Tem algo que permeia tudo o que acontece. Você é aquele que conhece, e aquele que conhece não pode se conhecer, porque, para isso, teria de haver dois: aquele que conhece e aquele que é conhecido. O que conhece, conhece em si. Essa é uma experiência direta: saber que você é aquilo que não está limitado ao corpo.
Você está vendo essa almofada e você não é essa almofada. Da mesma forma, você está me vendo e você não é esse que você está vendo. Agora, dê uma olhada: você vê o seu corpo? Ele pode ser sentido como uma coisa externa a você? Isso aponta apenas para uma realidade: você não é seu corpo, da mesma forma que não é a mente – já que percebe também os seus pensamentos.
Você não pode perceber quem verdadeiramente é, seja pensando calmamente, do jeito que gosta, ou histericamente, do jeito que não gosta. Se são três horas da manhã e você tem que levantar às seis e não está conseguindo dormir, você não pode fazer nada. Quanto mais se preocupa com o que está acontecendo, pior fica. E fica pior porque existe envolvimento – a mente se envolvendo com ela mesma. Um monte de flores e dragões no ar e você se envolvendo com eles. Eles aumentam de tamanho, se alimentam daquele envolvimento.
E se você não se envolver? Talvez você nunca tenha experimentado. Experimente! Olhe! Mas não olhe com a mente. Veja que você já está olhando, senão, será novamente a mente fazendo alguma coisa. E a mente olhando, estará fadada a esquecer.
Você diz: “Desde que comecei a fazer meditação e ler os livros do Osho, estou me observando”. E antes? Você não estava se observando? É só uma terminologia que agora entrou na sua boca, mas, basicamente, você continuava se observando. Você é a Observação. Observe agora, nesse momento. Talvez a sua mente esteja mais quieta do que quando começamos a conversar e você está mais claro a respeito do “observar-se”.
O que acontece quando o estado de observação constante não está sendo constante? Como é que você sabe que não está constante? A mente quer controlar tudo. Mas não passa por ela, não é para ela que estou falando. Sua mente não precisa fazer nada. O que estou falando não é uma ideia, não tem como permanecer, não tem como manter, porque não depende de você o que está acontecendo.
Em alguns momentos você nota que está em conexão. E em outros momentos pode notar que não está em conexão. Alguma coisa acontece e você se percebe desconectado. Enredar-se na mente pensante, aquela que alucina, que se ilude, é a única forma de “desligar da tomada”. Mas é ilusório, ela acontece apenas na periferia, é efêmera, não dura para sempre. Você nunca está desconectado de verdade.
A onda se levanta, e de repente tem uma ideia de que ela seja uma onda. Ela esquece que é oceano, mas não deixa de ser oceano. E se ela não se preocupar com a desconexão, o que acontece? Não dá nem para dizer que ela volta a ser oceano, porque nunca deixou de ser. Simplesmente não alimente essa aparente desconexão.
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