Aproveitando a deixa de um aparente ano novo, vale explorar esse tema. A sociedade, como um todo, apela pela esperança. Muita energia é depositada em dar mais esperança aos que estão desesperados, sem notar – ou, na verdade, completamente ciente disto – que oferecer esperança aos desesperados só perpetua o desespero.
E você tem se contentado com um "Doril", que alivia momentaneamente aquela dor que virá a surgir novamente mais tarde. Satsang, porém, oferece um outro antídoto. O remédio oferecido em Satsang é que você não remedeie. Se você está desesperado, fique ainda mais, porque talvez através desse desespero você entregue os pontos.
Participante – Desesperado, aqui nesse contexto, é quando não esperamos mais nada, não é?
Exatamente.
Participante – Este é um bom caminho.
Um caminho ainda propõe uma dose de esperança, portanto, Satsang não é um caminho, é um encontro. Na nossa cultura, estar desesperado não é aceitável mentalmente. Quantas vezes você já ouviu que "é preciso manter a esperança"? Todos precisam ter um sonho, é isso que as músicas cantam e a televisão fala o dia inteiro. É por isso que maturidade aparece como um requisito para chegar à Verdade, porque estamos indo contra uma montanha de argumentos totalmente aceitos e aparentemente reais para a grande maioria.
Satsang não propõe nenhuma esperança. Satsang coloca, inevitavelmente, o aqui e agora como única possibilidade. Aqui, você rompe com a esperança – este é o único objetivo. E, uma vez que você não espere mais nada que possa vir de um outro momento, que não esteja aqui e agora; ou seja, uma vez que você pare de imaginar, o que fica?
Dê-se conta de que o seu sofrimento repousa no tempo. Você sofre porque compara o momento presente com um momento imaginado. É a esperança que o faz sofrer. Portanto, não espere absolutamente nada. Não há nada "depois". Simplesmente esteja presente e veja o presente se abrir diante dos seus olhos.
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