claro, vejamos o seguinte: ao perder algo, você reluta, questiona e julga essa perda como uma entidade separada, ou observa a perda enquanto a Consciência que acomoda todos os acontecimentos?

Satsang elucida que todos os movimentos no mundo, com quaisquer objetos, são "experienciados" a partir do ponto de vista da Consciência. Consciência que não pode perder nada – pois é Aquilo que contém todas as coisas. A perda é aparente. Tudo vem da Consciência e a Ela retorna. Não há nada além da Consciência.

O fato é que não somos instruídos a essa realidade. Pelo contrário, desde pequenos fomos acostumados a ganhar, ganhar, ganhar e nunca perder. Ou, ainda, em caso de perda, o sofrimento deve estar implícito. Aqui, portanto, nosso único projeto é um retorno à Origem, à Consciência que você é – e toda a sua atenção e inteligência devem ser oferecidas a este movimento. Nada se perde, nada se ganha, o movimento é circular e aparente, apenas.

Para isso, antes de mais nada, deve estar claro quem você é. Encontre a sua verdadeira morada, a essência de todas as coisas e, olhando para o mundo a partir deste prisma, uma nova compreensão refletir-se-á nos objetos ao seu redor – pois entre "você" e "eles" não há distância. Paz decorre dessa clareza e elucida, ilumina o seu dia a dia. 

sexta-feira, novembro 2

nos olhos dos outros














Gostaria de elucidar uma questão de extrema importância. Já percebeu que você nunca viu os seus olhos? O fato é que não podemos ver os nossos olhos porque os olhos somente podem ver – essa é a mais bela metáfora a respeito do Ser. Talvez por isso que a visão seja o sentido mais poderoso no ser humano. Essa é a metáfora mais clara para explicar que o Ser não pode ser visto, Ele vê. Ele não pode ser visto com os sentidos, que é o mesmo que ocorre, a nível material, com os olhos. Os olhos não podem ser vistos.

Colocar um espelho na sua frente e olhar para os seus olhos é uma distorção, pois aquilo que você vê é um reflexo. Você se olha no espelho para ver como está hoje, mas aquilo que aparece no espelho não é você. Você pergunta para os seus amigos como você está, mas o papel de espelhamento é o mesmo. E o espelho distorce tudo.

Osho conta uma história muito interessante. Ele já estava iluminado, com uns vinte e poucos anos, e seu professor de Filosofia dizia que não se importava com as opiniões dos outros. O que gerou uma grande discussão em sala de aula. Osho achava que o professor se importava, porém ainda não tinha observado bem o seu comportamento. Pois tudo o que achamos que somos decorre de opiniões dos outros. O professor negava, apesar dos argumentos trazidos por Osho. Então, um certo dia, ele desenvolveu o seguinte projeto: conversou com a empregada do professor e, em troca de algumas rúpias, pediu que assim que o professor acordasse, a primeira coisa que a mulher dissesse para ele fosse: “O senhor está bem? O senhor não parece muito bem hoje... O que está acontecendo?”. E o mesmo foi feito com algumas outras pessoas que ele sabia que iriam passar pelo caminho do professor naquela manhã. Quando o professor chegou na escola, ele estava pálido, passando muito mal, porque todos tinham dito que ele não estava com uma boa aparência. E, claro, quando Osho o encontrou, também reforçou: “O senhor não está bem”. Conta-se que o professor confirmou que não estava nem um pouco bem, suspendeu a aula e pediu que fosse levado para casa. Na sua casa, depois de deitá-lo na cama, Osho revelou: “Viu como as opiniões dos outros importam?” E o professor se deu conta.

Baseamos a nossa existência nos reflexos. Satsang promove um retorno Àquele que vê e, assim, um destacamento, um distanciamento do que é visto. Você é aquilo que vê ou aquilo que é visto? É o primeiro passo, mas não o último.

quinta-feira, novembro 1

satsang


Satsang significa falar a verdade a respeito de nós mesmos. E não se trata de apenas eu falar a verdade, você também deve conectar-se à verdade e falar e agir a partir dela.

O fato é que fomos condicionados à mentira. E, aqui, entenda bem, não me refiro às "mentiras brancas" – fui ou não fui ali, fiz isso ou não fiz aquilo... Estou falando da verdade ulterior, estou falando daquilo que somos.

A força da mente, a força do contexto ao nosso redor é tão vasta que nos rouba a possibilidade de que sejamos uma outra coisa que não aquilo que todos estão dizendo. O seu esforço, seu foco, deve ser hercúleo, ou talvez mais que isso: sansônico, pois o drama – falando em mitos – é prometeico.

Tenha apenas uma meta: Qual é a Verdade? Quem é você? O fato é que se jogarmos essa questão de uma maneira geral para as pessoas, recebemos descrições de objetos e histórias. No entanto, Satsang nos convida a ultrapassar, ou desviar das descrições e ver exatamente o que está por trás da descrição.

Como temos consciência do que quer que seja, antes de descrever o objeto do qual estamos a ter consciência? É de uma simplicidade atroz e, ao mesmo tempo, paradoxalmente, de grande complexidade. Isso porque não é acessível de uma maneira geral, não é acessível à mente.

Em geral, as pessoas temem o confronto com a Verdade. No fundo, temem que a realidade não seja nada do que se esteja pensando. O ser humano atravessa um estado tão precário quanto à percepção de si mesmo que se apega a coisas sem a menor significância.

Aqui, confrontamos essa condição e por isso é com muito respeito que devemos encarar Satsang. Nesse "processo" te vai ser pedido certas entregas – entregas básicas –, que rompem com aquela descrição fundamental do pensamento arraigado a respeito de quem somos.