sexta-feira, junho 29

alegria no coração


Olhe profundamente, o mais dentro que você possa alcançar, e veja se tem algo que você quer, se tem algum lugar onde queira chegar. Não estou falando da superfície, olhe o mais profundo possível. Hoje começo dessa forma, porque vamos falar de "metas".

 

Osho elabora da seguinte forma: "De uma coisa eu sei, a existência não tem nenhuma meta e como parte da existência não posso ter meta alguma". Como você compreende isso? Agora, como explicar isso ao senso comum? "No momento em que você tem uma meta, você se separa da existência" o que os seus pais ou seus patrões diriam disso?

 

Aqui, quero chamar sua atenção para um detalhe muito importante, que provoca tremendo mal entendido. Na superfície, de acordo com sua ocupação, você pode e deve ter metas. A meta de manter uma planta viçosa no seu jardim pode ser facilmente cumprida com algumas doses semanais de água e sol, dependendo da necessidade daquela espécie. Não se assuste quanto às metas da superfície. As metas que te forem dadas são possivelmente passiveis de serem conquistadas. Agora, alimentar a meta de comprar um BMW por mês, se você trabalha como gari, irá provocar tremenda frustração. Esteja atento e tenha muito carinho consigo mesmo, em se tratando disso.

 

Problema desnecessário é luta sem significado. Em inconsciência, as pessoas vivem no ambiente de luta contra a realidade. Cada vez mais estressados e pressionados com as metas – o que lhes roubam do Agora. O contrário é possível e muito mais artístico e libertador. Encontre um ponto em que você possa estar, aqui e agora, fazendo exatamente o que você gosta.

 

A grande massa, a sociedade quer consumir algo que a mantenha intacta. Se isso o agrada, não tenho nada a ver com isso. Mas, se isso frustra seu próprio prazer, seu deleite em se mover no mundo, este é um sinal de que você precisará romper com o desenho traçado pela sociedade e encontrar aquilo que, de fato, promove alegria no seu coração. 

quinta-feira, junho 28

impessoal


Ao dar-se conta de que quem você verdadeiramente é não tem limites, o que pode vir a te aterrorizar? Não tem nada fora daquilo que você é. O medo, a angústia, a ansiedade... todos esses sentimentos são periféricos, acontecem na ideia de separação. No momento em que você olha e vê que não está separado, tudo isso se torna irrelevante, sem sentido.

 

 Você pode fazer o que quiser, o que pintar na sua cabeça, não muda absolutamente nada. Tudo é uma grande brincadeira, Leela. Aprenda a brincar!

 

Participante — A nossa mente lógica diz: "Você está fazendo isso, você está fazendo aquilo..." Mas, se estou entendendo o que você está querendo nos passar, vejo que nós não estamos fazendo nada, apenas somos uma manifestação da Existência, uma passagem para a Existência se realizar. Nós não somos nada disso.

 

Sim. E não se trata da Existência em você - só existe a Existência! Você é a Existência. A onda é uma manifestação do Oceano. A onda não deixa de ser o Oceano quando ela se manifesta.

 

Participante — E quando estamos fazendo algo, mas parece que não estamos fazendo aquilo ali, é a Existência que está fluindo?

 

Isso mesmo, é Ela que está fazendo.

 

Participante — O corpo está ali apenas como um mero objeto.

 

Você é um mero objeto para a subjetividade pura que a Consciência é. E é nesse momento que você fica livre. Você está liberado de culpas e responsabilidades. Você só vai poder fazer o que pode fazer, aquilo que está em suas mãos e que a Existência quer que seja feito por você. O resto, largue de mão e celebre. O que quer que seja que tenha que se manifestar através de você, não pegue pessoalmente. Você não é uma pessoa. 

quarta-feira, junho 27

contente: aquilo que contém


Sua avó disse que você está dentro do corpo. Sobre isso, proponho uma breve investigação.

 

Você está sentado aqui comigo?

 

Participante – Aparentemente.

 

Beautiful! Você nota esse corpo sentado? Isso é notável? Quero promover um salto, quero que você se dê conta de algo importante a respeito de quem você é. O quê ou quem é que nota esse corpo aí sentado?

 

Participante – É algo que não posso ver, mas está presente aqui comigo, sempre teve.

 

E isso se encontra dentro do seu corpo?

 

Participante – Se encontra no todo, em toda parte.

 

Que tamanho tem?

 

Participante – Não tem.

 

Qual a forma?

 

Participante – Não tem.

 

Idade?

 

Participante – Não tem.

 

Agora, olhe para dentro disso que não tem como medir e veja se existe alguma turbulência.

 

Participante – Sinto como se eu estivesse dançando.

 

Não imagina nada e veja se continua dançando ou se existe alguma turbulência dentro disso.

 

Participante – Agora, um imenso vazio.


O que acontece com a sua mente na presença desse vazio?

 

Participante – Não penso em nada.

 

Daria para dizer que sua mente está quieta?

 

Participante – Sim.

 

Isso é você. Você é essa presença silenciosa, pura Consciência. E quanto mais você nota isso, quanto mais você se aproxima disso na sua vida, no seu dia-a-dia, seu corpo se torna mais à vontade, ele relaxa, e a sua mente se aquieta. De verdade, não há nome ou sequer um adjetivo que possa descrever precisamente o que você é.

 

A nossa "avó", o passado, nos deu a ideia de que estávamos dentro do corpo. Agora olhe com a pureza e a clareza da Consciência e veja se você esteve alguma vez aprisionado dentro do corpo. Nos foi dito que, ao nascer, entrávamos no corpo e, quando morríamos, saíamos do corpo. Aqui, diante dessa nova visão, pondere: você está dentro do corpo ou o corpo está dentro de você?


terça-feira, junho 26

ressonância e silêncio


 

A todo instante tem um impulso, vindo não se sabe de onde, pedindo para que você continue criando ruído. O ruído impede o trânsito de entendimento fluido entre dois pontos. No contrário, há ressonância. Alinhando dois objetos na mesma frequência, a vibração de um dos objetos, reflete no outro. Sem ruído algum, limpo.

 

Entre os chamados "seres humanos" a possibilidade de ressonância é praticamente zero. Na verdade, arrisco dizer que somente quando deixamos de ser humanos é que pode haver ressonância. Ressonância, portanto, é aquele momento em que "você" desaparece.

 

Quantas vezes você tenta impor a sua vontade sobre algo ou alguém? Aqui vale chamar a sua atenção para a auto-observação – é fundamental. Na medida em que observamos a existência de movimentos inconscientes na direção de uma tomada de poder sobre algo ou alguém, somente assim, trazendo à luz este comportamento, há a possibilidade de ressonância, antes disso não.

 

Osho diz que "meditação é a eliminação do intermediário entre você e a realidade". Acho muito pertinente, porque todo o nosso propósito aqui está em eliminar o intermediário entre você e a realidade. É tão crítico este ponto, tão profundo, que quero sublinhar: a única coisa que diz que existe realidade separada de você é o intermediário. Na medida em que você remove o intermediário, a mente, nada precisa ser feito.

 

Para finalizar, reforço, então, o meu convite: investigue brevemente e veja quem é este intermediário entre "você" e a "realidade". É neste momento que meditação deixa de ser um fazer, e se torna a sua natureza. Lembre-se: Silêncio é fundamental. Para o intermediário, Silêncio parece uma coisa alienígena, estranha à sua natureza. O intermediário é o impedimento. Mas, investigando, você fica cara a cara com a sua natureza. 

sexta-feira, junho 22

o silêncio das bergamotas


Hoje, durante o café da manhã, um breve diálogo sobre "Deus", com alguém que "acredita" no Evangelho Cristão.

Ela disse:

– Eu acredito no poder da palavra. Não é nisso que você acredita?

– Acredito no poder do Silêncio.

– Mas o Silêncio...? O que é o Silêncio?

– Silêncio é Deus.

– É nisso que você acredita?

– Não, eu não "acredito", acreditar não é saber. Fique quieto e saiba. Deus é essa cesta de bergamotas. Deus não é um cara "lá", fazendo coisas a seu favor ou contra você. Ele está muito mais próximo de ti do que você imagina. 

terça-feira, junho 19

o permanente e a inconstância


Quando você diz que está notando luz ou turbulência, pergunto: quem está notando essa luz ou essa turbulência ocorrendo no corpo, no coração ou onde quer que seja?

Quem é você? Esta é a pergunta fundamental. Estamos habituados pela programação do software, embutido genética e culturalmente, a notar constantemente os eventos. Estou aqui, portanto, com um único convite: pare de notar os eventos! Você perde sua preciosa vida, se distraindo e analisando os eventos.

Em verdade, a grande chave é: note os eventos, eles estão ocorrendo. Veja-os. Mas antes de tudo, note aquele que está a notar os eventos. É por e para isso que estamos aqui, para ver Aquilo que vê. E só tem uma maneira de acesso: investigue com toda a sua  vitalidade: quem é você? 

É muito mais simples do que você pensa. Veja: onde está a turbulência agora? Se a turbulência passou, ela não é você. E não se engane quanto à luz tampouco, pois temo que a luz também possa passar, o que deixaria comprovado que você também não é essa luz.

O que quero que você verifique e realize é que, por mais lindos ou horrendos que sejam, todos os eventos passam. Tem uma coisa que permanece presente, imutável, genuína. A isso temos chamado de "observação". Por mais que você se distraia com os eventos e não a note, ela está sempre presente, é dentro dela que todos os eventos ocorrem. Se você busca a si mesmo, volte-se da inconstância dos eventos para a Observação permanente.

domingo, junho 17

a raiz do medo


Akhil – Satya, sobre o "medo". O que fazer para transcendê-lo ou superá-lo?
Enquanto você se pensa "uma pessoa" o medo está presente como um atributo. Se você não gosta dos frutos de uma árvore que vive no seu jardim, você se ocupa em eliminar os frutos, enquanto, de verdade, o que deve ser feito é eliminar a raiz. E a raiz do medo é a concepção de que há um "você", de que esse "você" é verdadeiro, é existencial. Então, para eliminar o medo, devemos eliminar a ideia de que há alguém. O medo aparece como uma consequência por pensar-se alguém. Para eliminar o medo, volte-se para dentro e descubra quem é você – e o medo naturalmente desaparece – ele desaparece porque aquele que temia desapareceu. Quando isso acontece, o medo passa a ser notado como uma condição mental, algo que acontece à mente e não à você. A partir disso, há um distanciamento e ele é experienciado de maneira muito distinta, sem grandes problemas.

Akhil – O que tens a dizer para aqueles que estarão contigo no próximo fim de semana?

O importante é que você desperte. A chave é despertar, é dar-se conta de que você não é aquilo que você vinha pensando ser. Desperte para o fato de que o que o anima não são os seus pensamentos, não são os seus conhecimentos e experiências – tudo isso é passado. O que nos anima é a Consciência. Isso é o que importa. Porque todos se pensam "pessoas" com histórias, enquanto que no contexto de Satsang chamamos isso de "sonho". As pessoas estão sonhando. Despertar deste sonho é ver que o que o anima não é o passado com suas experiências. O mais importante do nosso encontro, portanto, é promover este despertar. 



Trecho de entrevista à Radio Unica de Todelar, Bogotá/Colombia.

quinta-feira, junho 14

além do UM


Vejo que tem um grande terreno esclarecido, mas a pergunta ainda está no ar. Quem é você?



(Participante) – Percebo como se estivesse me libertando. A partir do momento em que vivenciamos algo como o que está acontecendo esses dias aqui, contigo, isso de saber quem somos, quem sou, o Ser. É como se de repente eu me enchesse de luz. É como se eu tivesse aprendido a ouvir... e vem tanta emoção que parece que vou explodir. Mas, para que eu possa ter no dia-a-dia, esse momento, esse êxtase – se bem que não é exatamente um êxtase, porque o êxtase ocorre em um segundo – falo dessa coisa quase que orgástica... Minha pergunta é: Como acessar novamente isso?
 


Sua pergunta tem pertinência. Vamos em frente... Não tire seus olhos dos meus e vejamos se "você" explode de uma vez. Diga-me: O que está acontecendo agora?
 


(Participante) – Emoção, gratidão, plenitude.
 


Ok. Deixa eu te fazer uma pergunta e quero que você note que a sua mente tem vantagens sobre você, ela "sabe" muitas coisas. Quero que você note isso e, por mais belas que sejam as respostas, elas não nos servem agora. Diga-me: Quem é você?
 


(Participante) – Sou tudo. Aqui, nós somos um.
 


Veja se você está buscando este conteúdo na sua mente, ou se isso é observável aqui e agora.
 


(Participante) – Estou sentindo.
 


Pois, se você está sentindo, onde isso está ocorrendo?
 


(Participante) – Fora.
 


Yes. Você percebe. Já te dei todas as chaves, agora trabalhe comigo. Vamos além, porque é claro que tudo isso é muito lindo, mas não deve se tornar uma filosofia. Quero que você veja! Dizer que "todos somos um" é lindo, mas se você não realiza o que isso significa, de verdade, se não há uma experiência-direta, se tornará mais uma teoria. Não vale a pena. Não faça de "ser quem você é" uma teoria, pois as teorias podem ser perdidas. Quando menos espera, você esquece. Estamos aqui para ir além. Veja. Saiba. Realize!

segunda-feira, junho 4

atrás do espelho













Vivemos dentro da nossa cultura de uma forma refletida. Nós nos refletimos nos outros, refletimos a nossa existência. E uma experiência refletida é secundária, ela é indireta, não é uma experiência direta de quem somos. Por isso as pessoas sofrem – porque vivem de acordo com o reflexo e o reflexo não é o que você é. Você não é o seu reflexo! Você não é aquilo que é refletido. Você é aquilo que está atrás do espelho.

Nos relacionamos com o mundo como se o mundo e as pessoas fossem objetos e nós fôssemos sujeitos. O que quero compartilhar é que nós – esse corpo, essa mente – não passamos de objetos também. Esse pretensioso “alguém” que você insiste de chamar de “eu” não é nada mais que um objeto também.

Aquilo que você é, em sua mais tenra natureza, transcende tudo e trazê-lo direto para essa visão é o propósito do nosso encontro.


Suspenda completamente as suas memórias e ideias a respeito de tudo. Tudo aquilo a respeito do que você tem ideias, por mais sedimentadas e comprovadas, são apenas ideias. Coloque-as na prateleira! Imagine que você tenha uma livraria dentro da sua cabeça e lá estão todas as ideias colocadas em livros: sexo, família, verdade, iluminação, eu, o outro, nós... o que quer que seja. Deixe tudo isso na livraria e tente acessar aquilo que estou propondo agora, diretamente, sem nenhum vínculo com aquilo que você já viu antes.

Você não tem nome, não tem forma, não tem tamanho. Não há sensação que possa descrevê-lo. Todas as sensações ocorrem dentro de quem você é. Não importa o que faça, você é aquilo que observa. Não importa a imagem que venha, o pensamento que venha, a emoção que venha... você só tem acesso a tudo o que ocorre porque você é o espectador dos eventos, você é – nada mais, nada menos que – a testemunha silenciosa.

Portanto, mantenha o foco nisso que você é, na observação que você é, e não nos objetos. Objetos vêm e vão. Quem você é permanece imutável e pacífico.

sexta-feira, junho 1

agora, sem amanhã
















Uma historinha bela que me foi contada por uma amiga...

Sua filha, quando criança, ainda bem pequena, sempre perguntava quando era o amanhã. A mãe, sem demora, respondia: amanhã é depois que você dormirDaí, você acorda e é amanhã. A criancinha, curiosa por conhecer o amanhã, dormia e, assim que acordava, pergunta novamente: mãe, hoje já é amanhã?  E a mãe, de novo, lhe explicava: não, hoje é hoje. Amanhã é só depois que a gente dorme e acorda. E a criança continuou, a cada manhã, perguntando se o amanhã já havia chegado.

Naquele momento, essa mãe não tinha acesso ao “agora” e não soube como apresentá-lo. Mas, definitivamente, o “agora” sacia toda a necessidade de busca. Quem se importaria com o amanhã, repousado no agora? Até porque não tem amanhã.

Só tem um lugar para estar e esse lugar lhe é dado de presente. Se você se aquieta, você nota que no aqui e agora não tem mente. E mesmo que a mente apareça, como você não a alimenta, ela desaparece. É como se a energia, que antes estava focada em um determinado lugar, fosse deslocada.

O seu corpo-mente tem sempre um impulso, porque a natureza do corpo-mente é movimento. Parada, a mente não existe.  Então, para se alimentar, ela sempre irá fazer alguma coisa. É o movimento da mente e do corpo que faz a manutenção da ideia que você tem de si mesmo.

Se você se aquieta, essa ideia não é mais alimentada, ela começa a sumir e aparece algo novo: você, finalmente, se torna consciente de que você não é o que você pensa que é. Neste ponto, você retorna à inocência da criança, ao não-saber, e a observação da Consciência que você é se abre com total clareza e abundância.