Identificando-se com a mente, você inicia um conflito, o conflito da gota contra o oceano. Ou, melhor dizendo, um conflito do tempo contra o agora, da mente contra o observador. Nisso, nasce um pensamento na mente, que diz que não devemos pensar no ontem e no amanhã. Essa proposta até parece interessante, não fosse um breve equívoco: a real revolução é ver que esse pensar no amanhã e no ontem não passa de um reflexo no espelho da Consciência, ocorrendo exatamente agora.
Diante disso, estabeleça a seguinte questão: o que você precisa fazer, quando começar a pensar no ontem e no amanhã? “Absolutamente nada” deve ser a resposta. E é neste ambiente que Satsang habita. Se chegou até aqui, você está prestes a se dar conta da possibilidade de trocar a sua identidade do objeto pensado para a observação.
Já que você insiste em ter uma identidade, identifique-se com aquilo que observa todos os fenômenos em acontecimento. No começo, aceite a proposta como um exercício, um desafio, até que mais tarde, esteja repousado, naturalmente, no observador. Porém, esteja pronto para a solução de todos os seus problemas. Pondere: é isso o que você quer?
Osho diz: "Eu jamais penso nos ‘ontens’, eu jamais penso nos ‘amanhãs’. Isso me deixa apenas um pequeno momento que é vasto – o momento presente –, que é solto, leve, limpo e livre.”
Sua mente oferece uma identidade pautada nas memórias, no passado, no tempo, no refletido. Todos os problemas, portanto, estão pautados no tempo. O momento presente oferece este “outro você”: solto, leve, limpo e livre.
O fenômeno da identificação ou da “má identificação” com o falso eu, implica numa humildade às avessas: a mente não consegue ver, tampouco assumir que você é a Consciência, porque, de alguma forma, sob o julgamento dela própria, você não merece isso. Daí, estabeleceu-se historicamente uma relação de mérito em relação à Verdade. O que joga a sua realização diretamente na linha do tempo, prorrogando o reconhecimento da sua natureza original para depois que uma lista imensa for atendida.
Mas estou aqui sinalizando o seguinte: não há a menor necessidade de correr atrás dos 20.000 preceitos, tudo o que você precisa é um pouco de sobriedade e uma certa acuidade para verificar que o discurso interno que exclama “Eu não sou a Consciência e devo alcança-la” não passa de uma neblina diante dos seus olhos. Acalme-se e espere passar. A Verdade está à sua espera, e você não somente merece vê-la, como este é um direito seu. Apenas retome este direito e tudo já está pronto, bem diante do seu nariz.