segunda-feira, janeiro 31

passado é imaginação

















A mente foi desenhada para pensar, ela não consegue fazer nenhuma outra coisa. Quando pedimos que não pense, ela começa a pensar em como não pensar. A mente foi desenhada exclusivamente para pensar e nada mais. No entanto, o seu poder é incrível. Ela pensa que observa, pensa que é o corpo e, por último, pensa que é você. Ela pode pensar o que quiser. Foi desenhada para pensar e quanto a isso não existe limitação.

Você pode pensar o que quiser. Pode pensar que me conhece, e pensa, mas isso é apenas um pensamento. Afinal, o que é me conhecer? É pensar algo referente ao passado. Mas o passado não conhece o presente. E tudo o que você tem na mente diz respeito a quê? Diz respeito ao presente? Não, o conteúdo da mente diz respeito ao passado. Não se trata apenas de condicionamento, são memórias. E aqui também entra o futuro, de uma outra maneira , como imaginação.

Participante - Satyaprem, quando você fala de tempo para a mente existir e quando me dou conta disso, não é só a mente que desaparece, o tempo desaparece também.

Isso mesmo! Porque tempo e mente são idênticos. Sem tempo a mente não existe. E você diz que sai do aqui e agora quando pensa. Mas quem é que pensa?

Participante - A mente.

Yes! É a mente que pensa.

Você nota que estou propondo, sutilmente, que você e a mente são duas coisas diferentes? Que você e o corpo são duas coisas diferentes? Se você nota isso, estamos prontos para conversar a respeito de uma pergunta fundamental, quase inacessível para a maioria dos mortais: quem é você?

sexta-feira, janeiro 28

No esquecimento está a relembrança


















Rumi diz:

“Fui o primeiro a enredar-me nos cabelos do grande imperador.
Girando ao redor do eixo do êxtase, entrei em rotação como a roda do céu.
Como descrever isso a ti, que foste criado tanto tempo depois?”

Todas as metáforas foram feitas, na tentativa Daquele que nasceu muito antes, contar-nos algo que está além das palavras. O problema é que aquele que nasceu muito tempo depois está enredado nas palavras. E ele deu realidade às coisas por causa das palavras. E é aqui que começa todos os enganos.

Para elaborar, Osho conta uma piada encantadora... Um menino que tinha uns seis anos de idade estava conversando com seu irmãozinho de cinco, que ia para a escola pela primeira vez, aprender a ler, etc. O de seis, então, disse para o menor: O  melhor que você tem a fazer é não aprender a soletrar a palavra "gato". O novato, receoso, perguntou por quê. E o mais velho respondeu: Porque depois que você aprender a palavra "gato", as palavras vão ficando cada vez maiores e mais complicadas.

Você vê? O que nos garante que uma taça é uma taça? Se você for para a China, por exemplo, e pedir uma taça para o chinês, ele vai passar uma taça para você? O que nos garante que o que aprendemos é verdade?

Quando começa a se dar conta do que está além das palavras, você está seriamente preparado para esquecer-se de si mesmo. Empreenda o esquecimento. No esquecimento está a relembrança.  

Há muito tempo atrás, estava na Suécia e tive a possibilidade de um confronto com um iluminado. Paguei todo meu salário para ficar um minuto com ele. Entrei num quarto semi-escuro e ele estava sentado no meio de uma cama de casal, com as pernas cruzadas e a cabeça baixa. Sentei numa cadeira que estava disponível, ele levantou a cabeça e perguntou o meu nome. Eu respondi "Satyaprem". E ele indagou sobre quem havia me dado. Eu disse que tinha sido o Osho; e ele exclamou: Vocês perderam um grande homem! Bom, ali, fiquei pensando no que ele estava dizendo... enquanto ele pegou a colcha da cama e perguntou: "O que é isso?" Eu, claro, respondi que era uma "colcha". E ele simplesmente disse: "Isso não é uma colcha" - baixando de novo a sua cabeça. Só me restou naquele momento, levantar e ir embora sem discutir nada a respeito.

Hoje sei porque aquilo não era uma colcha e porque isso não é discutível. Aquilo não é uma colcha e ponto final. Eu pergunto: "Quem é você?" Você me dá uma resposta. Não é isso! E ponto final. Não tem discussão. Assim é. Mas você terá que praticar o esquecimento...

quinta-feira, janeiro 27

fugaz ao avesso, azul















 Investigando a mente, é possível dar-se conta de algo que está além dela. Porém, aqui deve nascer o verdadeiro Você, pois somente o verdadeiro Você pode ver o que está além da mente. A mente não pode ir além dela mesma.

Muitas coisas não terão sentido lógico no que apresento, principalmente porque a mente quer chegar a conclusões. Ela sempre quer encaixar as peças, e, pior, tenta conter o Ser. Mas há fugacidade – ele nunca será controlado pela mente.

É por isso que é tão raro que alguém “Seja”. A maioria das pessoas está no “ter” e não no “ser”. Elas “têm” a si mesmo, elas têm profissões, ideias, percepções, experiências... Elas não “são”! Elas têm, têm e têm.

O mundo é regido pela cartilha do acúmulo. Quanto mais experiências e conhecimento você tem, mais você é, porque ter é poder. Para o mundo, saber é poder. Ou você já ouviu dizer que “Ser é poder”? Eu nunca ouvi. O Ser não quer poder nada, ele já está resolvido, está em paz. E é por isso que estamos aqui. Para reencontrar esse lugar que já está pacificado, que é o seu lar. Seja!

terça-feira, janeiro 25

a uva e a mente: passa


















Beatriz: Satya, porque é tão difícil aquietar a mente?

Quem é que diz que é difícil aquietar a mente?

Beatriz: A maior parte dos humanos com os quais eu convivo tem essa dificuldade.

Então vamos esquecer a maior parte dos humanos, porque eles não estão aqui. Vamos ver dentro de você. Quem é que diz isso? Observe-se um pouco. De onde vem a informação de que é difícil aquietar a mente?

Beatriz: Das minhas crenças, dos meus valores, do meu desejo de controle... Por que é tão difícil perder o controle?

Mas quem diz que é muito difícil perder o controle? Quem é que diz dentro de você que é difícil perder o controle? Veja de que forma você se hipnotiza dia após dia, repedindo que é difícil perder o controle. Tem alguém controlando você internamente, dizendo que é difícil. E, dessa maneira, se existe esse dizer constante, eu duvido que você vá encontrar facilidade em qualquer lugar. Você só encontrará dificuldade, porque o mundo é o que você pensa que ele é.

Por isso estou aqui propondo que você acesse o pensar correto. Tenha coragem de cancelar tudo o que você imagina. Dê-se conta que quem diz que é difícil aquietar a mente é a própria mente. Ela é muito astuta! Se instalou aí dentro e diz que "quer aquietar a mente, mas é muito difícil aquietar a mente".

Aliás, ouça com atenção: você não precisa aquietar a mente. Esse é o segredo que tenho para compartilhar. Está disponível, mas você tem que estender a sua mão. Você está diante de uma parreira com 3 metros de altura, suba num banquinho, faça qualquer coisa, mas esforce-se em pegar a uva.

Beatriz: E se a parreira não der sustentação?

A parreira dá sustentação para as uvas, não para você. Você ainda não é uma uva, mas tornar-se uma uva está absolutamente em pauta.

segunda-feira, janeiro 24

a menor idéia do paulo
















Tem uma pequena história que me agrada contar e cabe muito bem aqui.

Um iluminado vai a uma festa, e enquanto estava tomando um drinque, senta-se alguém ao seu lado – detalhe: festa é feita para socializar –, então, ele se dirigiu àquela pessoa e perguntou: “Quem é você?” O homem prontamente respondeu: “Eu sou o Paulo”. O iluminado continuou o diálogo: “Eu não perguntei o seu nome. Estou perguntando quem é você?” Parecendo ter entendido, Paulo retrucou: “Sou engenheiro”. Mas o homem sábio disse: “Não, eu não perguntei o que você faz. Perguntei quem é você”. E finalmente o Paulo concluiu: “Você me pegou! Tudo o que sei é que sou o Paulo, engenheiro, 34 anos. O resto eu não tenho a menor ideia”.

Tudo o que a mente sabe só tem relação com a forma e com o nome. Mas você não é a forma, nem o nome. As pessoas são catedráticas a respeito dessa área emocional que vibra entre a mente e o corpo, mas “quem” elas são, não fazem a menor ideia.

sexta-feira, janeiro 21

desimagine-se: bilhete só de ida















Reconheça que o timão nas suas mãos está solto, ele não é responsável pela direção do barco. Apenas parece que sim. Mas o barco segue o seu destino. Note isso e deleite-se em fazer movimentos diversos – bruscos, inesperados ou até mesmo tirar as mãos do timão –, para ver o que acontece.

O meu convite é: descanse! Deixe de ser você ao menos por uns dias. Nada tem que acontecer. E é exatamente nesse nada que tem para acontecer, que talvez fique claro o quão independente de você é o movimento das coisas.

Renuncie a indulgência de seguir os sentidos como mestre. Tire as mãos do timão! Você está seguindo algo sem razão. Provavelmente, você já experimentou tanto a negação quanto a adoração dos sentidos e isso foi o suficiente para dar-se conta de que o maior desafio é ficar quieto. Não reprima nem siga. É muito mais tranqüilo permanecer quieto, do que ir atrás de qualquer coisa.

Não há nada que o mantenha distante da realização da sua inerente, permanente e presente liberdade, exceto, a imaginação de que alguém ou algo, esteja mantendo você longe disso.  Só tem uma coisa que o impede de estar completamente presente naquilo que você é de verdade: imaginação.

Nesse ponto, ou investigamos o imaginado, aquilo que nos parece real numa certa instância, ou simplesmente jogamos fora! O nosso único propósito aqui é retirar-se de si mesmo, em qualquer medida. Quem quer que seja que você tenha trazido aqui como sendo você, conforme as circunstâncias de ontem, deve ser suspenso. Este é o convite que irei reforçar todos os dias. Permaneça olhando para aquilo que é inerentemente você.

Embarque nessa viagem com um ticket só de ida, e não volte mais. Você sempre compra o bilhete de ida e volta. Aqui ofereço esse convite: suporte a possibilidade de comprar um bilhete só de ida. Permita-se! E permaneça muito atento, porque a mente ira traí-lo. Nesse momento, investigue carinhosamente e verá que a mente, ela mesma, não existe. Portanto, como você pode ser traído por algo que não existe? Apenas parece. Mas não esqueça. Não sucumba! Não existe nada que o mantenha distante da realização da sua inerente, permanente e presente liberdade, exceto a sua imaginação de que alguém ou algo pode mantê-lo longe disso.

quarta-feira, janeiro 19

as palavras e as coisas






















A mente não quer parar. Ela não ouve o Silêncio e, por isso - se você insiste em usá-la -, a chance de ver o que está sendo apontado em Satsang, se torna mínima. Você tem que ouvir com cuidado. Stop! Fique quieto! Talvez nos primeiros momentos haja uma turbulência, porque ela sabe que, se parar, o soberano fica nítido. Apenas observe.

A Verdade é auto-evidente. Portanto, olhar para dentro é uma outra maneira de dizer: "Stop!" Os sentidos, inclusive a mente, estão sempre ponderando algum acontecimento - sensações, movimentos, algo a ser feito. Você está constantemente sentindo isso ou aquilo; pensando isso ou aquilo... A sua referência é essa relação entre sujeito e objeto. Então, na medida em que o sujeito se aquieta, o objeto perde substância. Sem sujeito não tem objeto e sem objeto não tem sujeito.

É, no mínimo, exato questionar o fato de que as coisas sejam do jeito que a mente diz que são. Se está aqui para saber quem você é, será necessária uma ruptura, um corte com o conhecido. Não tem como aceitar a proposta de Satsang, permanecendo no mundo, seguindo a massa.

O mapa que a mente propõe é tradição. Tradição engendra tempo. Tempo pressupõe repetição. Um livro é um livro somente porque todo mundo diz que é um livro. Alguém chamou de "livro" um dia e desde então se repete. Mas apenas o nome do objeto é "livro" e existe uma distância abismal entre o que é e o nome do objeto.

Essa é a mesma distância aplicada a você em relação à mente. A mente diz que você é o corpo, as emoções, a história, o mundo. Mas você é o que você pensa que é? Você é o que os outros pensam que você é? Você é o seu nome? Você é a sua forma? Pensar que você é isso ou aquilo, faz de você isso ou aquilo? Uma coisa parece verdade, apenas porque todos acreditam que seja. Mas para saber quem você é, crenças não estão em pauta. Você tem que ser capaz de esquecer completamente tudo o que acredita, tudo o que a mente expõe como realidade. O conteúdo da mente tem que ser notado como apenas conteúdo da mente e nada mais.

Olhar para dentro significa, portanto, parar de se envolver com os eventos, parar de se envolver com os nomes. Ao se envolver com um determinado evento, você elimina uma série de outros acontecimentos. Você passa um dia, uma semana, um mês, um ano... uma vida inteira, envolvido com eventos conhecidos, correndo atrás do próprio rabo, seguindo eventos que nem estão mais presentes, enquanto o presente está dançando na sua frente e você não tem olhos para vê-lo. 

Observação introduz a capacidade de ver que não existe nenhuma necessidade de se envolver com qualquer evento. Algo está em ocorrência, você age. E quando termina, terminou. Uma miríade de possibilidades estão em acontecimento. Observe! Aqui entra o conceito da atenção sem escolha. Não colecione eventos, não existe nenhuma necessidade. Esvazie-se! Uma mente rica é uma mente cheia de eventos passados. Uma mente pobre não carrega evento nenhum.

terça-feira, janeiro 18

subjetivo puro, a iluminação precisa



















Só existe um jeito de manter o império do "eu": contando história. Qualquer coisa gerada a partir dessa visão, vem da obsessão da mente em criar o tempo. Olhar sem história para o lugar certo, é toda iluminação que você precisa.

Dentro do tempo existem trilhões de possibilidades, e a mente sempre quer fazer a escolha certa - ela não gosta de errar. No entanto, não existe escolha certa. Simplesmente cale a boca e sente-se nisso. 

Está aberto, disponível. Mas não tem como a mente compreender. Eu reforço: é absolutamente incompreensível para a mente. E é por isso que você não compreendeu ainda. Num ponto mais adiante, é impossível de ser compreendido porque não tem nada para ser compreendido, nem quem compreenda. 

Uma vez visto que não é assunto da sua mente, simplesmente cale a boca e não faça nada. Renda-se a este momento. Entregue-se ao agora. É impalpável e puramente subjetivo, mas está completamente disponível. Abra os olhos e veja! No Agora, tem uma pulsação incompreensível à mente. Permita que isso que está disponível possa lhe dar uma prova do Silêncio que você é.

Se você entende que mente é uma atuação no tempo, compreender isso provoca o afastamento radical do tempo. Talvez eu possa até dizer que provoque a negação do tempo, o que é um convite a não pensar.

segunda-feira, janeiro 17

Uma criança é um Buda que não sabe que é um Buda.


















Todas as respostas para as suas perguntas, repousam no Silêncio que você é. No momento em que você começa a ter o vislumbre disso, nota que as perguntas não têm relevância para quem você é. É por isso que Sosan disse: "Nem amanhã, nem ontem, nem hoje!” Porque "hoje" ainda é uma descrição baseada num referencial.

Já falamos disso, mas talvez eu precise repetir: agora não é o hoje. Agora não é tempo. Agora é este momento – eu vou chamar de momento sabendo que não é momento, mas eu chamo porque a linguagem não oferece uma outra maneira de dizer. Agora esse momento onde não existe descrição possível, onde não existe distinção entre isso ou aquilo.

O hoje é acessível à mente. O agora não é. No agora não há mente, nem ego, nem você, nem nada. Isso é o Silêncio. Ver em totalidade, não é possível para a mente, muito embora ela pergunte a respeito de como viver "no agora" para sempre, quero que note que o Silêncio sabe que não precisa fazer nada para viver o agora, porque ele está sempre no agora. Mesmo que você faça uma caminhada no mundo da mente, inevitavelmente, é bom notar, o quanto o Silêncio não é afetado pelas trapaças, pelas paranóias, pelas armadilhas que a mente propõe. Então, de verdade, o que estou tentando dizer é que você, o Silêncio, não se afeta com a mente.

Não há nada que a mente possa fazer para criar um problema para o Silêncio. Os obstáculos surgem apenas quando você se identifica com algo que não é você. No momento em que se desidentifica, nenhum problema existe. Você está livre para Ser. Você se mistura à todas as coisas, sem nenhuma condenação. Você se torna uma criança novamente.

Uma criança é um Buda que não sabe que é um Buda. E um Buda é uma criança que sabe que é um Buda. Ser criança, aqui, nessa sessão poética, é não ter passado. A inocência não tem passado. E não tem futuro. Você já viu criança preocupada com o futuro? Observe! É exatamente aí que repousa o frescor de ser quem você verdadeiramente é.

sexta-feira, janeiro 14

o ver acontecendo













Quando você se dá conta de que está dormindo, é porque está despertando. Ao se dar conta de que toda relação é externa, você desperta. Despertar é acordar para o fato de que aquilo que somos,  não tem relação nenhuma com o tempo. O que quer que seja que tenha acontecido ontem, não diz respeito a quem você é. Aquilo que lembramos é apenas uma memória, é apenas conteúdo na mente. 
 
Despertar é acordar para o fato de que aquilo que você pensa que é, não passa de um sonho. Note! No momento em que nos damos conta de que estamos confusos, ainda estamos confusos? Ao reconhecer a confusão, não estamos mais confusos. Portanto, ao se dar conta de estar sonhando, não há mais sonho. Um passo foi dado para um outro lugar.
 
Antigamente, esse "outro lugar" era extremamente difícil e acessível a muito poucos. Mas estamos diante de uma nova abertura. Começa a ficar claro, para começo de conversa, que aquilo que pensávamos, pode não ser verdade. Não necessariamente não seja, estamos aqui para investigar. Mas pode que não seja. Só o fato da dúvida em relação a uma coisa que era certa, revela uma nova possibilidade. A isso, estamos chamando de "despertar".
 
Hoje, o entendimento, a clareza está tão palpável, que a maioria das pessoas nem notam que estão acordando. Você acorda, sem saber que está acordando. Na verdade, o mais brilhante é que "não saber" faz parte do acordar. Enquanto você sabe o que está acontecendo, isso condiz a uma referência mental, em relação ao tempo. Se não sabe o que está acontecendo, essa é uma das setas que mostram que estamos no desconhecido. Só sabemos que a referência que tínhamos antigamente, ou ontem, não se aplica mais.
 
Através de Satsang, estamos mudando do conhecido para o desconhecido. Isso é tão sutil que corre o risco de ser desdenhado. Acordar, hoje, tem um cunho totalmente natural e disponível. Hoje e sempre, acordar significa começar a entender que você está vendo, mas não tem nenhum “você” vendo. Apenas o "ver" acontece - e isso é imediato.

quarta-feira, janeiro 12

sem nada saber, isso!





















A busca é extremamente equivocada. Primeiramente, apontado pelo Osho, tem algo que ilustra brilhantemente isso: você está dormindo e sonha que foi para a lua. Quando acorda, o que precisa fazer para voltar da lua? Acesse esse equívoco. Você sonha que é essa entidade corpo-mente e acredita que para sair disso, precisa fazer alguma coisa; enquanto, na verdade, basta se dar conta de que é apenas um sonho. Parece ininteligível, mas é assim que é. Apenas acorde e se dê conta de que todo o conteúdo da mente é um sonho. E reintero: não existe nenhuma parte da sua mente que possa ser salva. Ela preza todo seu conteúdo para ter poder e não vai entender o que estou dizendo, mas estamos aqui para acessar a realidade através de outra porta.

Quando os mestres dizem que para encontrar a si mesmo, temos que olhar para dentro, imediatamente, coerente à sua mente, você entende que algo precisa ser feito. Mas aqui reside um enigma e somente aqueles que estão falando desde dentro, podem ajudá-lo a compreender. Ao contrário de tudo o que lhe foi ensinado através da lógica, olhar para dentro significa que você não precisa fazer nada.

Corte o vínculo com o condicionamento, com tudo o que sua mente diz. Diante de qualquer objeto ou sensação, pergunte-se: "O que é isso?" Se você não ficar num branco total, diante dessa questão, sem saber o que dizer, é porque ainda não compreendeu o que estamos fazendo aqui. Mas se ficar sem palavras, numa espécie de vácuo, isso significa que estamos nos comunicando. 

Veja esse objeto que chamamos de copo. Agora, coloque de lado tudo o que lhe foi dito por seu pai, sua mãe, a escola e todo o contexto cultural a sua volta, e me diga o que é isso. Não há resposta. Você acessa? É muito curioso! Tanta energia, tanta inteligência e nós simplesmente não sabemos o que é esse pequeno objeto. Apenas aprendemos a repetir exatamente aquilo que nos disseram. Mas, de verdade, não sabemos nada. Só sabemos o que nos disseram.

Experiencie! Cristalize essa que é a única sabedoria verdadeira e inerente. Aproxime-se e permita que isso se torne nítido,  até que não mais se confunda. Abandonando tudo o que lhe disseram, o que você sabe sobre as coisas?  Se você remove o que o Eneagrama, o Horóscopo e o seu terapeuta disseram, diga-me: quem é você? 

O primeiro e último passo para uma resposta é saber que não sabemos nada. Todas as ideias, nomes e certezas são provenientes do lado de fora, do sonho. "Quem você é" sabe apenas isso e mais nada. Acorde!

segunda-feira, janeiro 10

embaixo do oceano, o grande historiador de tudo

















Há muito tempo atrás, escrevi um poema para o Osho, um haiku, forma poética japonesa ZEN como arte de dizer o máximo com o mínimo:

entrem e sentem
conversaremos os pés
sobre o nada

Só os seus pés irão entender o que temos para falar, a sua cabeça não entenderá. Eu preciso que seus pés entendam. O único conhecimento válido, é o conhecimento que entra pelos seus pés, que está além das palavras, e já está aqui. Apenas uma coisa o impede de ver: achar que não pode ser assim. E é isso que compartilhamos em Satsang. Estamos aqui para desentocar aquilo que está escondido embaixo do oceano, aquilo que está desde o primeiro momento como o grande historiador de tudo.

Ramesh Balsekar, um iluminado indiano, disse: “Os cientistas irão reconstruir o primeiro momento. Mas eu quero vê-los construir o que há antes do primeiro momento”. Acho isso, particularmente, muito lindo. O primeiro momento pode ser reconstruído, mas o que há antes do primeiro momento? Essa questão permanece dentro de um loopAquilo que somos está em todos os lugares, começa em todos os lugares, em todos os tempos, em todos os momentos. O que somos, afinal? O descritor dos eventos?

Aquele que descreve os eventos, os perde. Por isso há um negócio chamado mente. O único problema é que ela se arvora em ser você. A mente tem uma lista de eventos, mas quem é você, senão o vedor dos eventos? 

Qualquer coisa dita, estará falsificando o que é Verdade, de uma forma ou de outra. A mente tenta pegar e transformar o encontro com a Verdade em algo imóvel, estático, morto. Por isso, aqui, apenas nos aproximemos. Estamos além das palavras.  

sexta-feira, janeiro 7

vizinha do silencio, a quietude.






foto: reveillOM 2011 satsang - sitio leela










Em termos clássicos, na nossa sociedade, descontrole não é bom. Segundo a nossa cultura, devemos estar sempre no controle. Devemos controlar o que sentimos, pensamos e todo o resto. Mas é ilusório, porque não temos controle sobre as emoções e os pensamentos. Quando entendemos isso, amadurecemos e desponta um refúgio onde não existe nem necessidade de controlar, nem medo do descontrole.  Existe uma acomodação nisso e passamos a viver Satsang, a viver a verdade daquilo que você é.


Se Satsang foi absorvido e você diz que está se sentindo mal, num certo sentido, significa que você está em equívoco e, pior, fazendo a manutenção do equívoco. Porque a confusão não é real. Ela é apenas um passo, uma passagem.


Na verdade, é bem mais simples. Veja bem: se você comeu uma comida estragada e o seu sistema trabalha para fazer uma purgação do estragado, você, com tranqüilidade, deve aceitar esse processo, enquanto ele durar. Se você tem paciência, o próprio corpo vai expelir tudo e entrar em equilíbrio novamente. Mas, se você não tem paciência, vai recorrer àqueles que vivem de interferir nos processos naturais. Sempre terá quem diga que você deve fazer alguma coisa. E esse é o renascimento daquele que estava sendo purgado.


Sempre que retificamos o conhecido e sucumbimos à lógica, nos afastamos daquilo que está trazendo o novo, o desconhecido. Satsang, no entanto, funciona às avessas. Satsang nos lembra quem realmente somos e nos afasta de quem pensamos ser.


Esse ambiente é pacífico quando chega ao seu coração e é visto, se não é visto, se é imaginado, fica confuso, muito confuso e você continua tentando ser a pessoa que você pensa que é. Mas se você viu, se você olhou para o lugar certo, é indolor.


Simplesmente reconheça que você não é nada do que você esteja pensando e que na presença disso, tudo é beleza, silêncio, paz. Se olha para o lugar certo, é imediatamente acessível. Se olha para o lugar errado, não apenas é inacessível, como parece existente. Aliás isso deixa esse segredo que estamos partilhando aqui, ainda mais complexo, porque não é existente de maneira nenhuma. Apenas em termos sensoriais é inacessível. Por isso a quietude é quase fundamental.


Algumas coisas são precisas e preciosas no nosso encontro. Uma delas, é dar tempo para os seus olhos se fecharem, cortando o contato com o aparente externo por um certo tempo. Essa quietude, essa ausência de movimento, nos leva necessariamente - quase como que magneticamente - à sensação que não é o silêncio, mas que é vizinha, é o limite. Porque na quietude do corpo e da mente, compreendemos que nosso sistema está o tempo todo engatado num movimento.


Se compreende isso, você se auto-observa. E Satsang é acessível a quem já se auto-observou. Senão, não é acessível, nem desejável. Em observação, sabemos que tudo o que realmente interessa está dentro. Nada.

quarta-feira, janeiro 5

amanhã é ontem, agora.









festa de reveillOM
sitio leela 2011










Uma criança perguntou para sua mãe: "Quando é amanhã?" A mãe respondeu: "Hoje você vai dormir e quando você acordar, será amanhã". Então, o menino dormiu, acordou, voltou-se para sua mãe e disse: "Hoje é amanhã?" E a mãe teve a mesma reposta a respeito de quando seria o amanhã. E a criança, sempre que acordava, seguia com a mesma questão. E o amanhã nunca chegou. É por essas e outras, costumam dizer que a criança está sempre agora e os adultos no tempo, no ontem ou no amanhã.


O "amanhã" é uma concepção. É preciso examinar e ver que não há a possibilidade de estar em algum outro "momento" que não seja agora. E que, por isso, você não deve se preocupar a respeito de como será o amanhã.

Aquilo para onde Satsang está apontando, é eterno. O que está em ocorrência, dentro da eternidade, é temporário. Por exemplo, você vê quem você é e disso decorre uma sensação e a maioria das pessoas se apega à sensação. Mas quem você é, não é uma sensação. Não é acessível aos sentidos, tampouco. A sensação está proxima. É como um reflexo. E realmente, quase dá para se confundir, porque é algo extraordinário. Mas a sensação é mais uma sensação, como outras sensações.

Você está atrás de sensações ou em busca de si mesmo? Você não é uma sensação, você não é um pensamento, você não é um sentimento, você não é uma imagem, você não é um objeto, você não é palpável. Você é onde todas as coisas palpáveis acontecem. E mesmo que você não esteja sentindo bem estar ou êxtase, você continua sendo você.

Veja como pode digerir isso, senão continuará em busca de uma sensação. E para cada buscador de sensações, tem um fornecedor de sensações. E isso não termina... Você tem que compreender que qualquer sensação é um evento no tempo, como todos os eventos no tempo. Uma sensação nasce e morre, acontece e desacontece.

Uma onda no oceano é um evento no tempo, ela aparece e desaparece. Mas o oceano não é um evento no tempo. Se o mar está com ondas ou não, ele continua sendo o mar. Se as ondas estão grandes, pequenas ou  tsunâmicas, ele continua sendo o oceano.

Quem se preocupa com a sensação, com a qualidade da onda, é a própria onda. Ela decide ficar aqui ou ali, assim ou assado, mas no momento em que está decidindo isso ou aquilo, ela está caindo, la linha do tempo, rumo ao seu desaparecimento.

Portanto, a minha sugestão é,  não tenta ficar em estado nenhum. Não foque nas sensações. Ouça a proposta absurda da sua mente e fique muito atento. Acorde! E as melhores sensações virão ao seu encontro. É puro deleite! Aliás, sempre foi assim. Só que agora você pode ver.