segunda-feira, outubro 21

o falso é imaginado


Rádio Universitária – Esse encontro [Experiência Zero] acontece numa conversa? É através do quê? Como se dá o encontro?

Satyaprem – Se dá como estamos fazendo agora. Conversando.

Rádio Universitária –  Dessa forma?

Satyaprem – Exatamente. Nós vamos conversando, você se abre e fica claro para você que estamos indo de encontro às suas crenças. Tudo aquilo que você imaginava pode ser só imaginação. E, em verdade, é tudo imaginação. E o seu Ser não é imaginado, não pode ser imaginado, nem tem como imaginar. Ou você O vê como Ele é, ou você fica imaginando coisas que não têm nada a ver.

Rádio Universitária – Se nós vivemos nesse mundo da imaginação, e milhões de nós, no mundo inteiro...

Satyaprem – Estão imaginando...

Rádio Universitária – Isso. E aí, como é que fica para viver?

Satyaprem – Eu que pergunto a você: como é que você pode fazer essa pergunta se você está vendo o mundo do jeito que está? O conflito existe porque nós imaginamos uma série de diferenças. Por exemplo, por que Israel está brigando com a Palestina? Porque eles imaginam-se diferentes uns dos outros. Essa imaginação cria conflito. Então, a sua pergunta deveria ser o reverso. Você deve se perguntar o seguinte: como você pode querer continuar vivendo imaginando coisas, se essa imaginação só nos leva à destruição, à discórdia, ao conflito? Reverta a sua pergunta e faça ela para você mesma. E você me responde...

[Risos]

Satyaprem – Responda-me agora: como é que podemos continuar imaginando? Está na hora de pararmos de imaginar e começarmos a Ser, de verdade. E nesse "Ser" cria-se um ambiente completamente seu. Ser é paz. Ego é discórdia, ego é conflito. E veja só: tem uma ideologia por trás disso. A ideologia psicológica ocidental diz que: "você não pode concordar com todo mundo". O que está implícito nisso inconscientemente? Que você tem que discordar de todo mundo, necessariamente, para ser você. Em Satsang, você ser você significa exatamente concordar com todo mundo, porque todo mundo é você, você é idêntico a todo mundo. Então, existe um reverso aqui. Assim, eu te faço uma pergunta: como você quer continuar vivendo num mundo imaginado que cria tanta destruição, tanta desigualdade?

Rádio Universitária – É mesmo, não é?! E eu vou saber te responder?

Satyaprem – Não sei. É exatamente assim que começa "A Experiência Zero". Nós temos crenças... E, veja só, para construir uma casa eu não posso começar pelo telhado, tenho que começar pela fundaçãose e, se a fundação não estiver correta, a casa não vai ficar boa nunca. Ela vai estar sempre caindo. É assim que estamos... As nossas casas estão sempre caindo.

O que eu fico refletindo é que ficamos imaginando que somos diferentes uns dos outros, mas, na verdade, isso não existe dessa forma. E há uma tendência hoje alardeada, por sinal, sobre as diferenças. Tem essa imaginação que é ruim, que leva à guerra, aos conflitos e isso tudo. E tem também o outro lado que é fazer uma propagação disso como uma coisa boa. Quer dizer: "Nós somos diferentes, portanto, isso é uma coisa muito boa". E onde repousa a sua diferença de mim? Repousa no conteúdo da sua mente, no conteúdo das suas experiências. E essa diferença é falsa, ela é imaginada.

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