terça-feira, julho 17

a morte do velho


Satyaprem, como você enxerga o mundo daqui para frente? Você tem uma visão otimista sobre o futuro da humanidade?

Essa pergunta me faz sorrir. É como um convite a imaginar, essa faculdade da mente, que tanto sofrimento traz. O mundo, se estamos falando da terra, este planeta que flutua leve nesse imenso vazio celeste, como um organismo como qualquer outro na existência, terá um fim, uma morte se você preferir. É claro que nesse instante esse organismo está sofrendo de um ataque viral, humano, muito agressivo, que talvez, se continuar assim, encurtará sua vida.

Nesse sentido, há necessidade do humano reinventar-se ou redescobrir-se, reconhecer-se no seu mais profundo, além das formas e dos nomes para uma ação curativa na terra ocorrer. A probabilidade de que isso aconteça é ínfima. Pois o processo em termos descritivos seria como um processo autodestrutivo. O ser humano, tal como está condicionado a pensar-se, precisa morrer para que o novo possa nascer. Enquanto o ser humano mantém essa estrutura intacta age como um vírus, com nenhuma consciência de que sua vida depende do hospedeiro, levando-se a sua aniquilação conjunta.

De uma certa maneira o futuro da humanidade, essa abstração, está com os dias contados. Mas ouso dizer que existe possibilidade de um novo ser humano, individual, indivisível, nascendo deste fim eminente. Um ser que transcende o pessoal, que é guiado pelo silêncio enquanto Consciência. Um ser celebrativo, imerso no agora, sem compromisso com o tempo e a mente..



Trecho de entrevista concedida ao Jornal Em Aquarius, Porto Alegre, 2009.

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