quarta-feira, julho 31
o instante do vazio é cheio e azul
segunda-feira, julho 29
entre sair e entrar, no quase, entre
A Verdade não está contida na forma e você não a encontra porque ela não está perdida. É muito simples! Veja se você consegue dar essa volta: a Verdade não pode ser encontrada porque ela não está perdida. Se ela estivesse perdida, algum indivíduo a teria encontrado.
Outro dia encontrei um manuscrito que dizem ser de Shiva. Chama-se Centering (centramento, centrando-se). Shiva cantou primeiramente estas canções para sua consorte Devi. Numa linguagem de amor que nós ainda temos que aprender. Amor é exatamente esse momento, de completa abertura para a possibilidade, completamente outra, que não aquilo que sua mente propõe. É um momento de dissolução. Veja o que diz:
Devi pergunta: Oh, Shiva! Qual é a tua realidade?
Qual é o teu universo cheio de maravilhamento?
O que é que constitui a semente deste universo?
Qual é o centro? Quem centra essa roda universal?
O que é a vida, além das formas, das formas contidas?
Como podemos entrar nisso, totalmente, além do espaço,
além do tempo, além dos nomes, além das descrições?
Por favor, deixe que as minhas dúvidas sejam esclarecidas...
Shiva tem cento e doze respostas para essa pergunta. Eu fiquei com a primeira e compartilho. Veja se você acessa a simplicidade dessa resposta:
Radiante Devi: essa experiência pode nascer entre duas respirações. Depois que a inspiração entrou e assim que ela estiver saindo, a beneficência.
Ele está falando desse exato momento onde tudo pára. Então, se você senta e se aquieta, aqui, agora, enquanto tudo acontece, observe que a respiração em quase nenhum momento para. Não se mova e note, nesse quase, tudo para. A respiração entra e sai, quase sem parar. Quase.
Shiva está chamando de "beneficência", este menos de um segundo em que a respiração fica suspensa, entre o entrar e o sair. E essa beneficência se encontra aqui e agora. Tenho insistido nessa única revelação. A sua única possibilidade está em dar-se conta daquilo que existe nesse menos de um segundo.
quinta-feira, julho 25
amor é uma cadeira vazia, também
Tudo o que acontece, é um convite para voltar para o lugar certo. Não esqueça isso. Todo o intuito está em descobrir que o amor independe do objeto. Não transfira o peso para o outro. Refute qualquer tentativa de descrição e permaneça com o amor.
Todos os objetos podem ser perdidos, mas o amor não pode ser perdido. E, aqui, não me refiro ao amor pelo objeto, estou falando do amor puro e simples. Pode parecer duro, mas a verdade é que o amor permanence retilíneo, vertical, somente com ele mesmo – não tem nada a ver com os objetos.
O oceano não sofre sequer a perda de uma única onda, nenhuma onda leva dele a sua magnitude. Na verdade, todas as ondas são dele, são ele. O amor, portanto, é aquilo que contém todos os objetos. Nada está fora.
Quando você refuta as descrições, o que lhe falta? Seja cruel consigo mesmo, nesse sentido. Seja cruel com a mente que exige que seja diferente – a sua mente e a dos outros, que são, na verdade, uma única coisa.
Refute toda e qualquer crença. Livre-se das bobagens que a mente acredita e faz com que o seu mundo seja tão restrito. Essa é a liberdade da qual todos os mestres sempre falaram. Não tem nada a ver com os objetos, com o ir e vir, com o lado de fora. Tem a ver apenas com saber quem você é, saber que você não é um objeto e, principalmente, saber que Amor É tudo. Inclusive uma cadeira vazia.
terça-feira, julho 23
aqui: intenso. tranquilo: agora.
O tempo todo você tenta aprisionar o temporário para mantê-lo sob controle, porém, não se dá conta de que isso é uma enorme perda de tempo. Proponho que a mesma intensidade que você deposita em manter as coisas controladas seja transferida para o lugar certo. Ponha toda essa energia em saber quem você é.
Ser uma mulher é um engano, é um pensamento que você está mantendo. Provavelmente, em Marte você não seria reconhecida como uma mulher – e isso causaria uma grande confusão interna, não é mesmo?
Por isso a ênfase em manter-se alinhado com a sabedoria que está adormecida em você, desperte para a Observação, para o Silêncio que você é.
O Silêncio nos liberta do amanhã, das metas que tiram o nosso sono. Sem metas você fica tranquilo. O lugar onde você quer chegar é imaginário, o "aqui" é muito mais interessante. Veja! Do que você precisa agora? Olhe para dentro e responda.
segunda-feira, julho 22
vida, prazer, bondade
Participante – É muito comum se deixar levar pela ilusão do prazer. Ficaria mais fácil se vivêssemos numa pequena aldeia, criando momentos de transcendência total?
Reitero mais uma vez: o que você está buscando? Uma forma de não ser iludido pelo prazer? Estou te convidando a ver quem você realmente é, não proponho uma forma de viver a vida. Quero que você saiba quem você é.
A vida será vivida por ela mesma, da maneira que ela desenhar. Aliás, sem ilusão, não há vida. Vida é ilusão.
Quando digo que "você é Consciência", não estou apontando para este corpo sentado aí. Consciência não está sentada aí, não é uma propriedade sua – do corpo ou da mente. Nesse sentido, tudo é Consciência e Consciência está em todos os lugares.
Rompa com a mente, porque é ela que tem essa noção de bem e mal, de certo e errado, de moralidade e, principalmente, derradeiramente, de dualidade. A mente não admite o mal, mas quem você é – a pura Consciência – não é nem boa nem má. Não é verdade que o bem é o "direito" e que o mal é o "esquerdo". Esse é apenas um condicionamento cultural, linguístico. E, diga-se de passagem, é uma maldade alimentá-lo.
sexta-feira, julho 19
soberano e indescritível
Quando desaparecemos enquanto descrição, torna-se impossível estabelecer qualquer projeção sobre o que quer que seja. Somente dessa maneira podemos ver o mesmo em tudo. Na verdade, ver a si mesmo em tudo.
Fique quieto e não siga nenhum pensamento. Resista! Desconfie dos pensamentos tanto quanto desconfia de que, do jeito que você é, já seja o buda. Foque no Silêncio de uma maneira que essa "energia" venha a explodir internamente. Sem seguir nenhum pensamento – este é o único movimento necessário e, na verdade, é um não-movimento –, tudo já está perfeito do jeito que é.
Por condicionamento, há a tendência inconsciente de seguir a todo instante os impulsos físicos e mentais. Você dá imenso valor aos impulsos que surgem, como se fosse impossível não correspondê-los. Vem o pensamento: "Quero comer chocolate". E logo você obedece. Por quê? Experimente não ser tão obediente a esses impulsos.
Aquiete-se e torne-se íntimo do mistério. Há algo indescritível, imensurável, que está por trás de tudo. Aproxime-se! Essa é a única maneira de "vencer", pois somente ISSO é indestrutível, imperativo, soberano. Todo o resto é periférico, aparece e desaparece.
Um pensamento vem e vai. Um sentimento vem e vai. Uma sensação vem e vai. Um desejo vem e vai. Tudo acontecendo na periferia. Você é aquilo que vê todos esses acontecimentos. É possível descrever tudo o que é visto, mas você não pode ser descrito. Aquilo que vê não pode ser visto.
quarta-feira, julho 17
a beleza do agora em todas as coisas
Um dia estava caminhando em Santiago do Chile, com uma câmera na mão, era um fim de tarde e a luz estava incrível. Aquele sol chileno de verão estava batendo nos edifícios, refletindo céus e formas. Havia uma luz que batia num prédio e refletia no outro… Simplesmente um show! Então, levantei a câmera e fiz a foto. Fiz mais uma, outra e outra e ainda mais outras. Um pouco depois, parei para tomar um café. Estava acompanhado de uma pessoa que nunca me havia visto fotografar antes e, assim que sentamos, ela perguntou, incrédula: “Por que você estava fotografando prédios?” Além de sorrir, tive que dizer que não estava fotografando prédios, estava fotografando a beleza do agora.
segunda-feira, julho 15
além dos clichês, divino é radical
sábado, julho 13
deslocalização do imaginado e o des-mundo silêncio sem contrário
quarta-feira, julho 10
a falta que sobra e a abundância da desnecessidade
terça-feira, julho 9
touro silencioso, criativo e vital
segunda-feira, julho 8
dura lex, sed latex e o golpe baixo da gravata que sufoca
terça-feira, julho 2
a unicidade regente, você em tudo
Faça um experimento: é bem possível que, se você não ficar brigando com a sua mente por ela estar sempre envolvida com o passado e com o futuro, ela se interesse pelo que está acontecendo no tempo presente.
De repente ela fica entediada pelo passado e procura saber o que está acontecendo neste momento. De repente ela se ocupa em notar que você respirando, vendo, ouvindo... Afinal, existem flores em todos os lugares, você só não olha para elas porque está confuso com um gigante mal entendido.
Sempre tem algo interessante acontecendo. Só não fica interessante porque a mente se apóia nesse constante estado comparativo. Ela está sempre comparando, pré julgando.
Não proponho, de nenhuma maneira, a interrupção dessa comparação. Pois, o mero fato de saber, de se dar conta, faz com que ela não tenha mais força. E, sem força, sem a regência do tempo, ela não tem como impor a infelicidade no momento presente.
Existe a necessidade de uma investigação precisa, muito mais objetiva que qualquer outro momento já nos tenha proposto. Tudo aquilo que você pensa a respeito de si mesmo e do mundo deve ser verticalmente investigado.
Somente quando você notar a si mesmo como Consciência, uma pequena chama terá se acendido. E esta virá a ser a base de qualquer reflexão, de qualquer relacionamento entre você e todos os objetos, em unicidade. É entre você e você mesmo.