É isso o que tenho para dizer por hoje: todo o seu mundo, o mundo em que você vive, o mundo que você concebe, foi ditado por alguém – é um mundo terceirizado.
Proponho um leve desvio: como seria o mundo diretamente, sem a mediunidade de outrém? Sim, porque vivemos um mundo mediúnico, as nossas relações com os objetos sofrem o intermédio daqueles que nos circundam. Você não sabe o que é nada, até que alguém diga o que aquilo é.
Aqui, corremos um risco: eu vou dizer quem você é, ainda que não seja o suficiente – pois você vai ter que descobrir diretamente. Este será meu intuito: eu digo e não vou descansar até que você veja com seus próprios olhos.
Dê-se conta que isso que você chama de "copo d'água" não é um copo d'água. É pacífico que este seja o nome do objeto e que usemos esse nome, não há nenhum problema com isso. Mas o fato é que o objeto não é o nome do objeto – existe uma diferença abismal entre o objeto e o seu nome.
Agora, veja: o mundo em que você vive, essa casa fechada, é um substrato totalmente intermediado por outros. Tudo é o que o outro diz. Você pergunta para o médico e até para o espelho se você está bem. O hábito é tão arraigado que você não se dá conta que, na verdade, toda a sua informação a respeito de si e do mundo provém de outro alguém, ela não é diretamente sua. É crítico.
Proponho, portanto, que você veja algo que não tem a ver com o que você aprendeu. Aliás, aquilo que você aprendeu serve, tem uma função social – promove a comunicação, a socialização –, mas não faz com que você descubra quem você é.
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