quarta-feira, maio 29

nem estória, nem história, nem nada


















a mais curta estória curta da história: 
eu. 
mim. 
meu.

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el cuento corto más corto de la historia: 
yo. 
mi. 
mio.

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the shortest short-story ever: 
i. 
me. 
mine.

terça-feira, maio 28

na nave do silencio, quem é você?


















Trago uma proposta muito distinta. Aqui não existe nenhum interesse pela história. Este ambiente é como uma nave “não-espacial”, você está prestes a ser abduzido para fora do seu pequeno mundo.

Aqui é paz, abundância, quietude, silêncio, criatividade, deleite. Porém, para habitar esse “lugar”, existe uma condição: você precisa abandonar a mente. Ela não consegue chegar Aqui. A sua mente fica no mundo. Ou seja, tudo o que é valioso à sua mente, as suas possessões, há de ser abandonado.

A qualquer momento a nave pode partir, não dá tempo nem de telefonar para sua mãe, para se despedir. Uma vez que as portas da nave se fechem e o piloto ligue o motor, você não tem mais mãe, telefone, nome, pronome... e todos os seus derivados.

O bilhete desse vôo é dar-se conta que tudo não passa de histórias na sua mente. As histórias são inventadas e mantidas através de uma repetição crônica. É a síndrome da repetição crônica: todos que a repetem acreditam piamente que seja verdade.

Que tal? Está disposto? Você deixaria as histórias e seus pertences aparentemente tão valiosos para trás? Como sei que você ainda não está pronto, vamos conversando devagarinho, aos poucos você vai sendo seduzido pela proposta.

Não é uma questão de tempo, é um desengate. De repente, quando você menos espera, entra em ponto-morto. De repente o piloto anuncia que estamos a nível de cruzeiro, gastando o mínimo zero de combustível. Silêncio absoluto.

Desengatar-se da história compromete a história. Entrar em contato com o Absoluto, com essa não-coisa, rouba de você a necessidade de historiar, tanto para trás quanto para frente. Tal qual você se concebe, a história é tudo o que você tem. Você é a sua história. Então, para começarmos a conversar, a minha pergunta é: sem a sua história, quem seria você?

sábado, maio 25

o crepitar do fogo e o desassossego do crente















Você quer mudar o mundo? Que mundo? Você quer se livrar dos pensamentos. Que pensamentos? Liberte-se do pensamento de que você precisa se libertar dos pensamentos. Veja-os de longe, veja-os de cima.

O único problema é que, se você estiver muito identificado com os pensamentos, este momento – o milagre deste momento – não é o suficiente, sempre haverá algo faltando. Olhe agora: o que está faltando?

Quando faço essa pergunta, veja que a sua mente se põe em movimento para tentar descobrir o que está faltando. Mas quando faço essa pergunta quero que você veja que não tem nada faltando. Não tem nada sobrando, tampouco. Simplesmente, não tem nada – ponto!
Se, aparentemente, tem algo faltando, veja se a descrição dessa falta não vem de um pensamento, de uma elaboração mental, de uma construção mental, de uma realidade que só existe para ela, a mente.

Está perfeito agora. O agora é perfeito. Tem um fogo que crepita que não é fogo que crepita. Escute o discurso do fogo. Osho nos convidava a ouvir o discurso das águas, dos bambos... Te convido a ouvir o discurso do fogo. O que o ele está dizendo?

Não tem nada faltando. A menos que você pense, há a falta. E se você está pensando que perdeu algo, o que você precisa fazer é, então, parar de pensar. Ou, melhor dizendo, pare de pensar-se e veja o que fica, o que é. Isso está presente agora.

Como a mente não sabe o que é isso, nem tem como saber, ela vai atrás de algo conhecido. Ficar sem saber, para a mente, é absolutamente inadmissível. Este, portanto, é o estado natural dos crentes. O crente precisa crer em alguma coisa. Sem ter nada para crer, o que lhe resta? Experimente!

quinta-feira, maio 23

o eloquente e silencioso discurso do fogo


Um dia perguntaram a Picasso, enquanto ele pintava um quadro: "Qual é a significância disso?" Ele voltou-se para aquela pessoa, numa espécie de estupefação, e disse: "Vá até o jardim e quando o pássaro cantar, pergunte-o qual o significado do seu canto. Se ele te responder, eu me comprometo em preencher tal lacuna".

Toda a confusão está em dar significância. Quem é esse que precisa de significância? A aquietação da mente não é um ato, é uma compreensão, um dar-se conta. É dar-se conta da ilusão. E, não só isso, é ver que também aquele que está vivendo a ilusão é uma ilusão.

O que está acontecendo agora? Para qualquer lado que você for, tentando responder, necessariamente, terá que acreditar na mente. E todo o papel da Verdade é mostrar o equívoco. Não tem nada acontecendo. Você deveria estar grato exatamente agora. Por nada.

O mundo conhecido como realidade é apenas uma descrição da mente, que não existe agora. Ela fica descrevendo, descrevendo... E você fica acreditando, acreditando... Quem acredita? Aquele que você pensa que é, acredita. Você é uma criança que acredita no Papai Noel.

Desde pequenininho te apresentaram: Chupeta. Coelhinho. Você. No começo você não acreditava, mas aquilo se tornou tão consistente na sua insistência que você sucumbiu: Ok! Eu, tu, ele, nós, vós... E agora é necessário um trabalho de desconstrução. Parece longo, árduo e complexo. Mas, de verdade, implica simplesmente em ver que pensamentos são pássaros passando. Você não precisa segui-los. Você os vê. Você apenas os vê. Mas se perde porque segue o pássaro. Você segue o pensamento. E seguir um pensamento desencadeia uma procriação de pensamentos ainda mais complexos. E, quando você menos percebe, está precisando de um mapa, de uma bússola, de um GPS.

Aonde você está indo? O primeiro pensamento que você segue é que você seja "alguma coisa". O primeiro pensamento é pensar que você "é" – que mentira! Sim, porque se você "é", você é "alguma coisa". E se você é alguma coisa, você "faz alguma coisa" e assim segue...

Volte ao límpido, volte ao anterior a tudo, ao antes do "eu sou". Ou você topa crer, dar significância, ou fica vazio. E, se você fica vazio, esse instante é suficiente. Escute o eloquente e silencioso crepitar do fogo.

quarta-feira, maio 22

a mente do personagem na mente do personagem e vice-versa















Participante – Satya, tenho uma questão: a mente é um produto da Consciência ou é um produto do personagem?

Sempre fico muito curioso a respeito de quem quer saber esse tipo de coisas... Quem quer saber? Você sabe?

Participante – Eu quero. Agora, se esse "eu" é a minha mente ou a Consciência, não sei.

Esse é o seu papel agora: descobrir quem é esse que quer saber. E que diferença faria se você soubesse?

Veja, no absoluto não existe nada que não seja fruto da Consciência. E aqui invoco uma libertação de certas ideias que existem a respeito do que seja a Consciência.

Submeta-se ao fato de que a Consciência seja tudo o que existe e, nesse ponto, a mente será também uma manifestação da Consciência. A mente, na verdade, é uma ilusão. Ela não tem consistência, não tem substancialidade. Na medida em que você olha para o lugar certo, percebe que não tem mente a ser silenciada, não há essa necessidade. É somente num nível primário que existe essa leitura de que a mente precisa ser silenciada.

A mente cria um personagem e o personagem cria a mente. Mas a verdade é que sem Consciência nada disso existiria. O curioso é que essa distorção só existe porque existe inconsciência. Este é o paradoxo. Inconsciente, tem mente. Consciente, não tem mente.

Aristotelicamente, logicamente, a mente não deveria existir se existisse Consciência. Acontece que nenhuma outra coisa cria absolutamente nada. Só a Consciência tem esse poder. Então, eu voto por Heráclito para fundação da cultura ocidental e não Aristóteles. Vamos reler essa estrutura apreendida.

A mente é um produto da Consciência? É e não é. Paradoxalmente.

Participante – Mas ela é necessária?

Sim. Ela é totalmente necessária. E é por isso que ela existe. Ela é um instrumento, tem uma função.

A mente imaginante, pensante, não é necessária, é disfuncional. Muito embora ela aconteça, ela acontece como uma desnecessidade. Isso porque existe abundância na Consciência. Ela cria tanto o que é necessário quanto o que não é necessário. Não tem lógica, é poesia. E se você ainda não compreende isso, é exatamente isso o que a Consciência quer que aconteça.

terça-feira, maio 21

a complexa inflexibilidade tirânica da mente ou umas gotas de clareza


Sócrates terminou aqui: "Sei que nada sei". E nós estamos começando nisso. Você é feliz ou triste? Responda "Não sei", por favor! Responda "Não sei" e veja como isso é muito melhor do que entrar em qualquer discussão baseada no que você pensa.

É óbvio que, dado o contexto, você escolhe umas memórias e não outras. E a isso você chama de "realidade". No entanto, se você tomar uns dois copos de whisky, vai mudar completamente a sua forma de pensar. Um chá de cogumelo vai alterar mais ainda. E umas gotas de clareza, então? Muda tudo.

Só te resta rir. De repente você se pega rindo do seu guarda-roupa. "Quem foi que comprou aqueles troços?" – você há de se perguntar em algum momento. "E aquele quadro ridículo?"

A descoberta de si desperta o bom humor – isso é presença. Às vezes ouvimos alguém dizer "esse cara tem uma presença de espírito". É isso! Presença. Totalidade.

Comece a examinar tudo o que a mente interpõe entre você e as coisas com atenção. Se não usar o que a sua mente diz, você tem resposta para o quê, exatamente? Tudo o que você sabe é a sua mente que sabe.

Os seus olhos são um instrumento para ver os objetos, isso é científico. Agora, quem dita que o objeto que você está vendo é isso ou aquilo é o seu contexto cultural, aquilo que você aprendeu.

Essa estrutura é tão tirânica que, a menos que você se torne um pouco mais flexível, não existe a menor chance de se dar conta que você é algo muito maior do que essa fração mínima que você insiste em chamar de "eu".

domingo, maio 19

livre do desejo de ser livre


Estamos migrando de um ambiente limitado, constrito, tenso, cheio de preocupações, para um "ambiente" de pura expansividade. Aqui não estamos falando nem em "ser livre". Estamos falando da liberdade, ela mesma.

Aquele que deseja ser livre é um equívoco. Ele quer ser livre do reflexo, mas só é possível se libertar do reflexo se libertando daquele que projeta a imagem. Sem a projeção, nenhum reflexo existe. Não tem o outro.

Junto a essa percepção, note que toda a complicação, toda a preocupação, toda a limitação é imposta por este sujeito-reflexo chamado "ego" e tudo o que decorre dele.

Para a grande maioria das pessoas esta compreensão é inatingível. Elas acordam e vão dormir pensando em si, naquilo que elas pensam ser. Entretanto, para autodescobrir-se você precisa esquecer de si, voluntariamente. livre daquele que deseja ser livre, a liberdade pura e simples.

quinta-feira, maio 16

cuidado com o corpo


Cuide do corpo, porque está nas suas mãos fazer isso. Mas, saiba: todo o cuidado deve ser moderado. Faça-o com inteligência. O cuidado é relativo, porque o corpo já foi desenhado para funcionar por si. Você não precisa respirar por ele. Aliás, o maior cuidado que você pode exercer sobre o corpo está em não atrapalhar.

Tudo estaria funcionando muito bem se você não cometesse tantos enganos, tantos abusos. Então, não esqueça: você não precisa fazer nada. O corpo se alimenta, o corpo descansa, o corpo digere, o corpo respira... O seu trabalho, nesse sentido, é mais uma questão de respeitar as condições naturais desse sistema, desse mecanismo.

Leve-o para passear, dê-lhe um bom banho, alimente-o e deixe-o descansar. Cuide do corpo! Mas mantenha uma certa distância. Aliás, essa é a verdade: você é a Observação de todos os acontecimentos, inclusive desse acontecimento chamado "corpo".

Isso é o que deve estar claro: independente de qualquer movimento do corpo, a Consciência que você é, a Observação, permanece intacta. Você não é o que você come! Você não é nem o seu corpo, quanto mais o que ele come. Nenhuma norma contém a verdade a respeito do seu Ser.

Isso me lembra uma piada...

Manoel foi mandado ao espaço com um grupo de macacos. Já no espaço, a torre da NASA faz um primeiro contato com Manoel:

– Então, Manoel? Como está tudo aí?

– Ora, Pa! Está tudo bem. Todos cumprindo suas funções.

– Ok, Manoel. Espero que continue assim: alimente os macacos, limpe os macacos, mas não toque em nada! 

terça-feira, maio 14

nos lábios do silencio



A mente mal compreende a radical proposta do não-fazer e logo lança a astuta – e equivocada – pergunta: "Mas quem vai pagar as minhas contas?" 

Isso porque o seu mundo é linear e ela acredita que tudo gira em torno dela. A mente é incapaz de compreender que as contas são pagas por si mesmas. Se ela não atrapalha, se ela não tenta interferir, tudo flui da maneira mais simples e tranquila possível.

Há um ponto de compreensão onde você não tem a menor ansiedade em trabalhar e tampouco em querer parar de trabalhar. Num certo nível você para de trabalhar. Num outro, você continua trabalhando, mas trabalhar deixa de ser chamado de "trabalho". E é neste ponto que as contas vão sendo pagas sem a sua intervenção.

Na verdade, um dos frutos da Meditação, da presença do Silêncio na nossa vida, é a criatividade. Quanto mais presença silenciosa, mais criatividade transborda e, de repente, a vida está acontecendo, tudo está circulando sem que você tenha a menor noção de "trabalho". 

Entra a noite, amanhece o dia, e você nem percebeu. Qualquer sacrifício é feito, como se você estivesse ausente. Isso vem do Ser. Não é a sua vontade que está sendo realizada, é uma realização do Ser através de você. Um fazer sem fazer. Uma flauta nos lábios do silencio soa cores inimagináveis. Aliás, sacrifício quer dizer isso: "ofício sagrado", imerso no mundano.

sábado, maio 11

o silencio sobrevive à morte



















Participante – Satyaprem, noto aqui com você que qualquer pergunta perde o sentido.

Sim, perde. E é para isso que este encontro acontece. No momento em que as fichas começam a cair e esta observação se torna verificável, observável como fato, como realidade, o que acontece com as perguntas e todas as suas inquietações?

Participante – Desaparecem.

Não há inquietação, só paz. Essa é a essência do seu Ser. De repente brota uma vontade de chorar, uma vontade de dançar, de rir... De repente você vê como tudo é tão vasto e lindo. Onde você estava com a cabeça? Durante todo esse tempo o mundo te forçou a olhar para outra realidade, a realidade dos sentidos. Agora se abre uma nova porta.

Disseram para Sócrates, no momento de sua morte: "Você está condenado a morrer". Ao que Sócrates respondeu: "Vocês também" – com imensa tranquilidade. Ele estava morrendo e dizia: "Os meus pés estão dormentes, não mais os sinto. Mas quem eu sou continua intacto, o mesmo. Agora, não sinto mais as minhas pernas. Mas quem eu sou continua intocado, perfeito. Os meus braços e mãos estão dormentes e daqui a pouco o meu coração vai parar, mas quero que vocês saibam que quem eu sou continua intocado, total".

Isso é Presença. Isso é totalidade. Isso é plenitude. Esta é a realidade para a qual Satsang nos convida. Posto o equívoco à prova, o que fica? As perguntas desaparecem. Os ruídos desaparecem. Mantê-los intactos é o único impedimento para ver quem você é. Assim que, sem enganos, o que fica é o Silêncio. Virgem. Intocado. Do qual Sócrates estava falando. E é a isso que me refiro.

quinta-feira, maio 9

entre um silêncio e outro, silêncio.


Participante – O Silêncio é a resposta para tudo?

Lembro a frase do Osho: "Silêncio é a resposta".

Participante – Então, por que faço a pergunta "Quem sou eu?"?

Para saber quem você é. Para saber que você é o Silêncio.

Participante – Mas como vou ficar totalmente em silêncio, se a minha mente...

Você não vai ficar totalmente em silêncio. Você faz essa pergunta por não saber quem você é. Por isso a importância em descobrir quem você é. A primeira coisa básica é saber quem somos. Quando você souber quem você é, muitas das perguntas que você está fazendo serão irrelevantes, você saberá que elas não fazem sentido.

Você é Silêncio e Silêncio é singular. Não existem dois Silêncios. Ele não pode ser medido. É imensurável. Silêncio é tudo o que existe. Silêncio é o seu Ser. Os ruídos, sim, estes são plurais. A imagem que você tem de si é um dos ruídos.

Pensar que você pode e tem que ficar em silêncio é um engano preservado pela mente. Este é o grande mal-entendido. Silêncio é tudo. E remover o mal-entendido é fundamental. É o que nos leva diretamente para o Silêncio. Ou ainda, onde desaparecemos como imagem para descobrirmo-nos como silêncio. E entre um silêncio e outro silêncio, o mesmo silêncio.

quarta-feira, maio 8

o fim do deus do amanhã no milagre do agora


















O sujeito que você imagina ser tem metas, propósitos, missões. Enfim, um monte de histórias. Porém, a vida, ela mesma, é pura subjetividade. Não tem meta nenhuma, ela simplesmente é.

O sujeito, a mente, o ego, a falsa noção de ser sempre tem metas. Ela não pode existir se as metas desaparecerem. Porque a sua única função, o único sentido da sua vida, é pensar.  A mente pensa, logo existe. Descartes erra ao identificar o eu com o agente pensador, a mente. Ela pensa no passado e pensa no futuro, necessariamente. Do agora ela não entende nada. Ela simplesmente não conhece o agora. Ela está completamente envolta pelo agora, mas não sabe o que é isso.

Se você, num lampejo de luz, num lampejo de inteligência, vê que só tem o agora e que o agora não tem propósito algum, uma grande possibilidade se abre. Na verdade, abre-se uma nova dimensão de Ser.

O agora é milagroso, vasto, inclusivo. Tudo cabe no agora, tudo é aceitável. Esse bocejar é milagroso, esse riso também. No agora todas as coisas mínimas se tornam imensamente abençoadas. E, assim, o deus do amanhã desaparece, a ideia de “minha vida” some e fica simplesmente a vida, em si.

quinta-feira, maio 2

o constante contente


A mente propõe que você busque algo constante. Mas dentro da mente, nos objetos, no mundo, não existe constância. Você entende? 

Participante – Eu percebo que quero mais que isso.

Agora, então, é um bom momento para você investigar: quem é que quer mais? 

O Ser, o Silêncio que você é, não quer nada. É o constante, contente.

Olhe para dentro. Busque com sinceridade o mais profundo do Ser, vazio de conteúdo e imagens. E a melhor maneira de começar é através da destruição de toda a ideia acerca do corpo e da mente como sendo você. 

Ouça o que você está dizendo. "Eu quero mais". Mais o quê? E quem é esse que quer? A investigação deve ser empreendida de tal modo que a sua mente fique livre e qualquer querer seja inconsequente. 

A investigação não deve ser abandonada. "Quem sou eu?" – o koan, essa aparente pergunta, irrespondível – é a última coisa a ser abandonada. Os quereres, sim, serão abandonados – notáveis criadores de sofrimento. Todos os desejos geram sofrimento.

Participante – É um "cala a boca".

Sim, é um "cala a boca". Aquiete-se. É isso: permanecer no instante presente. Como se fosse possível alguma outra coisa! Porque, aqui e agora, no instante presente, você não precisa de absolutamente nada. Porque não há quem precise. Essa ausência é você.