Se você vai contra algo, você está em guerra. Se vai a favor, também. Compreender o que está no fundo de tudo, é o convite. Estamos aqui para encontrar um “lugar” onde a guerra não esteja acontecendo.
Conhecendo este “lugar”, você se posiciona tanto a favor quanto contra, na mesma medida – além dos princípios e dos pontos de vista. Pousado neste “lugar”, é possível notar que tanto faz estar contra ou a favor da guerra. Se você conhece este “lugar”, estar contra ou a favor é apenas parte de um mecanismo chamado vida.
Identificar-se como um “ser vivo” é estar em estado de emergência, qualquer coisa se torna seu inimigo, no dia a dia. Tudo o que vemos na periferia, tudo aquilo que é visto do lado de fora, está em constante conflito, que é outro nome para “guerra”. Talvez você não goste de ver que, na verdade, estamos sempre em conflito – conflitos de ideias, conflito a respeito do frio que entra pela janela, conflito com a chuva... E há os que propagam essa noção mínima de conflito, levando-a aos termos mais bárbaros.
Tudo isso faz parte, e enquanto as pessoas não tiverem consciência a respeito daquilo que realmente somos, a guerra vai existir. Como não há nenhuma garantia de uma percepção coletiva voltada para o Silêncio, proponho que você faça a sua parte, por si.
O único problema é que você não está disposto a abrir mão dos seus pontos de vista, acreditando que eles tenham alguma importância. Mas, proponho que investigue algo. Veja!
[Satya entrega um livro para um dos participantes, e diz...]
Por favor, entregue este livro para a pessoa que está do seu lado.
[O livro é entregue... E Satyaprem pergunta...]
O que você sente? Sente que perdeu algo, entregando o livro para ela?
Participante – Não. Absolutamente, não.
Por que?
Participante – Porque eu não tinha nada.
Você vê? Não é possível perder aquilo que você não tem. Olhando a partir daí, você nota a origem dos conflitos. Se o livro é “seu”, você pensa duas vezes, antes de repassá-lo. Mas, não sendo um livro “seu”, você se desfaz dele sem sentir nada, sem a menor sensação de perda. E o que determina a sua relação de posse, sobre os objetos, é o eixo a respeito da sua identidade.
Por isso deve estar claro: quem é você? O que você tem, de verdade? A maneira como você se identifica é que é o problema. Enquanto não for feita uma profunda investigação a respeito de quem você é e isso se tornar a raiz dos seus movimentos no seu dia a dia, você estará, o tempo todo, tentando encontrar, através da mente, diretrizes a respeito de como se relacionar sem sofrer, por exemplo.
Apenas questionando quem é “esse” que se relaciona e, mais ainda, quem é que sofre, o relacionar-se deixa de ter o cunho que tem. Se isso é o que você quer – libertar-se do sofrimento –, é urgente que descubra quem é você. E, a partir disso, descubra se há o outro ou a possibilidade de conflito.