Como é que você se move: no esquecimento ou na lembrança? Aqui, quando digo “lembrança” e “esquecimento”, entenda esquecimento como ignorância de si mesmo e lembrança, sabedoria.
Sabedoria quer dizer que você sabe quem você é, quer dizer que isto foi questionado e visto. E, enquanto a visão clara ainda não ocorreu, você ainda se distrai – ora no esquecimento, ora na relembrança. Não tem nenhum problema nisso. Retorne sempre que possível. Às vezes você se identifica completamente com os meandros da vida e em outros momentos não. O importante é que, entre uma coisa e outra, durante uma coisa e outra, se mantenha a vigilância daquilo que você é.
O único detalhe importante nisso tudo é que o “relembrar” não é um fazer, ele ocorre à sua revelia. Por isso reforço a importância em comprometer-se com esta “visão”. Sempre que ocorra, sempre que você for “visitado” pela presença do Silêncio, receba-o com muito carinho e confie. Este ato de entrega e confiança, de alguma maneira, o manterá cada vez mais próximo. Chega um momento em que o “visitante” – o Silêncio – não vai mais a lugar nenhum. Porque essa é a verdade: ele não vai a lugar nenhum. É você que viaja no “esquecimento” e depois retorna.
Não tenha pressa, enquanto houver esse ir e vir, esteja atento e celebre o “vir”, o retorno. A verdade é que enquanto houver conforto nesse “processo”, você se mantém acomodado. No entanto, pode ser que, enfim, chegue o momento em que se torne insuportável ou impossível “ir”, e você se entregue ao fogo da Verdade e queime o mais rápido possível. Aliás, se quer saber, estou esperando por você.