quinta-feira, novembro 11
vida é uma dança de átomos apaixonados
Como esquecer de si mesmo?
(Participante) - Deixando que a vida venha do jeito que ela vier.
E ela depende de você deixar ou não?
(Participante) - Não.
(risos)
Ela simplesmente vem. Ela não pergunta nada antes.
Temos uma tendência em achar que tudo depende dos nossos atos.
"A partir de agora eu vou deixar as coisas virem do jeito que elas vierem".
Ora! Você não se deu conta de que elas vêm, deixando ou não deixando?
Mesmo quando você não deixa, elas vêm.
Aliás, as vezes parece que quanto menos você deixa, mais elas vêm.
Então, não deixe nem "des-deixe" nada.
E veja que a vida é uma dança de átomos apaixonados,
felizes ou miseráveis, ao redor do sol - como diz Rumi.
Não tem como organizar.
Pelo menos, não tem a organização proposta pela mente.
Se você pensa que não é um dos átomos enlouquecidos ao redor do sol,
parece haver uma chance de organizar os átomos.
Mas você faz parte.
Você mesmo, como se concebe, é uma onda de átomos enlouquecidos ao redor do sol.
E não tem como reorganizar isso.
Pelo contrário, quanto mais você tenta reorganizar,
dar um destino à sua vida, de acordo com a sua vontade, mais sofrível tudo fica.
Esquecer-se de si mesmo é lembrar que você não é aquilo que pensa que é.
Que você não sé aquilo que as pessoas o ensinaram a pensar que você é.
Sim, porque você foi ensinado a pensar tudo o que você pensa.
Se ninguém tivesse ensinado, você não teria a metade das ideias que tem na cabeça.
Eu duvido muito que você coletaria todas essas ideias voluntariamente.
Isso não é inteligente e, inclusive, contraria toda a investigação proposta em Satsang.
Aliás, se você acha que é quem você pensa que é,
já notou que quem você pensa que é, de vez em quando muda?
É impermanente. E se é impermanente não pode ser você.
A equação é bem simples.
Mas todos exigem que você seja aquilo que eles pensam que você é.
E não pense que eles exigem isso por você. É por eles mesmos.
É porque confrontando essa 'realidade',
eles também terão que ver que eles não são quem eles pensam que são.
Quanta vezes já ouviu de alguém que você não parece mais ser a mesma pessoa?
Sim, você não é mais aquela pessoa que eles pensavam que você era ou o quê?
Em verdade, você continua sendo exatamente os mesmos átomos eulouquecidos ao redor do sol.
Não tem ninguém, não tem dois, não tem diferença.
Eu experimentei ser aquele que pensam que eu sou.
Mas para qualquer lado, é sofrível.
Só existe descanso, só existe silêncio, quando você deixa de ser
aquilo que você e os outros pensam que você é.
Satsang, portanto, é dedicado a esse evento secretivo:
esquecer-se de si mesmo.
Se alguém pergunta quem você é, você diz, simplesmente, que não lembra.
Afinal, por que seguir uma história que não está mais presente?
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