sexta-feira, março 30

único e idêntico no paradoxo do nada


Na realidade do Ser, você não está em ponto algum e não há nenhum outro ponto a chegar. O único ponto é o aqui e agora. Você é aquilo que você está buscando e, nesse sentido, tudo o que é delineado como caminho de busca é errôneo, vai levá-lo para algum outro lugar que não o lugar exato, o não-lugar.

 

Por esse motivo, buscar a si mesmo é um equívoco. Mas você só irá perceber, buscando. Porém, esteja atento ao momento em que se torne nítida a visão de onde você se encontra, porque toda busca propõe uma divisão, e este é todo o cuidado que deve ser tomado.

 

Quem está buscando a si? Pare e veja que o que você tem buscado é uma ideia de si. Você tem um ideal, metas de iluminação. Você espera se mover como Osho ou não suar como Mahavira. Mitos! A mente adora mitos! A realidade do corpo é universal, se alguém bate com um martelo no joelho de um buda, ele sente dor. No etanto, a diferença é que a realidade do buda é não confundir-se entre aquele que sente a dor e aquele que observa os acontecimentos.

 

O corpo sente fome, prazer, dor, cansaço, frio etc. A Observação que você é não sente nada disso. Portanto, não se apegue aos "efeitos sobrenaturais" causados pela aproximação da Essência. Não tente conter ou imitar qualquer experiência ocorrida no tempo. Tudo passa. Você é aquilo que fica. 

quinta-feira, março 29

nem corpo, nem mente


Participante — Por que fazer a pergunta "Quem sou eu"?

 

Para saber quem você é. Para saber que você é o Silêncio.

 

Participante — Mas como é que vou ficar totalmente em silêncio, se a minha mente...

 

Você não vai ficar totalmente em silêncio. Você não sabe quem você é, por isso faz essa pergunta. A primeira coisa básica é saber quem somos. Quando você souber quem você é, muitas das perguntas que está fazendo serão irrelevantes. Você vai saber que não fazem sentido porque você é Silêncio, e Silêncio é singular. Não existem dois Silêncios porque o Silêncio não pode ser medido, ele é imensurável. Silêncio é tudo o que existe. Silêncio é outro nome do seu Ser  os ruídos, definitivamente, são plurais. Mas existem Silêncios distintos? Não. Remover o mal-entendido nos leva diretamente para o Silêncio.

 

No momento em que começar a compreender e as fichas começarem a cair, você irá direto para o Silêncio. O Silêncio é inerente, ele só está esperando que você atente para ele.

 

Veja se você é isso que você pensa que é. Veja se você é esse corpo, veja se você é a sua mente. Os Budas já disseram com total autoridade: "Você não é o seu corpo e não é a sua mente". Isso é a Verdade. Você busca porque a própria Essência quer que você busque, senão, você não estaria buscando, estaria fazendo alguma outra coisa. Quem é você? Essa é a coisa mais importante.

 

Tem uma fala do Osho que acho magnânima. Ele diz: "Enquanto você não souber quem você é, tudo o que faz na vida é fútil". Você parte de uma premissa ilusória, baseado numa estrutura que é inexistente. Como você vai chegar à sua realização, partindo do princípio de algo que não existe? Como é que vai sair de Belo Horizonte e chegar em Porto Alegre se está em São Francisco? Você não pode partir de um ponto onde não esteja para chegar a um outro ponto qualquer.

 

A pergunta "Quem sou eu?", quando colocada com carinho na sua vida, traz essa noção de onde você se encontra e, a partir daí, a possibilidade de encontro com Aquilo que É você.

quarta-feira, março 28

hora de sumir




















Todos nós precisamos de tempo, aprendizagem, dedicação e, provavelmente, uma boa dose de talento e identificação para com o que quer que seja que se queira fazer.

Existe, portanto, uma idéia no nosso subconsciente, no inconsciente, de que tudo deve levar muito tempo e depender de um acúmulo de conhecimento, de informação. E, não só isso, está agregado a este material, uma palavra que é muito usada por você: “difícil”.

Aqui, portanto, a minha proposta, na sua simplicidade, entra em conflito primariamente com o fato de que a mente não está preparada culturalmente para aceitar o fácil como algo de valor. Você só aceita o difícil.

Quanto mais complexo o relacionamento, mais intenso. 
Quanto mais complexo e difícil o empreendimento, mais interessante. 
A mente tem adoração pelo complexo. 

E a partir disso, iluminação também se apresenta como uma espécie de cocar, como uma espécie de cinco estrelas nos ombros, algo anormal, superior, extremamente complexo e raramente conquistado.

Está tudo errado! Iluminação não é uma conquista. A Iluminação não pode ser conquistada, porque o conquistador precisa se render, desaparecer, para que Ela aconteça.

terça-feira, março 27

quem é você?


O nosso encontro ocorre para que você veja que você não é aquilo que está sendo visto. Se você observa alguma coisa, essa coisa está sendo observada. Portanto, como você pode ser o que está sendo observado, se você o está observando? Esta questão nos remete a uma pergunta primordial: quem é você?

Não adianta perguntar para a sua mente, porque ela não sabe. Se quer se aproximar da sua realização, aproxime-se do agora. Olhe para o agora, esteja atento ao agora, para resolver essa questão. No agora não dá tempo de tecer sequer um pensamento a respeito de quem você é – e esta é uma grande chave.

Se você está tentando capturar "quem você é", procurando por uma resposta palpável, isso significa que você está imaginando que você seja um objeto. Mas, veja bem, digamos que você seja um objeto e consiga capturá-lo, quem o teria capturado?

Pare de tentar encontrar quem você é, usando os velhos artifícios, e dedique-se ao agora. O agora é ausência de tempo e quem você é não pode ser encontrado no tempo. Este é o melhor guia que você pode ter: o agora. No tempo estão os acontecimentos, as memórias, os traumas, as perdas, as conquistas... Tudo isso que veio, foi ou irá está no tempo. Penetre no agora e veja o que você encontra.

Saiba: tudo o que você está aprendendo com a sua mente, está na linha do tempo. Para ser quem você é, nenhum saber é necessário, porque você já é você. E o que quer que seja que fuja a isso, é mentira. 

segunda-feira, março 26

silencio sentado a grama primavera


Um discípulo perguntou ao mestre:

- O que posso fazer para despertar?

O mestre disse:

- Nada, você não pode fazer nada. Você fazer algo para despertar seria como uma vela apagada acender de repente, sozinha. Isso é impossível! A menos que haja um contato com uma mínima fagulha que seja, a vela permanece apagada.

 

O que te guia neste "processo de auto-conhecimento" não podem ser as experiências do passado. Experiências se tornam memórias na mente, portanto, seguí-las é como tatear no escuro.

 

No encontro com a Verdade, o que te guia é essa chama viva, acesa, que chamamos de "Consciência". Esteja atento ao chamado e disponibilize-se à chama da Consciência, isto é tudo o que você precisa "fazer".

 

Não tenha pressa! Não se mova... Quando acesa, a chama surge timidamente, qualquer movimento pode apagá-la e se inicia quase que um "re-aprender", um "acostumar-se". Agora há luz e aos poucos tudo vai aparecendo com uma nova textura diante dos seus olhos. Na medida em que essa chama se estabelece, a luz se amplia e vai mais longe. No entanto, você pode fazer "nada" para que isso aconteça.

 

Osho dizia: "Fique quieto e saiba". Fique quieto... Qualquer necessidade de chegar a algum lugar e, principalmente, de mostrar que você chegou a algum lugar, é da mente, do ego. Fique quieto... Ouça o Silêncio, enamore-se por ele e deixe que ele fale por você.  Sem pressa, papagaio! A primavera grama por si...

sexta-feira, março 23

mente não sabe



Satsang invoca o seu reencontro como sendo puro silêncio, algo que ninguém consegue descrever exatamente. Na verdade, todo o nosso encontro se resume em chegarmos ao não-saber. Quando você realmente pode dizer "não sei", a transmissão foi feita.

Se você se dedicou à questão "Quem sou eu?" e ficou cara a cara com um branco, com o nada, se chegou diante de uma impossibilidade de resposta, isso não quer dizer que você esteja no caminho errado. Quer dizer que, neste ponto, você está diante de algo ininteligível para a mente.

A mente desconhece como é incapacitada de ver quem você é. Se você tem sede, dedique-se à questão "Quem sou eu?" e esteja aberto à outras possibilidades de resposta que não venham através da mente.

Satsang propõe uma simplificação inaudita, trata-se de um despojamento absoluto que nos deixa completamente desprendidos dos conceitos e ideias a respeito do mundo.

 Tagore diz:

 Aquele que aprisiona com o meu nome,

Fica gemendo nesta prisão.

Vivo ocupado em construir este muro à minha volta

e dia a dia, à medida que o muro sobe até o céu,

Vou perdendo de vista o meu verdadeiro ser.

Na escuridão da sua sombra, à sombra do muro,

orgulho-me desse alto muro e o revisto com terra e areia,

para que não se veja nenhuma rachadura neste nome.

E com os cuidados todos que tomo,

vou perdendo de vista meu verdadeiro ser.

Ou seja, mantendo-se preso à ideia daquilo que "tem que ser", você sofre. Rompendo com a imaginação, abstendo-se de julgamentos, você é liberdade. 

quinta-feira, março 22

na alegria do presente




















A presença silenciosa não pode ser consumida ou compreendida pela sua mente. A mente serve para te levar ao banheiro, ao supermercado, ao trabalho... e só! Ela não serve para dizer quem é você.

Se você aceita este convite, ocorre um esvaziamento imediato e leveza se apresenta como seu estado natural. É a história que você conta, reconta e interpreta na sua mente que deixa a sua existência grave e cheia de metas, afim de melhorar ou chegar a algum lugar que não o Agora. Pura fantasia... Entregue-se à Verdade do momento presente e realize isto!

Coloque de lado tudo o que te disseram e veja o que se mantém enquanto mundo, enquanto você. Observe! Olhe para um copo com os olhos de uma criança e veja se você está diante de "um copo" mesmo. Esta é mais uma história que te contaram e você reproduz como tantas outras. Por isso é crucial investigar a realidade de todas as coisas e ver onde você se encontra diante de tal "experiência".

Veja que você não é nada do que te disseram e realize "liberdade" como sua natureza. Permaneça no não-saber nato à Consciência que você é e honre isso o máximo que puder, até que você não abra mais a sua boca em nome da mentira. Agora, Silêncio é o bem mais precioso a ser partilhado.

terça-feira, março 20

o chamado do agora




















O apontamento para a Verdade provoca o questionamento apropriado a respeito de onde surgem os desejos. De onde surge o “querer” e o “não querer”? O primeiro passo é notar quem é este que quer e que não quer – este é um aspecto fundamental na descoberta de quem é você.

Investigue, note que o “querer” faz parte de um movimento inconsciente e está sempre negando algo, geralmente aquilo que está sendo oferecido pelo momento presente. Dê um passo para o lado e veja! No momento em que investiga de onde vêm os desejos, você é colocado num novo “ambiente” onde nada lhe falta.

O convite aqui é que você dê esse primeiro passo e, talvez, o realize como primeiro e último. Este pode ser o seu primeiro e último passo. Não perca a oportunidade de entrar no Agora. Somente no Agora você estabelece um saber que revela que tudo aquilo que você pensava que sabia a respeito do mundo e de si mesmo, é falacioso. Somente no Agora você tem clareza que os desejos estão sempre apontando pro tempo. Fique no Agora e saiba!

Este passo, na verdade, tira de você todas as ideias e conceitos sobre a Realidade e, mantendo-se fiel à esta visão – a visão do Agora – nenhum  outro pensamento virá a ser posto no mesmo lugar, rompe-se a cadeia do pensar. No Agora os pensamentos perdem substância, deixam de ser o seu guia e passam a servir como instrumento. No Agora, livre de pensamentos, livre de desejos, você simplesmente se deleita em Observação.

segunda-feira, março 19

xícara de chá de observação



















Perguntaram a um mestre Zen:
– Mestre, o que é a vida?
A resposta foi a seguinte:
– Mesmo que eu respondesse, você não entenderia. Imagine que você tem sede e eu tenho uma chaleira de chá. Se eu derramar o chá quente nas suas mãos, você não tendo xícara, queimará as mãos, não absorverá o chá. Então, tenho que esperar que você proporcione uma xícara para que o chá possa ser colocado nessa xícara.

O mestre está dizendo: “Acomode em você a possibilidade de recepção para esse chá que vai matar a sua sede”. O chá está pronto, quentinho, mas você não pode recebê-lo sem uma xícara.

Observação é a luz que se acende na presença de alguém que aponta para o reconhecimento da Verdade em você. Aqui, nasce uma nova personagem – chamo “personagem” apenas por uma questão de entendimento –, agora se estabelece uma releitura, como uma nova alfabetização, onde você passa a “ver” a vida com outros olhos.

No momento em que a Observação está acesa e é através dela que você se move, essa luz se retroalimenta – nada precisa ser feito, nada pode ser feito para gerar Observação. Assim, sua prontidão deve estar constantemente em disponibilizar a xícara. Ofereça-se enquanto xícara e, uma vez que seja alcançada a bendição de receber o chá, deleite-se nisso!

quinta-feira, março 15

o oceano da gota














A gota pode cair no oceano exatamente agoraNão se iluda de que é preciso ir ao Himalaia para ficar sozinho, esta é uma fala da mente. A Essência está sempre sozinha, não existem dois. Não importa quantas pessoas estejam juntas, você está sempre sozinho.

Tranquilamente, você pode ir a uma discoteca e curtir a noite inteira tanto quanto pode curtir ficar na sua cama. O corpo tem sensações: o cheiro de cigarro, o barulho da música, o cansaço depois de duas horas de dança... mas tudo isso está ocorrendo apenas no corpo.

Esse é um desejo essencial: realizar a sua solitude. Mais cedo ou mais tarde, você vai sentir a necessidade de realizar sua Essência porque é a Essência querendo realizar a si mesma, usando a confusão desse corpo e dessa mente para realizar a si mesma. É apenas um jogo, não leve a sério.

Estamos conversando apenas para que você veja aquilo que já é você, não estou lhe dando nada. A mente faz uma grande confusão no meio do caminho, porque existem destinos antigos. O convido a ver que você já tem o que precisa. Não faça nada com isso, apenas compreenda que você já tem aquilo que você está buscando e veja as consequências geradas por essa visão.

Pare de se preocupar com bobagens, não tem nada para se preocupar. Se há algum problema fisiológico, vá ao médico, observe – de repente lhe falta apenas uma vitamina. No mais, permanece simplesmente atento, vigilante, desperto. Tudo o que você precisa você já tem. Solitude, portanto, é perceber que você é aquilo onde tudo e todos acontecem. Não há gota, tudo é oceano.

terça-feira, março 13

o verdadeiro diamante



















Hoje trago uma história que vale muito a pena... Coloque-a no seu coração.

Um dos mais famosos reis da Índia antiga, Bimbisara, foi visitar Buda. Sendo um grande rei, ele sentiu que era importante causar uma boa impressão. Assim, decidiu presentear Buda com um presente que fosse muito raro, o mais lindo diamante de toda a terra. No entanto, ele estava tendo algumas dúvidas se o seu presente seria bem recebido, porque ouvira falar que Buda não era uma pessoa do mundo, não apreciava essas coisas. Então, uma manhã, em seu caminho para Mango Grove, o bosque onde Buda estava com seus discípulos, o rei passou por um mendigo chamado Sudhas, que carregava com ele uma linda flor de lótus. Sudhas descobriu aquela flor florescendo fora de estação, num laguinho perto de sua casa. Bimbisara quando viu, se aproximou. Ele viu que a beleza daquele lótus era realmente rara – era muito raro ver um lótus naquele momento do ano. Um homem como Buda apreciaria tal fato – ele pensou –, considerando esta uma alternativa perfeita como presente para Buda, caso ele negasse receber o diamante. Assim, o rei comprou a bela flor por uma rúpia.

Quando Bimbisara chegou, foi levado até Buda, onde prostrou-se e ofereceu o diamante, pensando que esse era o mais precioso dos dois presentes, ao menos em termos mundanos. Todavia, quando ele foi colocar o diamante aos pés de Buda, Buda olhou para ele e disse: “Largue isso!” Assustado, o rei imediatamente soltou e sem pensar – porque ele não queria dizer “não” a Buda, especialmente diante de tantas pessoas que estavam apreciando aquele diamante tão precioso –, ele soltou. No mesmo momento, o rei levantou a outra mão com o lótus e de novo Buda disse: “Largue isso!” Bimbisara largou o lótus e parou de mãos vazias na frente do Buda, ouvindo, pela terceira vez, o comando do mestre: “Largue isso!” No entanto, desta vez Bimbisara ficou vermelho, pensando que Buda estava tentando fazer dele um bobo, na frente de tanta gente, e retrucou: “Ou você é louco ou eu sou louco. Ambas as minhas mãos estão vazias. Que mais eu tenho que deixar ir? Que mais eu devo largar?” Ao que Buda respondeu: “Largue a si mesmo!” Mas Bimbisara insistiu: “Eu mesmo? Como posso largar a mim mesmo, se nem sei quem eu sou!” Buda, concluindo, afirmou: “Muito bom! Agora vá para sua casa e encontre quem é você. Quando encontrar, volte aqui que estarei esperando por você”.

Era muito grande o insulto, na frente de dez mil discípulos o rei foi feito voltar e olhar para dentro de si mesmo e encontrar quem ele é. Mas, Bimbisara provou ser um homem de tremenda coragem, inteligência e integridade. Em seu palácio, ele disse: “Ninguém deve me perturbar, qualquer que seja o tempo que tome, eu vou fazer o que aquele homem disse. Irei encontrar quem sou”. E, assim, por três dias ele permaneceu em isolamento.

No quarto dia o rei emergiu como um homem mudado. Sua face brilhava com uma luz misteriosa. Ele voltou ao Bosque das Mangas para fazer um relatório de suas experiências, e Buda – sentindo que algo profundo acontecera ao rei – disse: “Pegue de volta o seu lótus e o seu diamante! Posso ver nos seus olhos e na sua face o brilho. Você encontrou aquilo que não pode ser abandonado, você compreedeu o ponto! Diamantes e lótus, essas coisas certamente são lindas, fazem belos presentes, mas elas não são você . Foi por isso que pedi que os abandonasse. De verdade, no momento que você encontra quem você é, então não há necessidade de abandonar nada.

Só é possível abandonar algo que é real. Ao notar que os objetos não são reais, você não precisa abandoná-los. Você só fica com aquilo que é real, aquilo que é real é tudo. Ao encontrar a si mesmo, todas as coisas que não são reais, são naturalmente abandonadas, sem esforço, pois deixam de ter a realidade que tinham antes. Nesse ponto, tudo se torna leela, uma grande brincadeira. Perder ou ganhar, qual é a diferença? Quem perdeu e quem ganhou?

Procure o seu “ser”, Bimbisara! Ouvindo as palavras de Buda, aquele rei caiu aos seus pés e, ao cair, assim fez também o seu ego... quebrado, ao chão. Numa piscina de lágrimas, Bimbisara se tornou iluminado naquele momento e é dito que dali em diante, ele seguiu Buda pelo resto de seus dias. 

sexta-feira, março 9

o tamanduá e o mistério impessoal













Reconhecer a si mesmo é perigoso e vou rearticular isso de novo: o que estou o convidando a ver é perigoso porque assumi-lo é a morte do ego. Quão disposto você está a seguir em frente?
O perigo se apresenta exclusivamente para o ego, porque reconhecer a si mesmo é dizer um grande “Yes”, da maneira mais total possível, e a partir disso não restará mais nada a não ser simplesmente amar a si mesmo exatamente do jeito que você é.
Pondere: todos propõem que você mude. Sua mãe não gosta disso, seu marido não gosta daquilo, seus amigos daquele outro... e você vem tentando assumir essa inadequação, essa não-aceitação, indo em busca de “melhoria”. Você gosta de comer formiguinhas, mas alguém diz que é pecado e logo você começa a buscar modos, terapias e remédios para não mais comer formiguinhas. Pare um pouco, dê um passo para trás e veja se este é o melhor a ser feito. Não há nada errado em ser um tamanduá...
Imagina se um botão de rosas se abrisse um belo dia e entrasse em crise porque aqueles que estão por perto não gostam do odor que ela exala? Proponho que aquilo que seja passível de mudança, seja feito. Depois disso, relaxe. Aqui entra aceitação e confiança. Você é exatamente do jeito que Deus quer que você seja. Tem algo que vou chamar de uma força maior – que não é uma força pessoal, porque não tem uma pessoa por trás dela –, que é puro mistério impessoal. Satsang, portanto, nos convida a assumir esse mistério como única realidade.

quinta-feira, março 8

paz e o outro

PARTICIPANTE – É muito difícil a convivência com pessoas que não estão indo na mesma direção, que não entendem isso que estamos contemplando aqui em Satsang com você.

Você está preocupado com o que as pessoas estão fazendo ou com o que você está fazendo?

PARTICIPANTE – Estou preocupado comigo.

É você que está buscando afirmação dos outros, querendo mais e mais.

PARTICIPANTE – Não, acho que não é preciso querer mais e mais, não há necessidade.

Então, qual é o problema? Você quer que as pessoas pensem da mesma forma que você?

PARTICIPANTE – É isso que é difícil, essa espécie de "negociação" com as outras pessoas.

Mas por que você tem de fazê-las acreditar na mesma coisa que você?

PARTICIPANTE – Para que eu consiga viver melhor, mais em paz, mais tranquilo, mais saudável.

Uau! Este é o ponto. Não o perca! Você quer que as pessoas concordem com você, para que você possa viver em paz. Porém, este pensamento é o que te aprisiona no sofrimento. Somente quando puder ver isso, poderá ser dado o salto. Veja com clareza que é  você que está querendo que todos concordem com o seu jeito de pensar para que você consiga viver em paz – isso é impossível. Não tem como fazer todo mundo concordar com você. Esta é uma estratégia extremamente equivocada, proposta pela sua mente.

Se a paz que você busca depende daqueles que estão ao seu redor, ela se torna inalcançável. A menos que você consiga sedar todos e implantar neles aquilo que você considera ideal para viver em paz. Mas, ouça, isso não tem nada a ver com realizar a si mesmo. A proposta de Satsang vai muito além. Investigue quem é você e veja do quê esse "você" precisa, veja quem é o outro e o mundo a sua volta, e não mais se engane quanto às propostas da mente.

Não estamos falando de "opiniões". Sabedoria implica em descobrir quem você é e, consequentemente, realizar que não tem ninguém para ter opinião alguma. Seu sofrimento persiste porque você insiste em existir. Você reforça, dia após dia, a crença de ser uma pessoa, cheia de conteúdo, pronomes, gêneros e adjetivos. Pare por um instante e veja se tudo isso é verdade. Essa sabedoria está disponível aqui e agora: quem você é, é Paz. 

quarta-feira, março 7

apesar de você, o ver



Hoje, aqui, do meu humilde instante, vislumbro um desejo: apaixone-se por aquilo que você é. E jamais esqueça que aquilo que você é não é um corpo, não é a mente. Me apresento como um porta-voz disso, com a graça disponível a essa realização – e, reforço, não confunda aquilo que você está vendo com aquilo que você é, este é o grande segredo.

Num momento de transcendência, tudo o que você está vendo é você, você está em todos os lugares. Mas vamos com calma... Por enquanto quero que explore o máximo que puder essa perspectiva de que você não é aquilo que você está vendo.

Se você está aqui, é imperativo que veja o que está sendo apontado. Olhe para onde a seta está apontando e vá em frente, esse é o melhor jeito que você tem de “me fazer feliz”. Osho diz: “Não morda o meu dedo, olhe para onde estou apontando”. Isso eu ouvi e é o mesmo que repasso...

Meu convite, em exatidão, é: pare de fazer todos os movimentos que o levam para fora e veja o que acontece. Ao parar de fazer, desidentificando-se do “fazedor”, o fazer se torna uma expressão do “não-fazer” essencial à Observação que você é. As coisas acontecem além e apesar de “você” e não tem como ser de outra forma. Desfrute dessa realidade.

terça-feira, março 6

aprendendo a desaprender

















Muitos confrontam a Verdade, mas ao perceber que Ela não é nada do que imaginavam, jogam fora a água junto com o bebê, sem dar-se conta de que a coisa mais preciosa já encontrada, acabou de ser jogada fora.

Quando olha dentro da sua mente e vê que a Verdade não era exatamente o que você pensava, você escolhe ficar com o que era pensado e joga fora a experiência real. O meu convite é: jogue suas ideias fora e comece a ficar com o presente. Ideias não existem no presente. Você consegue pensar no presente?

Sei que o que estou perguntando pode ser inacessível para você, e digamos que eu concorde que você ainda tem que aprender muitas coisas antes de despertar. Mas quero que compreenda que este “aprender” do qual falamos aqui, tem mais o aspecto de “des-aprender” do que de aprender. Porque saber quem você é, não depende de um acúmulo, depende de um descarrego.  Você deve “des-carregar”, “des-aprender”. Satsang não é ganhar algo, é perder – aquilo que você é, já é você. O que o afasta dessa realização é tudo aquilo que você “tem”. Se você perde aquilo que tem, fica com aquilo que é.

O único entrave é que você pensa que o seu Ser é alguma outra coisa. Mas, não esqueça, isso é apenas  mais uma ideia – descarte-a também!

segunda-feira, março 5

o sabor do agora


Pensar a si mesmo como aquele que pensa é o único impedimento que faz com que você não veja quem você é de verdade. A mente teme e rotula que se você se render ao que Satsang propõe, você não vai trabalhar na segunda-feira. Veja bem: de uma certa forma isso é verdade, mas precisa ser muito bem entendido. Se você vê quem você é, de fato "você" não vai trabalhar na segunda-feira, porque ver quem você é implica em ver que você não é aquele que trabalha, você é aquilo onde todos os eventos ocorrem. Compreenda isso, perceba este truque da mente. Essa compreensão muda completamente a relação entre os objetos.

Alguém me disse, ao final do encontro do último fim de semana, que não queria mais "voltar" para sua cidade. Eu disse: "Não volte, vá!" Voltar não existe, ninguém volta, você está sempre indo. A ideia de voltar é a mente que gera e ela aparece trazendo sofrimento, geralmente. Mas não tem nenhuma realidade nisso. Você não volta, você está sempre indo. Não voltamos para trás, não tem como.

Note que não tem volta e siga na direção daquilo que não tem passado e não passa. Abandone tudo, primeiramente suas ideias, em nome disso. E, a partir dai, veja a sua vida tornar-se, definitivamente,  uma paixão por aquilo que não tem passado. O mundo vive na "Matrix" – a matriz das pessoas é o passado. E esse passado parece ser tão poderoso que se projeta no futuro. Quando você se dá conta disso, você está fora, vendo os acontecimentos desde o ponto da Observação.

O convite não é dar certo nem dar errado, é viver a vida, exatamente do jeito que ela é. Experimente isso e veja que tudo tem um outro sabor. 

sábado, março 3

perfeito em si
















A proposta de Satsang é delicada e, de uma certa maneira, perigosa, porque entra em conflito com a noção que você tem de si mesmo.
O passado estabelece a ideia de quem você é, transmitida através dos seus pais, dos pais deles e dos pais dos pais dos seus pais... ad infinitum. Hoje, portanto, existe uma nova possibilidade: através de uma breve investigação você entra em contato direto com o reconhecimento de quem você é e, neste instante, realiza que “você” não depende absolutamente do passado.
Sendo assim, verifique: qual a necessidade de remover o passado? Não há a menor necessidade. O passado continua no mesmo “lugar” – a diferença é que, sabendo quem você é, você não se identifica com ele.
Estamos diante de uma mudança de visão baseada numa investigação. Essa mudança faz com que você deixe de viver a “sua” vida – este pronome “meu” deixa de existir e, ao invés de viver a sua vida, a vida é que passa a viver através deste objeto corpo-mente. A noção de “dar certo” é alterada e aquilo que acontece passa a ser visto como parte de um todo, perfeito em si.