sexta-feira, dezembro 10
indescrevendo o indescrítivel
A mente tem as suas afirmações e argumentos.
Aqui, proponho que, ao invés de negá-los, investiguemos.
Ao invés de fugir deles, vamos encará-los.
Este é o único meio de afirmar, negar ou verificar se as razões oferecidas pela mente têm pertinência.
Ontem vi um filme que terminava mais ou menos com esse discurso:
"A maioria se esconde, muito poucos ficam face à face e encaram a verdade".
E em Satsang, o impacto não é que tenha que encarar algo fora de você,
você tem que encarar a si mesmo, a sua própria integridade.
Ao invés de promover o que nos foi tradicionalmente ensinado,
vejamos se um espaço se abre e você vê aquilo que não tem nenhuma relação com a tradição.
De antemão, já afirmo uma coisa: eu não sou Mahatma Gandhi e nem pretendo ser.
Portanto, se existe alguma sombra que esteja fantasiando a possibilidade de se tornar algo similar, você definitivamente se enganou de sala. De repente, experimente ir na sala ao lado.
Porque essa sala aqui, está dedicada objetivamente a romper com todo imaginado.
Ou olha para o lugar certo, ou continua empreendendo a busca de ser 'um humano perfeito'.
Dê-se conta do que a sua mente descreve como sendo você.
A descrição altera o sistema que está descrevendo.
O sistema que descreve é modificado pela descrição.
Em realidade, o sistema que descreve, se auto descreve.
Isso é rompido com a observação de que a descrição se refere, sempre, ao percebido -
e nunca àquele que percebe.
Esse encontro propõe ver de que forma podemos pautar toda dedicação à possibilidade de descrever o indescritível. Do descritível, estamos cansados de saber - não tenho o menor interesse nele.
Portanto, voltemo-nos ao indescritível.
À priori, eu conto com a sua falência em tentar descrever o indescritível.
Mas não importa o quanto seja impossível descrever quem é você,
a tentativa há de ser feita com 100% da sua disponibilidade, inteligência e energia.
O mínimo desvio da descrição do objeto percebido para aquele que percebe,
e estaremos diante de uma modificação sistêmica.
Entenda essa proposta com todas as letras.
Aqui, o nosso único exercício é perceber essas duas situações...
O que acontece, quando descrevemos o objeto percebido?
E o que acontece, quando descrevemos aquele que percebe?
Na verdade, o indescritível é indescritível.
Mas, voltar-se para ele, proporciona uma revelação, uma "não-experiência".
Desse modo, afie a navalha da sua inteligência, ponha toda a sua atenção
e entenda - sem entender - o que estou dizendo.
Trabalhe exatamente em cima da tentativa de descrever o indescritível.
Note! O sistema se auto descreve. Isso é potencial e faz parte de uma tradição.
Descrever o indescritível nos rouba toda a razão e nos põe, no mínimo, no âmbito poético.
Para reforçar o que estou dizendo, recordo da notícia final que o Osho nos deu:
"Você não é a mente. Você não é o corpo. Você é aquele que observa. Você é o Buda!"
Observe que você observa. Observe que você não é aquele que está sentindo.
Observe que você observa aquele sentindo.
Dedique-se a essa verificação e nada mais é necessário.
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Que delicia!
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