Ao invés de por o Ser à prova, ponha a sua mente. Veja que apesar de todos os cursos, grupos de terapia ou pós graduações que você fez, apesar de todos esse anos de vida, quando "o bicho pega", você frita. Não é mesmo? Deve ser que haja um outro jeito de olhar para os acontecimentos que não passe pela mente, e é por isso que estamos aqui.
Neste momento, entra um convite à humildade, à paciência. É preciso ter paciência. Se a sua mente teve um grande poder sobre a sua vida até hoje, esse acidente de estar em Satsang, tentando penetrar em algo que acaba com ela, que a coloca em seu devido lugar, vai fazer com que ela reaja, esperneie. Isso é óbvio. E é por isso que paciência é necessária. Porque tudo é muito novo, apesar de já ser seu e de, no fundo, ser você.
O condicionamento nos ensinou a ver o mundo e a nós mesmos de cabeça para baixo. Agora estamos retornando ao sentido correto e é por isso que tudo parece estar fora do lugar. Mas a verdade é que tudo estava fora de ordem, e olhando para dentro é que vamos deixar tudo o mais confortavelmente "no lugar" possível. Experimente!
"Quem é você?" – esse questionamento não propõe, de nenhuma maneira, um novo sistema de pensamento. Não proponho um sistema de vida. Não há cartilha, não há regras. Estamos falando do mistério, estamos apontando para o mistério. É o mistério que dissolve toda a bobagem, toda a mentira que tem sido agregada a si mesmo como sendo você, mas não é.
Não é uma piada que esse "agregado de mentira" queira testar o Ser? Como já disse: inteligência, definitivamente, não é patrimônio da mente. E, além de tudo, ela é prepotente. Como pode o impermanente, o passageiro, o temporário, testar o eterno?
Por isso, humildade e paciência. Isso pode levá-lo muito mais rápido ao descanso no Ser do que qualquer tentativa de compreensão intelectual. Não passa pela mente! Quantas vezes você terá que ouvir isso? Abra mão do mundo que você explora e crê através dos sentidos e entregue-se à existência no mundo do mistério. Essa entrega, essa confiança é o bastante.