quinta-feira, junho 30

ordinariedade extra


photo by jwala


















Satsang propõe que você viva no mundo como se estivesse num teatro, como sendo um grande ator. Shiva declara o mesmo em um de seus poemas: “Aquele que se realizou, vive no mundo como se fosse um ator. Ele atua, mas sabe que não é real”.

A mente, acostumada com tudo que tem sido proposto, quer se tornar uma espécie de super-homem, vendendo a ideia de que quando a Verdade se tornar clara, você não mais se envolverá com nenhum problema ou que você virá a ser invulnerável. Mas quero que note que, justamente agora, você não está envolvido em nenhum problema. Aqui, proponho uma distinção entre aquele que se envolve nos problemas e você.

Ao tentar transferir a invulnerabilidade para o corpo-mente, você está agindo através de um desejo da própria mente que é impotente, e por isso quer transferir a invulnerabilidade do Ser para si. Ela quer apropriar-se de uma qualidade que não lhe pertence, mas é impossível – o Ser é “inapropriável”.

Um mestre zen foi perguntado pelo discípulo:

– Mestre, eu tenho um grande problema... Quando está frio, sinto muito frio. Quando está calor, sinto muito calor. O que preciso fazer para resolver este dilema?

O mestre disse:

– Simples! Quando estiver frio, sinta frio. Quando estiver calor, sinta calor.

A mente quer se apropriar das experiências, mas você não é aquele que sente frio, nem aquele que sente calor. O corpo foi desenhado para sentir calor ou frio, dadas circunstâncias. Portanto, a indicação é que sinta calor quando estiver quente e frio quando estiver frio. Tire o foco dessa ideia de ter mais poder ou controle sobre as relações não somente com o seu corpo mas com os outros corpos.

Aliás, eles não são separados, por isso a impossibilidade de controle. Se fossem separados como parece aos seus olhos, seria fácil. Mas os olhos nos enganam, não estamos separados. Está tudo junto. Somente os nossos olhos dizem que há uma separação, mas não tem separação nenhuma. O único ponto que pode ser estabelecido, e ele é crítico, é que você comece a namorar com a possibilidade de não ser nada do que tem pensado ser. Comece a vislumbrar que você realmente é aquilo que observa e saiba que nada do que você vê, é real.

2 comentários:

  1. "Tire o foco dessa ideia de ter mais poder ou controle sobre as relações não somente com o seu corpo mas com os outros corpos.
    Aliás, eles não são separados, por isso a impossibilidade de controle. Se fossem separados como parece aos seus olhos, seria fácil. Mas os olhos nos enganam, não estamos separados. Está tudo junto."
    A ilusão é reforçada pela emoção e pelo "EU SOU", "EU SEI", "EU TENHO"...EU, EU, EU!
    Obrigado Satyaprem.

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  2. "Comece a vislumbrar que você realmente é aquilo que observa e saiba que nada do que você vê, é real."

    Observar e saber que nada do que se vê é real.. nada é real...é como no sonho.. é como o sonho, é um sonho!!
    Namastê!

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