quarta-feira, maio 29
terça-feira, maio 28
na nave do silencio, quem é você?
sábado, maio 25
o crepitar do fogo e o desassossego do crente
quinta-feira, maio 23
o eloquente e silencioso discurso do fogo
Um dia perguntaram a Picasso, enquanto ele pintava um quadro: "Qual é a significância disso?" Ele voltou-se para aquela pessoa, numa espécie de estupefação, e disse: "Vá até o jardim e quando o pássaro cantar, pergunte-o qual o significado do seu canto. Se ele te responder, eu me comprometo em preencher tal lacuna".
Toda a confusão está em dar significância. Quem é esse que precisa de significância? A aquietação da mente não é um ato, é uma compreensão, um dar-se conta. É dar-se conta da ilusão. E, não só isso, é ver que também aquele que está vivendo a ilusão é uma ilusão.
O que está acontecendo agora? Para qualquer lado que você for, tentando responder, necessariamente, terá que acreditar na mente. E todo o papel da Verdade é mostrar o equívoco. Não tem nada acontecendo. Você deveria estar grato exatamente agora. Por nada.
O mundo conhecido como realidade é apenas uma descrição da mente, que não existe agora. Ela fica descrevendo, descrevendo... E você fica acreditando, acreditando... Quem acredita? Aquele que você pensa que é, acredita. Você é uma criança que acredita no Papai Noel.
Desde pequenininho te apresentaram: Chupeta. Coelhinho. Você. No começo você não acreditava, mas aquilo se tornou tão consistente na sua insistência que você sucumbiu: Ok! Eu, tu, ele, nós, vós... E agora é necessário um trabalho de desconstrução. Parece longo, árduo e complexo. Mas, de verdade, implica simplesmente em ver que pensamentos são pássaros passando. Você não precisa segui-los. Você os vê. Você apenas os vê. Mas se perde porque segue o pássaro. Você segue o pensamento. E seguir um pensamento desencadeia uma procriação de pensamentos ainda mais complexos. E, quando você menos percebe, está precisando de um mapa, de uma bússola, de um GPS.
Aonde você está indo? O primeiro pensamento que você segue é que você seja "alguma coisa". O primeiro pensamento é pensar que você "é" – que mentira! Sim, porque se você "é", você é "alguma coisa". E se você é alguma coisa, você "faz alguma coisa" e assim segue...
quarta-feira, maio 22
a mente do personagem na mente do personagem e vice-versa
Esse é o seu papel agora: descobrir quem é esse que quer saber. E que diferença faria se você soubesse?
terça-feira, maio 21
a complexa inflexibilidade tirânica da mente ou umas gotas de clareza
Sócrates terminou aqui: "Sei que nada sei". E nós estamos começando nisso. Você é feliz ou triste? Responda "Não sei", por favor! Responda "Não sei" e veja como isso é muito melhor do que entrar em qualquer discussão baseada no que você pensa.
É óbvio que, dado o contexto, você escolhe umas memórias e não outras. E a isso você chama de "realidade". No entanto, se você tomar uns dois copos de whisky, vai mudar completamente a sua forma de pensar. Um chá de cogumelo vai alterar mais ainda. E umas gotas de clareza, então? Muda tudo.
Só te resta rir. De repente você se pega rindo do seu guarda-roupa. "Quem foi que comprou aqueles troços?" – você há de se perguntar em algum momento. "E aquele quadro ridículo?"
A descoberta de si desperta o bom humor – isso é presença. Às vezes ouvimos alguém dizer "esse cara tem uma presença de espírito". É isso! Presença. Totalidade.
Comece a examinar tudo o que a mente interpõe entre você e as coisas com atenção. Se não usar o que a sua mente diz, você tem resposta para o quê, exatamente? Tudo o que você sabe é a sua mente que sabe.
Os seus olhos são um instrumento para ver os objetos, isso é científico. Agora, quem dita que o objeto que você está vendo é isso ou aquilo é o seu contexto cultural, aquilo que você aprendeu.
Essa estrutura é tão tirânica que, a menos que você se torne um pouco mais flexível, não existe a menor chance de se dar conta que você é algo muito maior do que essa fração mínima que você insiste em chamar de "eu".
domingo, maio 19
livre do desejo de ser livre
Estamos migrando de um ambiente limitado, constrito, tenso, cheio de preocupações, para um "ambiente" de pura expansividade. Aqui não estamos falando nem em "ser livre". Estamos falando da liberdade, ela mesma.
Aquele que deseja ser livre é um equívoco. Ele quer ser livre do reflexo, mas só é possível se libertar do reflexo se libertando daquele que projeta a imagem. Sem a projeção, nenhum reflexo existe. Não tem o outro.
Junto a essa percepção, note que toda a complicação, toda a preocupação, toda a limitação é imposta por este sujeito-reflexo chamado "ego" e tudo o que decorre dele.
Para a grande maioria das pessoas esta compreensão é inatingível. Elas acordam e vão dormir pensando em si, naquilo que elas pensam ser. Entretanto, para autodescobrir-se você precisa esquecer de si, voluntariamente. livre daquele que deseja ser livre, a liberdade pura e simples.
quinta-feira, maio 16
cuidado com o corpo
Cuide do corpo, porque está nas suas mãos fazer isso. Mas, saiba: todo o cuidado deve ser moderado. Faça-o com inteligência. O cuidado é relativo, porque o corpo já foi desenhado para funcionar por si. Você não precisa respirar por ele. Aliás, o maior cuidado que você pode exercer sobre o corpo está em não atrapalhar.
Tudo estaria funcionando muito bem se você não cometesse tantos enganos, tantos abusos. Então, não esqueça: você não precisa fazer nada. O corpo se alimenta, o corpo descansa, o corpo digere, o corpo respira... O seu trabalho, nesse sentido, é mais uma questão de respeitar as condições naturais desse sistema, desse mecanismo.
Leve-o para passear, dê-lhe um bom banho, alimente-o e deixe-o descansar. Cuide do corpo! Mas mantenha uma certa distância. Aliás, essa é a verdade: você é a Observação de todos os acontecimentos, inclusive desse acontecimento chamado "corpo".
Isso é o que deve estar claro: independente de qualquer movimento do corpo, a Consciência que você é, a Observação, permanece intacta. Você não é o que você come! Você não é nem o seu corpo, quanto mais o que ele come. Nenhuma norma contém a verdade a respeito do seu Ser.
Isso me lembra uma piada...
Manoel foi mandado ao espaço com um grupo de macacos. Já no espaço, a torre da NASA faz um primeiro contato com Manoel:
– Então, Manoel? Como está tudo aí?
– Ora, Pa! Está tudo bem. Todos cumprindo suas funções.
– Ok, Manoel. Espero que continue assim: alimente os macacos, limpe os macacos, mas não toque em nada!
terça-feira, maio 14
nos lábios do silencio
sábado, maio 11
o silencio sobrevive à morte
Participante – Satyaprem, noto aqui com você que qualquer pergunta perde o sentido.
Sim, perde. E é para isso que este encontro acontece. No momento em que as fichas começam a cair e esta observação se torna verificável, observável como fato, como realidade, o que acontece com as perguntas e todas as suas inquietações?
Participante – Desaparecem.
Não há inquietação, só paz. Essa é a essência do seu Ser. De repente brota uma vontade de chorar, uma vontade de dançar, de rir... De repente você vê como tudo é tão vasto e lindo. Onde você estava com a cabeça? Durante todo esse tempo o mundo te forçou a olhar para outra realidade, a realidade dos sentidos. Agora se abre uma nova porta.
Disseram para Sócrates, no momento de sua morte: "Você está condenado a morrer". Ao que Sócrates respondeu: "Vocês também" – com imensa tranquilidade. Ele estava morrendo e dizia: "Os meus pés estão dormentes, não mais os sinto. Mas quem eu sou continua intacto, o mesmo. Agora, não sinto mais as minhas pernas. Mas quem eu sou continua intocado, perfeito. Os meus braços e mãos estão dormentes e daqui a pouco o meu coração vai parar, mas quero que vocês saibam que quem eu sou continua intocado, total".
Isso é Presença. Isso é totalidade. Isso é plenitude. Esta é a realidade para a qual Satsang nos convida. Posto o equívoco à prova, o que fica? As perguntas desaparecem. Os ruídos desaparecem. Mantê-los intactos é o único impedimento para ver quem você é. Assim que, sem enganos, o que fica é o Silêncio. Virgem. Intocado. Do qual Sócrates estava falando. E é a isso que me refiro.
quinta-feira, maio 9
entre um silêncio e outro, silêncio.
Participante – O Silêncio é a resposta para tudo?
Lembro a frase do Osho: "Silêncio é a resposta".
Participante – Então, por que faço a pergunta "Quem sou eu?"?
Para saber quem você é. Para saber que você é o Silêncio.
Participante – Mas como vou ficar totalmente em silêncio, se a minha mente...
Você não vai ficar totalmente em silêncio. Você faz essa pergunta por não saber quem você é. Por isso a importância em descobrir quem você é. A primeira coisa básica é saber quem somos. Quando você souber quem você é, muitas das perguntas que você está fazendo serão irrelevantes, você saberá que elas não fazem sentido.
Você é Silêncio e Silêncio é singular. Não existem dois Silêncios. Ele não pode ser medido. É imensurável. Silêncio é tudo o que existe. Silêncio é o seu Ser. Os ruídos, sim, estes são plurais. A imagem que você tem de si é um dos ruídos.
Pensar que você pode e tem que ficar em silêncio é um engano preservado pela mente. Este é o grande mal-entendido. Silêncio é tudo. E remover o mal-entendido é fundamental. É o que nos leva diretamente para o Silêncio. Ou ainda, onde desaparecemos como imagem para descobrirmo-nos como silêncio. E entre um silêncio e outro silêncio, o mesmo silêncio.