A mente tem um condicionamento que impossibilita muita coisa e hoje gostaria de elaborar isso.
Depois de Jesus, no universo católico, vem o papa. Depois do papa, tem o cardeal, depois do cardeal, tem o bispo, depois do bispo tem o arcebispo, depois vem o padre, o coroinha... e lá no fim dessa cadeia está você. Essa ordem hierárquica não está somente na igreja. No hospital tem o médico e entre o médico e você tem uma gama de patentes. No exército tem o almirante, depois o general, depois o coronel, depois o tenente, o subtenente, o sargento, o subsargento, o cabo, o soldado e, então, você.
Você está no fim de todas as hierarquias. Sempre há alguém maior. Pragmaticamente, isso implica numa grande impossibilidade, porque toda a visão que decorre dessa estrutura ocorre em termos de níveis, de alturas, de graus, de estrelas. Este é o condicionamento herdado e, por este motivo, é “natural” que hajam dúvidas a respeito de “onde” você se encontra.
Quando convidado a ver aquilo que você é essencialmente, a mente reproduz aquilo que aprendeu e logo surge a questão: em que nível será que estou? Quando chegarei “lá”? Eis a impossibilidade de confrontar que aquilo que você é, aquilo que você vislumbra como um “lá” inalcançável, esteja exatamente aqui, exatamente agora.
Esta compreensão só é possível se você se permite colocar de lado, ainda que por um breve instante, todo o condicionamento herdado. Arrisque e veja. E, ainda que fugaz, este vislumbre deve ser extremamente valorizado.
Há um “você” que tem nome, forma, passado e futuro e está sempre no fim da hierarquia ou oprimido entre isso e aquilo. O “você” que Satsang revela está totalmente fora de qualquer nível, não há sequer uma dimensão onde ele exista. Ele é, na verdade, aquele que vê e cria a dança dos objetos em quaisquer que sejam as dimensões imaginadas ou vislumbradas como reais.
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