sexta-feira, abril 23

Regina Festa entrevista Satyaprem



[Satyaprem] Observação não é observar o que está fora, é observar o que está dentro.
Quando você observa o que está dentro, o que está fora desaparece.
A sua preocupação com os objetos externos tem uma função no nível superficial,
para acomodar a sua existência.
Mas chega um momento em que a flecha tem que se virar para dentro, completamente.
E, dentro, você não encontra nenhum objeto - porque você não encontra nenhum sujeito.
Quem cria os objetos são os sujeitos. Sem sujeito não tem objeto.
Então, os acontecimentos do mundo, aparentes, aparecem a quem?
O mundo e as coisas que acontecem, más ou boas, acontecem a quem?


[Regina Festa] A mim?


[Satyaprem] "Mim". Então, agora, seguindo o diálogo: esse "mim" não é um acontecimento,
tanto quanto os outros acontecimentos no mundo?


[Regina Festa] Nesse sentido, sim.


[Satyaprem] Então o mundo e você não são diferentes. O mundo, na verdade, é uma projeção sua.
Veja quem é você, e logo verá que não tem você. E se não tem você, eu pergunto: onde está o mundo?
Não tem mundo. Apenas tem algo que está acontecendo, mas não está acontecendo, não tem mais o mesmo sentido. Se você acorda, o mundo não é mais o mesmo que as pessoas têm.
Existe uma vitalidade intensa e incompreensível, digamos assim.
Não é necessário, em nenhum minuto, que você saiba o que está acontecendo.
Não existe em nenhum momento a descrição do que esteja acontecendo. Existe apenas Silêncio.


[Regina Festa] É o verbo.


[Satyaprem] É o verbo. Não existe absolutamente nada acontecendo. O grande barulho que ocorre, aparentemente, no mundo, ocorre exatamente porque somos chamados a responder aos acontecimentos.
Se não fôssemos chamados a responder aos acontecimentos, não haveria nenhum ruído.
Haveria um grande Silêncio dançando, se movendo de uma maneira diferente.
Na verdade, este é o chamado. A humanidade está sendo chamada para essa possibilidade.
Porque, do lado de fora, o ruído está intenso demais.

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