sábado, outubro 23

o iludido chora a morte da ilusão


















Não importam as alegorias.
Se você tem uma alegoria, qualquer que seja,
investigue e veja: alegorias também são castelos de areia.
Para que possa morrer,
você, necessariamente, tem que ser aquilo que morre,
aquilo que aparece, que tem aparecência, que tem aparência...
que é uma aparição.
Tudo aquilo que podemos tocar, medir ou pesar está fadado à morte,
por ter nascido um dia.
Porém, quem é que vê tudo que aparece?
O Ser pode ser visto, medido, pesado ou comprimido em algum espaço?
Não, ele não pode.
Portanto, como matá-lo?
Ele não nasceu.
Ele não nasce e não morre - e essa é a sua verdade.
Ou você casa com ela de uma vez por todas,
ou continua sonhando com os seus castelos de areia.

Você se ilude com o castelo de areia,
mas o castelo é de areia e mais cedo ou mais tarde -
talvez muito mais cedo do que você deseje -,
uma onda vem e o remove da existência.
Permanecer na experiência sem fazer vista-grossa para
quem você é, é saber que tudo que está acontecendo está fadado a desacontecer.

Em verdade, você não pode morrer, é o corpo que morre, que desacontece.
Mas note: estamos diante de uma facticidade.
Não tem como fugir disso. Muito antes pelo contrário...
Não se iluda com a ideia de que haja uma saída.
Aliás, a saída mais digna é a morte da ilusão.
Somente o iludido chora a morte da ilusão.
Saber disso é motivo de celebração.

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