terça-feira, julho 31

no coração, quem sou eu?


Para você que pensa que o melhor amigo do homem é o cachorro, trago uma noticia: o seu melhor amigo é você mesmo! Não estou me referindo a esse você que você pensa que é, porque esse "você" – na maioria das vezes – só atrapalha e te leva, imaginariamente, para longe de si mesmo. O seu melhor amigo é este – ou isto – que não te abandona nunca, que está sempre presente.

O corpo-mente, isso que você pensa que é você, é tão externo quanto qualquer outro objeto observável. Verifique! Você percebe tanto o seu corpo quanto os pensamentos da mesma maneira que percebe o carro que passa, a almofada na sua frente, o copo, a mesa... O engano, a ilusão é crer que o corpo é você e, ainda pior, que olhar para dentro é olhar para dentro dele.

Veja bem: o que essa cadeira pode dizer sobre você? Agora, pergunto: se esse corpo é observável tanto quanto aquela cadeira, o que ele pode dizer sobre você? Já está na hora do seu interesse mudar dos objetos observáveis – e isso inclui o corpo-mente – para a Observação. Isso detona que a sua ideia a respeito de olhar para dentro está totalmente fora de ordem.

Aceitar isso virá a desorganizar todo o conteúdo da sua mente de uma forma revolucionária, porque o conteúdo da sua mente diz que este corpo é você, que ela – a mente – é você. No entanto, isso não é verdade. Uma breve investigação e nasce internamente uma outra noção a respeito de si mesmo.

Isso que você está acostumado a chamar de "eu" é, na verdade, uma experiência. Esse "eu" parte de um acúmulo de conhecimentos totalmente vindo de reflexos exteriores. Chega um ponto em que os reflexos não mais podem ludibriar você e a possibilidade de uma experiência direta começa a ser desejada.

Aqui, a questão "Quem sou eu?" nasce no seu coração e os reflexos começam a perder a importância, a serem descartados. Essa expressão é alquímica e deve ser absorvida com uma profundidade jamais vista. Nenhum acúmulo de conhecimento, tampouco algum reflexo poderá gerar uma resposta para essa questão. É cientifico! O reflexo da "coisa" não é a "coisa".

segunda-feira, julho 30

dentro, o eterno agora


Tudo está em constante mudança do lado de fora. A Paz que você procura, portanto, não pode ser encontrada fora, porque ela é perene, não muda. Na verdade, essa é a sede do ser humano, buscamos por aquilo que não muda porque notamos que tudo muda o tempo todo. A busca é pelo eterno.

Aquilo que está em constante mudança gera contentamentos temporários. Amadurecendo, você nota que o seu trabalho não é eterno, seu relacionamento não é eterno, todos os seus bens – por mais preciosos que sejam – não são eternos. Tudo pode mudar, dependendo das circunstâncias.

Quando nos damos conta do perecível começamos a nos virar para dentro e buscamos algo que seja confiável, que seja fiel, que fique conosco para sempre. É nesse momento que Satsang aparece como possibilidade de encontro, pois só tem uma "coisa" que é atemporal – o Silêncio que você é, a Consciência que você é não nasce nem morre. Voltar-se para dentro é o único meio de libertar-se da prisão do tempo e habitar o eterno.

sexta-feira, julho 27

confúcio, aristóteles e o oposto, a celebração da vida
























Pra começar, uma história Taoísta...

Três amigos discutiam a vida, quando um deles disse: “Podem os homens viverem juntos e não saberem nada a respeito disso? Trabalharem juntos e produzirem nada? Podem eles voar no espaço e esquecer que existem num mundo sem fim? Ou seja, podem eles viver a partir de um lugar sem nenhuma explicação, sem ter nenhum código por trás, abertos?”

Os amigos se olharam e começaram a rir, eles não tinham a menor explicação. No entanto eles eram mais amigos que nunca.

Passado algum tempo, um dos amigos morreu. Confúcio mandou um de seus discípulos ajudar os outros dois amigos a cantar os seus obséquios, os seus agradecimentos ao amigo que morreu.

Ao chegar lá, o discípulo encontrou os amigos cantando a seguinte canção:

“Ei  Sung Hu, onde você foi?
Ei Sung Hu onde você foi? 
Você foi onde realmente nós estamos e nós estamos aqui.
Puta merda, nós estamos aqui!”

O discípulo de Confúcio, ao ouvir aquilo, exclamou: “Posso eu inquirir onde você encontrou a rubrica desses obséquios? Essa carolice frívola na presença do falecido?”

Os dois amigos se olharam e riram, concluindo: ”Pobre coitado! Ele não sabe nada da nova liturgia”.

Detalhe: Confúcio é um expoente do oriente chinês. E me parece que ele seja o “pai da confusão”. Enquanto Osho dizia que Aristóteles era o pai da imbecilidade ocidental, ouso dizer que Confúcio seja o pai da imbecilidade oriental.

Agora, relevando a história contada, pergunto: estamos aqui para reencenar a lógica confuciana ou estamos aqui para inventar uma nova liturgia? Trago o convite à nova liturgia – se trata de um convite sem grandes encenações, sem grandes complicações.
  
A mente quer uma explicação para tudo: “Quem os autorizou a cantar aquilo?” Para o discípulo confuciano aquela canção não tinha o menor respeito, nenhuma ligação com o que ele considerava sagrado. No entanto, Osho diz: “Tudo é feito de acordo com os livros, de acordo com a bíblia, de acordo com os vedas. Mas a vida não pode acontecer de acordo com os livros. A vida transcende qualquer livro, está além. A vida sempre joga os livros de lado e se move para frente”.
   
“Onde vocês encontraram essa carolice frívola na presença do falecido?” – para o discípulo, os amigos deveriam ser mais respeitosos, aquilo era profano! Os dois amigos se olharam e riram: “Pobre camarada, ele não conhece a nova liturgia, a nova religião”. Isso é o que está acontecendo aqui todos os dias: uma nova liturgia.  É a graça.

quarta-feira, julho 25

comunhão














Quem é você? Essa pergunta só pode ser respondida por você mesmo. Ninguém pode te dar essa resposta. É você que, com toda a sua energia, deve manter essa questão o mais próximo de si, todo o tempo. 

Questione: quem é esse que pensa que pensa? Quem é esse que pensa que tem que parar os pensamentos para chegar ao Nirvana? Quem é esse que pensa que está sofrendo ou que está feliz? Quem é esse que pensa que é um "eu"? Esse que fala todos os dias "eu isso… eu aquilo…".  Quem é esse que pensa que faz escolhas?
Parece complicado mas é mais simples do que você possa conceber, pelo simples motivo de você já ser quem você é, e não ter como deixar de ser. Em algum momento você tem que perceber que não encontra a si mesmo porque você é o aquilo que você está buscando.
Com a ideia que te foi dada, subentende-se que há alguém que busca e algo a ser encontrado. Ou seja, tem um sujeito e um objeto. E, teoricamente, você poderia escolher entre ser o sujeito ou o objeto. Mas a verdade é que qualquer escolha que você faça não é você. 

Tudo isso deve ser visto e queimado até que, mais cedo ou mais tarde, você se depare com o vazio, o indefinível, o sem-forma, o sem-nome… o infinito. Aquilo que não pode ser medido, ou sentido, por mais que você se esforce em tentar fazê-lo. A mente jamais vai saber do que estamos falando. Nessa conversa, para haver uma real comunicação, ela deverá ficar de fora. Por isso, especular antes de se jogar é vão. O meu convite é que você se jogue e deixe para pensar depois. 

terça-feira, julho 24

face original

Para ver a Si mesmo é necessário que, sem retórica, você compreenda profundamente o que significa "olhar para dentro". Até hoje você só conhece, através da mente, a visão decorrente de olhar para fora. Ela, a mente, inventou inclusive um "dentro" que a grande maioria segue como real.

As pessoas estão dedicadas e apaixonadas pelo "dentro" criado pela mente. Na verdade, elas estão olhando para o dentro do fora – que, por conseguinte, está fora. Porém, essa experiência, em geral, traz consigo um contentamento volátil. Com um olhar mais agudo, mais profundo, bem direcionado, você vê que esse dentro inventado pela mente é tão ínfimo quanto tudo o que perece do lado de fora.

O lado de fora depende, inevitavelmente, de uma série de fatores. E é por esse motivo que a Paz derradeira não se encontra aí. O lado de fora não existe em si e sofre da temporiedade comum aos objetos externos. Este é o mundo de Samsara, o mundo temporal.

Assim, olhar para dentro e mudar de vez a sua visão a partir daí é o único movimento, o derradeiro movimento, capaz de entregar a você a sua face original. Estamos aqui para ver o que não morre com o tempo. Ver a si mesmo é ver o eterno, aquilo que sempre esteve e estará além do tempo e do espaço, dentro.

sexta-feira, julho 20

dentro: fora da mente


O corpo e a mente estão programados e desenhados para o lado de fora. Por esse motivo a sua compreensão a respeito de si mesmo é artificial, superficial. As pessoas vivem a realidade imposta e proposta pelo lado de fora e acreditam que essa seja a única realidade. Acreditam, inclusive, que é aí que repousa a paz que estão buscando.

Você crê que a paz esteja numa igreja, num mosteiro ou no Himalaya. Mas tudo isso também foi desenhado pelo e para o lado de fora. Satsang, portanto, desperta em você a atenção necessária para olhar na direção apontada pela seta do Silêncio. Essa é a sabedoria que nasce desse encontro e te joga, inevitavelmente, para  dentro.

Torne-se receptivo, feminino, não-agressivo para com o Silêncio que está esperando por você. Toda a visão, todo o conhecimento necessário já está disponível, apenas se torne receptivo a isso, ao invés de manter essa mania de cultivar o lado de fora como única realidade.

Satsang promove uma nova experiência. Na verdade, a Experiência Zero, a não-experiência. A experiência do fora cabe na sua mente, vem de lá. A experiência do dentro é indescritível pela mente. Portanto, para saber de Si, não mais vasculhe os caminhos da mente.

quarta-feira, julho 18

o silêncio é feminino



















O Silêncio não pode ser conquistado, você só pode permitir – se entregando – que Ele conquiste você. O mero fato de que tudo o que conhecemos está fora nos revela que, olhando com carinho, há uma energia fálica direcionada aos objetos, uma energia de conquista.

O homem quer sempre conquistar os seus pensamentos, suas emoções, o outro, a natureza. Aqui entenda conquistar por “dominar”. Não é verdade que você gostaria de dominar os seus pensamentos, de modo a reprimir uma parte deles e multiplicar alguns outros? Você gostaria que a vida se moldasse ao seu bel-prazer.

Porém, aqui sinalizo carinhosamente: Cuidado! Pois o pensamento de dominar os pensamentos é também um pensamento. E essa ideia de dominar os pensamentos não passa de uma tentativa, porque isso é impossível.

O único problema é que a manutenção desse sonho gera ruído, e esse ruído impossibilita que você se dê conta do essencial em você, do Silêncio que você é. Portanto, não queira nada, apenas se entregue e o Silêncio está pronto para te conquistar.

terça-feira, julho 17

a morte do velho


Satyaprem, como você enxerga o mundo daqui para frente? Você tem uma visão otimista sobre o futuro da humanidade?

Essa pergunta me faz sorrir. É como um convite a imaginar, essa faculdade da mente, que tanto sofrimento traz. O mundo, se estamos falando da terra, este planeta que flutua leve nesse imenso vazio celeste, como um organismo como qualquer outro na existência, terá um fim, uma morte se você preferir. É claro que nesse instante esse organismo está sofrendo de um ataque viral, humano, muito agressivo, que talvez, se continuar assim, encurtará sua vida.

Nesse sentido, há necessidade do humano reinventar-se ou redescobrir-se, reconhecer-se no seu mais profundo, além das formas e dos nomes para uma ação curativa na terra ocorrer. A probabilidade de que isso aconteça é ínfima. Pois o processo em termos descritivos seria como um processo autodestrutivo. O ser humano, tal como está condicionado a pensar-se, precisa morrer para que o novo possa nascer. Enquanto o ser humano mantém essa estrutura intacta age como um vírus, com nenhuma consciência de que sua vida depende do hospedeiro, levando-se a sua aniquilação conjunta.

De uma certa maneira o futuro da humanidade, essa abstração, está com os dias contados. Mas ouso dizer que existe possibilidade de um novo ser humano, individual, indivisível, nascendo deste fim eminente. Um ser que transcende o pessoal, que é guiado pelo silêncio enquanto Consciência. Um ser celebrativo, imerso no agora, sem compromisso com o tempo e a mente..



Trecho de entrevista concedida ao Jornal Em Aquarius, Porto Alegre, 2009.

segunda-feira, julho 16

o buscador é o buscado ou além do papagaio















O que te traz aqui?
-         Participante - Uma busca.
O que você está buscando?
-         Participante - Acho que estou buscando conhecer a mim mesma.
O que você entende por conhecer a si mesma?
-        Participante - Tentar entender as minhas ações, a forma como eu reajo, como eu ajo.
Ou seja, Psicologia.
-         Participante - Talvez intuição.
E se você não for uma coisa que age e reage?
-          Participante - Mas eu sou alguém que sente.
Então você sabe quem você é.
-          Participante - Talvez ainda não.
Então talvez você não seja alguém que sente.
-         Participante - Pode ser.
Veja bem, se você “já sabe”, não tem como você saber. Ao pensar que já sabe, auto-conhecimento se resume a isso: a velha história de analisar o conteúdo da mente. Ou, mais modernamente, “observar-se”.
Porém, esse “se” ainda não está bem localizado, a mente se dedica a analisá-lo, catalogá-lo, compreendê-lo, experiencia-lo. Mas o que Satsang propõe está completamente fora desse discurso, e ainda não foi bem compreendido. Quando se diz “Conhece-te a ti mesmo”, é radical. Na verdade, é o Conhecimento final.
Sempre que você observa alguma coisa, você não é aquilo que você está observando. No entanto, a mente está totalmente ludibriada a respeito desse auto-conhecimento. O que acontece em geral é que as pessoas estão conhecendo “alguma coisa”. E quando está praticando o auto-conhecimento dessa maneira, você está na dualidade. Está olhando para algo que você pensa ser você ao mesmo tempo em que você também pensa ser aquele que está olhando para o que está sendo observado, ou seja, você é “dois”. Mas nenhuma das duas coisas é você.
Enquanto não houver um esclarecimento a respeito do “si mesmo”, não há nenhum conhecimento que finalize essa questão. Qualquer conhecimento – partindo do ponto errado – não é final, vem sempre acompanhado de mais e mais e mais...
Satsang, no entanto, promove o conhecimento final, o fim do dois. No ambiente de Satsang você não é nem o buscado nem o buscador, você é aquilo que está por trás de todas as coisas. Localizar “isso” é a única maneira de “conhecer a si mesmo”.

sexta-feira, julho 13

a completude é natural
















A vida é a única coisa que somos. Mesmo assim, o que a maioria das pessoas faz? É crítico, o drama não tem fim. Abra os olhos! Como você responde a isso? Ninguém te leva a serio, por que se levar tão a sério? O que está faltando?

Voltar-se para dentro é fundamental. Quem é você? Faça essa pergunta e registre que nada pode ser dito a esse respeito. Veja se você aceita ficar vazio e assumir a quietude de tal maneira que não haja nenhum preenchimento proveniente da mente. A mente preenche a sua vida com desejos. No entanto, se você observa, vê que o mais profundo do Ser está preenchido de vazio.

Sempre está faltando alguma coisa para a maioria das pessoas. Mas o que te falta agora? Este é quase um processo ideológico: a falta é um estado natural de ser e a completude é artificial, para a grande massa.

Porém, dê-se conta de que você já está completo. A completude vem do Silêncio, da desidentificação com o corpo, com a mente, com os sentimentos. As sensações continuam surgindo, mas você não é aquele que está sentindo. A Observação não anula as sensações, apenas sabe que ela não é aquilo que está sentindo. 

segunda-feira, julho 9

dentro, tudo é consciência


A mente é a guardiã da ilusão. Quando quer que você siga o conteúdo da sua mente, você se ilude, se confunde com o objeto percebido. De outro modo, daria para dizer que a mente é a cola, é o veículo que gruda, aparentemente, você no objeto percebido. E, assim, você tem evitado a realidade da Observação.
  
Você afirma estar sentado aí, agora, porque te foi ensinado isso um dia. Um copo só é um copo na sua mente, porque fora dela isso não tem nenhum significado. Recorrendo à sua mente, você acessa apenas as convenções e não consegue se deslocar deste conteúdo para ver o que há em realidade, em tempo imediato, límpido, sem qualquer definição gerada pelos sentidos – e, aqui, reconheça a mente como o sexto sentido, como foi cunhado por Buda.

Observação é nossa natureza e seria de tremendo valor se você se dedicasse a observar o que está dentro, como tem feito com o lado de fora, que o mantém "con-fundido" com o falso eu. No momento em que você se dá conta que observa os objetos, você se destaca deles. Você observa o copo, portanto, você não é o copo. Da mesma forma, você observa o seu corpo, logo, você não pode ser esse corpo. Você observa os pensamentos, portanto, você não é aquele que pensa, você é aquele que, ulteriormente, assiste os pensamentos.

Olhe para isso com carinho e veja que nada precisa ser feito para ser a Observação que você é. Observação é inerente a você, não tem como alcançá-la, assim como não tem como perdê-la. Você é isso, ainda que pense que não. Você sempre foi e sempre será a Consciência, porque tudo é Consciência, não tem nada fora dela.

sexta-feira, julho 6

o silencio é uma não-coisa
















A identidade, a entidade, precisa de tempo e espaço. Para pensar a si mesmo, é necessário tempo – não existe pensamento sem tempo. Veja você mesmo: da forma como você se compreende, você pode existir sem o tempo? É possível pensar a si mesmo ou ter qualquer outro pensamento sem tempo? É impossível gerar um mínimo pensamento a respeito do que quer que seja, sem tempo. Sem tempo, você não tem a menor ideia de quem você é.

Para a sua mente existir, para o seu ego existir, para pensar a si mesmo, você precisa de tempo. Da mesma forma, para o seu corpo existir, precisa de espaço. Porém, Você não é o seu corpo, você não é a sua mente. Quem é você? Aqui começa o encontro.

Acredito que você já tenha feito essa pergunta, mas certamente não a fez com energia suficiente para que seja vivida. Você costuma se confortar com as respostas lidas nos livros ou ouvidas de terceiros. Mas isso não serve. Veja, experimente por si mesmo e saiba. Está disponível.

O nosso encontro se estabelece em darmo-nos conta daquilo que mora na ausência do tempo e na ausência de espaço. O que pode haver fora do tempo e do espaço? Na ausência de espaço e tempo não tem como existir coisa alguma. E você não é uma coisa. O que é você?

quarta-feira, julho 4

de onde você vem, para onde você vai?
















Permita-se compreender esta linguagem que tem sido completamente oculta. Todas as histórias do Zen, que você lê e não entende o que querem dizer, deverão ser entendidas. Elas estão falando de uma linguagem que só faz sentido para os iniciados. Acalme-se e coloque-se no seu lugar – você está em casa. A partir desse instante, você lê e vê, no dia a dia, que tudo está claro.

Há milênios o homem tem descoberto isso e passado para aqueles que querem saber - e me parece que estamos num momento em que é necessário que muitos saibam. Seja um deles. Saiba quem você é! Chega de se confundir com os sentimentos, com seu corpo e com a sua mente. O Osho dizia: “Você não é o seu corpo, você não é a sua mente”. E não somente o Osho, mas também Buda e todos os mestres disseram e dizem.

Aqui, a Consciência está falando e é Ela que está ouvindo. Sua mente não é necessária, ela é inexistente, não tem consistência. Numa certa medida, o que está sendo apresentado é impossível porque vai contra um trilhão de coisas que vocês têm vivido como realidade. Portanto, você tem que ser um tanto arguto e corajoso para ver o que está sendo apontado.

A propósito, uma história Zen que acho magnífica:

Um monge bateu à porta de um mosteiro. Outro monge abriu a porta e perguntou para aquele que estava chegando: “De onde você vem?” O monge que chegava, respondeu: “Para onde você vai?” São duas perguntas: “De onde você vem?” e “Para onde você vai?” Então, eles sorriram, fizeram “Namastê” um para o outro e a porta foi aberta.

Qual é o sentido que isso tem para você? Qual é o sentido que isso tem para o senso comum? Dentro do contexto histórico de um mosteiro Zen, eu não venho de lugar nenhum e você sabe que eu venho daquele lugar de onde você também vem. Ou seja, ninguém vem, ninguém vai. Aquilo que você verdadeiramente é, não vem, nem vai para lugar algum. Aquilo está sempre no mesmo lugar e, por incrível que pareça, não é um lugar, é a ausência de lugar. 

segunda-feira, julho 2

as mãos cheias do vazio
















Eu sei que, na cabeça de cada um de nós, foi colocada a ideia de aperfeiçoamento, de perfeição, de aprimoramento, de limpeza, de sintonização, de equilíbrio... Mas já é o momento de sabermos que tudo isso o tem colocado na perspectiva de que é necessário prorrogar o seu despertar. Assim, desde sempre, seu despertar tem sido prorrogado para um outro momento, que não este.


Meditação significa não querer nada, significa estar exatamente aqui e agora, com as mãos vazias, sem nenhuma distração, sem nenhum desejo. É dar-se conta de que você tem tudo o que precisa e não existe nenhum outro momento a não ser este momento presente.


Se você começa a pensar no futuro, sente ansiedade, medo. Se pensa no passado, sente culpa. Nas dimensões de passado e futuro só existe a geração desses sentimentos. Você não consegue ficar em paz pensando no futuro, você não consegue ficar em paz pensando no passado, tampouco. Você fica em paz se não pensa em nada porque a natureza do aqui e agora é paz e independe do que quer que seja.


Por isso não pense a respeito do que estou dizendo, simplesmente ouça.
Você pergunta como chegar ao aqui e agora... mas como chegar a um lugar onde você já está? Este é um grande dilema. Você imagina que o aqui e agora não está acessível, que algo precisa ser feito, e, nisso, se perde em seus pensamentos.


Se pudesse olhar com total sinceridade e honestidade para os pensamentos, para os desejos - que são pensamentos ocorrendo na sua mente - como coisas sem importância com as quais não existe nenhuma necessidade de se incomodar ou fazer algo, o que lhe aconteceria?
Experimente!


Assim como um pensamento vem, vai. Ele não vem de lugar nenhum e some. Mas você tem um enorme apego: ou gosta do que pensa, ou não gosta do que pensa.


Porém, observe: você tem se devotado aos pensamentos, mas os pensamentos, em si, não têm o menor apego a você. Eles não são fiéis, não ficam com você para sempre – ou há algum pensamento que o acompanha desde o seu nascimento? Não, não há. Você tem colocado toda a sua energia em ser fiel aos pensamentos, em resolver os problemas deles, em fazer o que eles disseram ou em evitá-los como se fossem algo real.


Mas será que é preciso toda essa importância que você dá aos pensamentos, ou você pode desconfiar deles? O meu convite é que você desconfie de todos os pensamentos. Eu disse “todos”! Não apenas dos pensamentos ditos negativos, mas dos positivos também. Não pense e veja quem você é em total pureza e liberdade.