quarta-feira, outubro 31

do sucesso que nāo sucede


Se você pensa que é o "João" porque na sua carteira de identidade está escrito "João", lamento informar, mas você está enganado. Há muito mais por ser compreendido.

Satsang promove um mergulho para dentro. Isso porque as informações "João" e "21 anos" são externas a você, elas vêm de fora – e não significam nada, não são palpáveis. Por exemplo, verifique se você "sente" nesse instante que você tem "21 anos". Como acessou essa informação? A partir de uma experiência direta ou a partir de uma memória, de um cálculo que foi ensinado a fazer?

Seria muito interessante dedicar um pouco do seu tempo e inteligência à descoberta de quem você é originalmente. Ninguém tem essa resposta, ninguém pode te dar essa resposta. Atingir essa compreensão é o supra-sumo do sucesso. 

Se pensa que sucesso é ter um bom emprego ou estar bem casado, está mais uma vez enganado. Se quer ter sucesso na vida, descubra quem você é. 

segunda-feira, outubro 29

a turbulência e o preguiçoso


Quando a mente estiver emaranhada no velho vicio, dê-lhe uma "chupeta". A pergunta "Quem é você?" deve ser a sua melhor amiga. Mesmo num momento de turbulência, se você já se deu conta de quem você é, não só pode perguntar para si mesmo, como pode receber as ofertas feitas para que você desperte.

Por mais que tudo pareça perdido, quando você sabe quem você é, num mínimo instante, tudo desaparece. Tenha isso claro, e será "iluminador".

Participante – Exige um pequeno esforço, não é?

Não, não exige. Exatamente quando você não está fazendo nada, a Verdade É. Esforço é ficar metido na história sem fim e tentar resolver seus dilemas. Quando surge a pergunta "Quem é você?", e você aceita o convite da resposta que se instala imediatamente, que esforço é exigido?

Adorava quando Osho dizia que ele era o maior preguiçoso que o mundo já conheceu. Proponho o mesmo: não saia de "casa", não saia do seu Ser. As coisas são o que têm que ser, apenas observe. 

sábado, outubro 27

por isso o imensurável não tem tamanho














Você não pode ser nada do que esteja vendo: você é Aquele que vê. E você não pode ver a si mesmo, pois, quem veria? Aquilo que nós somos é imensurável, não tem como ser medido – nem na largura, nem no comprimento e nem na profundidade – por isso se chama “imensurável”. O Ser é imensurável, a Consciência é imensurável, o Silêncio é imensurável. No entanto, pode ser reconhecido, pelo fato de que essa seja a nossa realidade.

O objetivo de estarmos aqui é fazer com que você se encontre. Podemos chamar este encontro de fim da busca. Talvez pareça pretensioso, mas este é o único propósito. Existe uma série de mal-entendidos que têm sedimentado a sua busca. Em Satsang, a única meta é que você saiba quem você é. E não estamos falando de quem você pensa que é, mas de quem você é, em realidade.

O que está sendo dito coloca em xeque tudo aquilo que você tem acreditado. Penetre o mais vertical possível nessa questão. Na verdade, entregue-se ao ponto do xeque-mate – nesse "jogo" vence aquele que morre, em nosso contexto, aquele que para de pensar a si mesmo como uma entidade separada, como um “eu” isolado. Vislumbre a Unidade como realidade e assuma a realização de ser a Observação, Aquilo que vê, onde tudo acontece.

quinta-feira, outubro 25

além disso e daquilo

















A mente tem um condicionamento que impossibilita muita coisa e hoje gostaria de elaborar isso. 

Depois de Jesus, no universo católico, vem o papa. Depois do papa, tem o cardeal, depois do cardeal, tem o bispo, depois do bispo tem o arcebispo, depois vem o padre, o coroinha... e lá no fim dessa cadeia está você. Essa ordem hierárquica não está somente na igreja. No hospital tem o médico e entre o médico e você tem uma gama de patentes. No exército tem o almirante, depois o general, depois o coronel, depois o tenente, o subtenente, o sargento, o subsargento, o cabo, o soldado e, então, você.

Você está no fim de todas as hierarquias. Sempre há alguém maior. Pragmaticamente, isso implica numa grande impossibilidade, porque toda a visão que decorre dessa estrutura ocorre em termos de níveis, de alturas, de graus, de estrelas. Este é o condicionamento herdado e, por este motivo, é “natural” que hajam dúvidas a respeito de “onde” você se encontra.

Quando convidado a ver aquilo que você é essencialmente, a mente reproduz aquilo que aprendeu e logo surge a questão: em que nível será que estou? Quando chegarei “lá”? Eis a impossibilidade de confrontar que aquilo que você é, aquilo que você vislumbra como um “lá” inalcançável, esteja exatamente aqui, exatamente agora.

Esta compreensão só é possível se você se permite colocar de lado, ainda que por um breve instante, todo o condicionamento herdado. Arrisque e veja. E, ainda que fugaz, este vislumbre deve ser extremamente valorizado. 

Há um “você” que tem nome, forma, passado e futuro e está sempre no fim da hierarquia ou oprimido entre isso e aquilo. O “você” que Satsang revela está totalmente fora de qualquer nível, não há sequer uma dimensão onde ele exista. Ele é, na verdade, aquele que vê e cria a dança dos objetos em quaisquer que sejam as dimensões imaginadas ou vislumbradas como reais.

quarta-feira, outubro 24

as flores não pensam e a mente amarela


















Participante – Tem uma coisa me atormentando... Não entendo porque essas flores precisaram ser arrancadas para estarem aqui, num vaso.

Se algo pode ser feito quanto ao seu problema, deve ser feito, mas não crie um drama. Se parte do objetivo e passa para o universo dramático, você começa a sentir coisas que não estão presentes. É a sua relação com o objeto que está gerando tormento. E a sua relação com o objeto está sendo guiada pela sua mente.

Eu olho para essas flores e não sinto dor alguma. Aliás, a própria ideia da flor sendo arrancada é conceitual. Sem compreender isso, você ficará apegada ao conteúdo da sua mente. A mente reforça: “A flor foi arrancada. Isso não deveria ter acontecido!”. Mas, quer saber? Vou contar a verdadeira história a respeito dessas flores... Elas se apresentaram e disseram: “Queremos ir ao Sitio Leela, nos leve ao Satsang”. E aqui estão elas, presentes, ouvindo muito mais silenciosamente que você. Até notei que quanto mais Silêncio, mais amarelas elas ficam. Elas não se pensam.

Em algum momento já propus e não haveria melhor momento para reforçar: desantropocentrifique-se! Você não é o centro do Universo. No entanto, a mente é o centro de todos os seus problemas e você tem sido extremamente fiel às propostas dela. Acorde!

terça-feira, outubro 23

atrás do espelho e o reflexo














“Quem sou eu?” é a nossa única questão. Aqui, portanto, proponho não que encontrem a resposta, mas que tenham a “visão”. Não há uma resposta, há um “ver“. Não se trata de uma resposta com palavras ou de um entendimento intelectual. Se trata de uma visão. Porém, uma visão que não depende dos seus olhos (e nem de nenhum outro sentido).

Até esse presente instante, você tem vivido e experienciado o mundo através dos seus sentidos. Tire tudo da sua frente e veja diretamente quem você é. Encare isso como um apontamento e vá nessa direção. Esqueça os conceitos e vá direto ao ponto.

Estou compartilhando a partir da minha própria visão, agora siga as placas e veja o que está sendo apontado. Minha alegria está em compartilhar essa realização, em ver você “vendo”.

Diga-se de passagem, estamos fadados ao sucesso, porque o que tenho pra te revelar, você já sabe intimamente, o que tenho para te dar, você já tem. Você já é você! Todo o meu trabalho está em relembrá-lo, em promover um retorno a Isso.

Vivemos dentro da nossa cultura de uma forma refletida! Nos refletimos nos outros, refletimos a nossa existência. E uma experiência refletida é secundária, não é uma experiência direta de quem somos, é indireta. E as pessoas sofrem porque vivem de acordo com o reflexo. Esta é a boa nova: o reflexo não é você. Você não é o seu reflexo! Você não é aquilo que é refletido, você é aquilo que está atrás do espelho.

segunda-feira, outubro 22

verdade é beleza

















Satsang propõe um aquietamento que nos acomoda no ambiente do não-saber. Sei que é uma proposta cruel, mas todo o seu intuito deve estar em não repetir aquilo que te disseram.

Veja: chamam de “educação”, mas a verdade é que fomos para a escola para aprender umas quantas coisas absolutamente inúteis. Decoramos onde fica a Tanzânia, qual a capital da Polônia, quantos habitantes tem Paris –como se a população dos países não mudassem. Hoje temos uma vantagem, se queremos saber qualquer coisa, consultamos o Google, e o nosso cérebro está liberado de um monte de besteira, memórias desnecessárias, podendo ser usado de uma maneira muito mais proficiente, para o que importa.

Porém, o sistema estabelecido se mantém e recria as suas formas de manutenção. Uma delas, e talvez a mais potente, é a repetição. Até dizem por aí que “De tanto repetir uma mentira ela vira verdade”. Isso que aprendemos que é um livro, por repetição, de verdade, não sabemos o que é.  E é fundamental desprender-se da ideia de que as coisas são os nomes das coisas. O nome não importa, é apenas uma convenção.

Você não sabe o que é isso ou aquilo, você só repete o que os outros disseram. O mesmo podemos dizer quanto a você. Você se relaciona com um “você” que foi repetido desde sempre. Assim, pondere: sem repetir que você é uma pessoa, um corpo, uma mente, um homem, uma mulher, ou o que quer que seja... Quem é você?

Meu interesse é que você nem mesmo repita o que estou dizendo. Por mais bonito que seja o que estou dizendo, você é muito mais bonito. Aquilo que você é, é pura beleza. Mergulhe para dentro de si mesmo e veja, nenhuma palavra ou sentimento pode definir. Aproxime-se e, primeiro veja, depois seja quem você é. 

domingo, outubro 21

na intimidade do silêncio


















Um discípulo pergunta ao mestre Zen, chinês: “Qual a verdade de Buda?” Que responde: “Não saber e não atingir”.

Pondere brevemente...

A mente tem metas a atingir, inclusive a meta de conhecer a si mesmo. É de tamanho contrassenso, para a mente sistemática cartesiana, a proposta de que você tenha que largar inclusive a meta de descobrir quem é você. Este é um paradoxo que você deve encarar e vivenciar, se está levando a sério o encontro com a Verdade.

O monge pergunta: “Qual a verdade de Buda?” A verdade de Buda é não atingir , não atingir, não atingir, não atingir, não saber, não saber, não saber, não saber. Fica a dica! O primeiro passo para saber quem você é, é ver que você não tem a menor ideia a respeito de nada. Tudo o que você “sabe” não passa de uma repetição, vinda do passado, experiência ou não.

Acomode-se... torne-se íntimo do Silêncio. Dedique um pouco do seu precioso tempo a não saber absolutamente nada. Não importa que os outros queiram saber o que você está “aprendendo” aqui. Deixe-os! Fique em paz com o fato de que saber quem você é não tem nada a ver com o que a mente faz ou deixa de fazer.

Portanto, fica a dica: não atingir, não saber. Se preciso, faça disso um exercício e aos poucos note que não saber é uma preciosa chave para a satisfação. A mente tenta se sobrepor, por hábito, e você permanece cada vez mais fundo no “não saber”.

quinta-feira, outubro 18

a realidade das nuvens no céu


As pessoas confundem autoconhecimento com um balanço do passado, com uma espécie de maneira perfeita de lidar com as situações. Mas isso não tem nada a ver com você, não tem nada a ver com o verdadeiro autoconhecimento. A verdade é que o autoconhecimento desprende você dos acontecimentos. As nuvens não são o céu.

Toda a brincadeira consiste em convidá-lo a olhar para dentro. Não importa quantas vezes você tenha ouvido isso, este movimento é eterno – eterna vigilância. Não tem outra maneira, olhar para dentro é a eterna vigilância.

O chamado para o lado de fora é imenso e muito poderoso, aparentemente.  Olhar para dentro desmistifica essa realidade que você comprou como verdade, e é por isso que tão poucos encaram tal proposta. Olhar para dentro revela a chamada "realidade" como ilusória, passageira, nuvens, e nisso, todos os valores passam por uma revisão.

Portanto, olhe para dentro, de novo, de novo e de novo. Até que você, como consciência, esteja tranquilamente assentado, indubitavelmente acomodado na realidade do Ser, da Consciência que você é. O céu no céu e as nuvens passam, na sua dança ora branca ora negra.

Veja: é muito sutil. A mente apreende a ideia de que você não deve ter dúvidas e elabora um sistema que repete "Já sei tudo! Não tenho dúvida alguma". Mas não estamos aqui para você entender algo, não ter dúvida não é não ter dúvida. O nosso propósito é perder, perder todos os conceitos, desprender-se de todos os acontecimentos e habitar o dentro como realidade. E dentro do céu tudo é possível.

terça-feira, outubro 9

a vida não-sei


O que é isso?

Participante – Em primeira análise, seria um livro.

Ok, vamos então para a segunda análise.

Participante – Um monte de folhas organizadas de forma...

Não sei se você se deu conta, mas quando você falou que isso era um "livro", de onde tirou essa informação?

Participante – Do que a minha cultura me ensinou que era.

Ok, e a sua segunda análise a respeito "disso", de onde veio?

Participante – É como um rebusque, uma análise-brincadeira.

Mas vem do mesmo lugar.

Participante – Sim, do mesmo lugar.

O convite é abrirmos a capacidade, a disponibilidade de ir o mais fundo possível. E, na verdade, o mais fundo não está distante, está muito perto, inclusive na superfície. Então, agora, vamos à terceira análise. O que é isso?

Participante – É algo que você quer que eu olhe e pense além daquilo que...

Hum... Vamos à quarta análise, então.

Participante – Continua sendo análise.

Sim, continua sendo. Vamos à quinta análise. Veja bem, sem associar esse objeto com o que quer que seja que você tenha recebido no passado, a respeito dele, o que é isso?

Participante – Nada. Ou melhor, isso ainda é uma análise. Não sei, então.

Isso! "Não sei" é o nosso ponto de partida. Se você não repete o passado, você simplesmente não sabe. Agora note como é repousar nesse "não sei", por um breve segundo que seja... De repente, o que é o mundo? Quem é você? Quem é sua mãe? Onde está seu marido? Veja se essa visão promove aquietamento e acomode-se nisso. Acomode-se nesse ambiente chamado "não sei" e veja a vida desabrochando espontaneamene à sua frente.

segunda-feira, outubro 8

o indescritivelmente simples


"Quem sou eu?" – É fato que se jogarmos essa pergunta de uma maneira geral, receberemos descrições de objetos e histórias. Satsang, no entanto, propõe que  ultrapassemos a história.

Desvie da descrição e veja exatamente o que está por trás dela. Veja que você é Aquilo que tem consciência de todos os eventos, muito antes da descrição. É de uma simplicidade atroz, e ao mesmo tempo, paradoxalmente, de grande complexidade. Esteja aberto.

A grande maioria das pessoas teme o confronto com a verdade porque não querem perder a noção de "eu", não querem se deparar com o fato de serem "nada". Isso faz com que o "ser humano" – muito precariamente – se apegue a coisas sem a menor significância.

É por esse motivo que honro que você esteja aqui e seria de muito bom tom que você honrasse também. O confronto com a Verdade deve ser altamente respeitado. Uma vez diante da Verdade revelada em Satsang, a vida passa a ser um grande convite à entrega. Tudo pode ser uma alavanca para acionar o rompimento com a descrição, com o pensamento.

Permita-se olhar para o mundo além das descrições. Primeiro elabore isso com os objetos mais distantes, depois com sensações e pensamentos, até chegar nisso que você chama de "você". Quem é você, além das descrições?

sexta-feira, outubro 5

o não-lugar chamado dentro


Você quer manter o domínio de certos conceitos, e até propõe que os seus conceitos sejam os mesmos que os meus. No entanto, o convite aqui é que você se afaste dos conceitos, mesmo os mais incríveis. Porque, se você puder se afastar, o próprio afastamento representa o aparecimento daquilo que é verdadeiro em você.

Se você se afasta dos conceitos e se aproxima do silenciamento, está se aproximando da Verdade, d'Aquilo que você é.

Satsang não propõe domínio de conceitos nem domínio de prática. Quando digo que você deve "praticar" a sua atenção no lugar certo, corro um sério risco de ser mal-compreendido, pois a mente tende à interpretar à sua maneira.

Na verdade, se trata de uma mudança de foco muito sutil. Enquanto você se envolve com o corpo, a mente e as emoções, você é "alguém" que tem um nome, uma idade, um sexo, uma nacionalidade, um marido, uma profissão. E não há problema com isso, exatamente. Porém, você não pode encontrar a si mesmo nesse terreno. Se seu objetivo é ver a si mesmo, tem que olhar para um outro "lugar" que costumo chamar de "dentro", na verdade um não-lugar.

A maioria das pessoas estão envolvidas com os sentidos, elas se ocupam ou em parar de sentir o que não gostam ou em manter aquela sensação que gostam. Este é o dilema da humanidade e veja quanta energia é desprendida com isso. Falemos de tirania... Você não consegue dar liberdade nem para os seus pensamentos e sentimentos, o que dizer a respeito de libertar-se de si mesmo? Diga-se de passagem: esse "si mesmo" é formado pelos pensamentos e sentimentos.

Tem um lugar em você que não é acessado pelos pensamentos nem pelos sentimentos. E, saiba, estou chamando de "lugar" apenas para empreender um diálogo. Mas, na verdade, você se liberta dos conceitos quando para de olhar para o lado de fora, para aquilo que aparece aos sentidos. 

quinta-feira, outubro 4

a vela e a atenção desfocada
















Se você pretende conhecer a si mesmo, uma prática de foco deve ser feita, ao menos no começo. Isso porque o lado de fora é muito potente, ele chama a sua atenção o tempo todo. E a sua atenção se volta para o lado de fora porque existe um grande compromisso com aquilo que o senso comum chama de “realidade”.

Você tem um compromisso com o lado de fora inclusive por ter comprado a ideia de que se não estiver focado no lado de fora um caminhão pode passar por cima de você, enquanto estiver atravessando a rua.

Mas a verdade é que, estando pousado na Consciência que você é, na Atenção que você é, há cuidado não somente quanto à manutenção desse sistema corpo-mente, como sua presença  ilumina também o caminho por onde você passa – assim como uma vela, que ilumina a si e ao ambiente ao seu redor.

Portanto, remova os desgastes, remova aquilo que não alimenta a Atenção que você é. Você está há 10 anos focado em “ganhar dinheiro”. Pondere: se isso não aconteceu até agora, apesar do seu foco, tem algo errado. No mais íntimo, você não precisa de dinheiro. Mas se você acredita que precisa, existe um problema criado. É bem possível que quando você se der conta de que não precisa de dinheiro, o dinheiro passe a precisar de você.

Veja onde está a sua atenção e comprometa-se com a atenção desfocada, com aquilo que chamamos de “Observação”. Lembre-se quando a atenção está desfocada, está no centro, dentro, está em nenhum lugar em particular e simultaneamente em todos os lugares.

quarta-feira, outubro 3

o ruído da lâmpada apagada não é silencio
















Vamos traçar o seguinte paralelo... Digamos que você tenha uma lâmpada, que você não sabe que você tem e que você nunca acendeu. Você chega aqui completamente inconsciente de que essa lâmpada existe, sem noção nenhuma a esse respeito. De repente, recebe a informação de que você tem uma lâmpada. Pergunto: muda alguma coisa a simples informação de que você tem uma lâmpada? O ambiente em que você se encontra fica iluminado com a mera informação de que você tem uma lâmpada? Não.

Decorre da informação inicial, algumas pertinências. Você deve começar a se questionar e compreender melhor: o que é uma lâmpada? Onde ela se encontra? Eu tentarei te mostrar onde ela se encontra. Você a procura atrás de si, do lado, do outro lado, embaixo, em cima... Até que, contente que você não tenha desistido de encontrá-la, revelo que você é a lâmpada.

Bom, o primeiro passo foi dado, a lâmpada foi encontrada. Mas, imediatamente, você constata que ela está apagada. Sim, você é a lâmpada. Mas, ainda, uma lâmpada apagada. Você chegou até aqui, mas precisa ir além. Afinal, do que adianta uma lâmpada apagada?

O que acontece é que você descobre que é uma lâmpada e sai por aí “postando” a esse respeito: “Eu sou a lâmpada!” Imediatamente o Facebook e o Twitter ficam cheios de “lâmpadas” e todos conversam a respeito de ser uma lâmpada, mas o que ninguém se dá conta é que a lâmpada da qual estão “falando” ainda está apagada.
“Como acender a lâmpada?” é o derradeiro passo. E para descobrir isso, primariamente, você deve deixar de dizer “Eu sou a lâmpada”.

Agora, uma seta: o combustível que alimenta essa lâmpada é Atenção. Você tem a lâmpada e o combustível. O que fazer para que a lâmpada entre em combustão? Volte a atenção para a lâmpada, para a luz que você é, ao invés de manter-se focado no lado de fora. 

terça-feira, outubro 2

saber e desaprender
















O que te traz aqui?
Participante – A busca pelo conhecimento.
O que você quer conhecer?
Participante – Quero conhecer mais a mim mesmo.
E o que você sabe de si?
Participante – Estando aqui, me ocorre que não sei muito, preciso aprender.

Pois estou aqui para compartilhar que este encontro não propõe que você aprenda algo. Se você se deu conta que não sabe muito, eu gostaria que fosse além e não soubesse absolutamente nada. Você deve, inclusive, abandonar a ideia de que ainda tem muito o que aprender.

As pessoas vivem este paradigma, crêem que acúmulo de conhecimento é sinal de riqueza, que quanto mais você souber, melhor. Sim, a respeito do seu meio de “ganhar pão”, o ideal é que você saiba mais. Se você é um padeiro, não será um bom padeiro sem saber nada a respeito de pães.

Então é comum que a mente faça um paralelo entre saber a respeito de fazer pão, saber a respeito de engenharia, saber a respeito do que quer que seja, como sendo o mesmo que saber a respeito de Si. Você pensa que se trata de um acúmulo, que com o tempo saberá mais e mais a seu respeito. Mas isso não é verdade. Se fosse verdade, todos os velhos que já caminharam por um tempão saberiam de Si. Porém, o que sabem? Você mesmo, provavelmente já caminhou bastante, e o que sabe?

A ideia que nos é imposta, é que saber a respeito de si é saber a respeito dos comportamentos, das ações, das reações, dos sentimentos e dos pensamentos que nos cercam. Com isso, um grande tempo é perdido tentando controlar ou ter o domínio desse ambiente. Você acredita que quanto mais controlar o seu comportamento e os seus pensamentos, mais irá se dar bem. Isso faz sentido, se você dirige um carro. Quanto mais souber a respeito de dirigir um carro, quanto mais prática tiver, melhor.

Dirigir um carro implica ter controle, ter prática, ter conhecimento. Mas, a respeito de Si, isso não tem o menor valor. Você pode saber relativamente bem a respeito do seu corpo e do funcionamento da sua mente – isso é básico – mas, ainda assim, não é saber a respeito de Si. Para iniciarmos nosso encontro, é preciso ficar claro que saber a respeito de si não tem nada a ver com saber a respeito ou controlar o corpo e a mente. 

segunda-feira, outubro 1

soberano silencio


Osho costumava dizer que somos o imperador e vivemos como mendigos. Sabe o que isso significa? Alienados à nossa verdadeira natureza, consumimos a mentira como realidade, enquanto a Verdade nos revela que tudo e todas as coisas acontecem dentro daquilo que somos.

Para chegar ao ponto final, ao centro, é preciso perder todos os conceitos. Os velhos conceitos devem ser investigados e uma nova realidade nasce diante dos seus olhos. Uma realidade, agora, pautada no Silêncio como Verdade.

O campo magnético da mente é muito potente. Você vislumbra a natureza do buda e logo em seguida a mente investe em te puxar de volta ao conhecido. Isso acontece facilmente porque toda a humanidade está vibrando magneticamente nessa mesma frequência – não tem ninguém fora da mente, todos vivem na mente, mentindo. Mas, veja: é tudo mentira! Maya.

Que idade você tem? Pondere e permita o surgimento de uma resposta original, livre de qualquer conteúdo apreendido. O Silêncio leva a mente à nocaute, sem dó, nos primeiros segundos do primeiro round. Ela tentará se levantar, mas o Silêncio é soberano, ele é o imperador. Persista.

A mente é o único empecilho para que você realize quem você é. Veja, compreenda bem, não é verdade que ela o impede de ser Consciência, ela o impede de realizar Consciência como sua verdadeira natureza. Enquanto você olha para a ditadura da mente como realidade, deixa de apreciar a Liberdade do Ser como única Verdade.