Na realidade do Ser, você não está em ponto algum e não há outro ponto a chegar. O ponto já é aqui e agora. Você é aquilo que busca. Nesse sentido, o que quer que seja delineado para você como busca é errôneo, vai levá-lo para algum outro lugar. Por isso, buscar a si mesmo é uma coisa ridícula. Na busca de si, você se divide em dois. Quem está buscando a si? Se você já é aquilo que está buscando, não precisa buscar.
O que você tem buscado é uma ideia de si. Você tem um ideal, tem metas de iluminação: quando se mover como o Osho, ou quando não suar como o Mahavira. O Mahavira é um dos ícones indianos que diziam que não suava – tenho certeza que o Ser do Mahavira não suava, o meu também não sua, é o meu corpo que sua. Mas as pessoas precisavam da mitificação, então, eram dadas essas coisas. E assim nasceram os ideais.
Diziam que alguém entrava em Samadhi e não morria, então, em algum lugar na Índia, a polícia teve que tirar todo mundo à força porque havia um corpo fedendo, se deteriorando. Havia seis dias que o corpo estava morto sob o calor da Índia, e os discípulos estavam todos ao redor, dizendo que ele estava em Samadhi e iria voltar. Ora! Morreu, apagou a vela, agora queima! A realidade do corpo é fazer exatamente o que você tem observado ele fazer. Se alguém bater num Buda, ele sente dor. Se alguém fizer um carinho, uma carícia num Buda, ele sente prazer. O corpo sente fome, prazer, dor, cansaço, frio...
Agora, a Essência não sente nada disso, não precisa de nada disso. Ela é suficiente em si, mas nós entendemos isso como sendo a manifestação corpo-mente sentindo, tendo aqueles efeitos sobrenaturais, esotéricos. Fica mitificado. E nós tentamos fazer a mesma coisa: imitar.
Foi falado de não pensar no futuro e nem no passado, mas “quem você é”, o Ser, não pensa nem no futuro e nem no passado. Ele não pensa nada, quem pensa é a mente – a mente pensa e não tem jeito. Assim como suas pernas servem para caminhar, sua mente serve para pensar. Mas logo você pensa que suas pernas se movem quando sua mente quer, então, você espera que a mente, ela mesma, possa pensar e parar de pensar quando quiser. Mas, afinal, quem faria a mente pensar ou parar de pensar?
Participante — A própria mente.
Você tem alguma outra consciência de ser, a não ser a sua própria mente? Não tem. Por isso quero que você saiba “quem você é”, para compreender isso e fazer uma dissociação. No momento em que você “vê”, você nota que aquilo que pensa é a mente e que ela tem pensado uma série de coisas, inclusive a respeito de parar de pensar.
A mente é um elemento sutil, bem mais sutil do que o corpo. Nosso corpo é muito mais perceptível e concreto do que nossa mente. Onde está a mente? Não tem substância, mas o corpo parece ter. Então, Buda propôs que primeiro percebêssemos o corpo, depois os pensamentos e – mais sutil ainda – os sentimentos.
Vou guiá-lo até um ponto. A partir desse ponto, se você “vê” ou não “vê”, depende da Existência. Se ela quiser que você veja, ela deixa você “ver”. Mas até esse ponto eu te levo.
Uma vez visto, você estará observando por si mesmo. Você não pode ser o seu corpo porque você observa o seu corpo, observa a limitação do corpo através dos sentidos. Você observa a mente quando ela pensa, então, você não pode ser a mente. Quem é esse que observa? Essa é a pergunta. Na verdade, ela já está respondida: você é aquele que observa. Você é aquilo que está observando.
Não importa o que esteja acontecendo, a observação é sempre total. Ela precisa desse corpo-mente para se auto-observar. A pergunta que deixo é: “Quem é você?” Isso você tem que saber, tem que se dar conta. É um saber intuitivo, não passa pelo racional, nem passa pelo aparelho sensorial, pela estrutura sensorial. Senão, seria a mente tentando conceber o inconcebível.
É o peixe dentro d’água tentando conhecer o oceano como um todo. O peixe, pela limitação dele, apenas pode conceber o oceano fragmentadamente. Ele pode montar uma estrutura racional a partir dos fragmentos de memória, de experiências que ele tem, mas, ele pode ter o Todo? Por isso, eles chamam de experiência transcendental, mística ou iluminação – quando há transcendência. Na Psicologia, tentaram chamar de “transpessoal”, “psicologia transpessoal” – porque transcendia o fato de sermos uma pessoa. A observação dos fenômenos que transcendem a pessoa e o que você é, definitivamente, transcendem sua pessoa.
Isso não cabe na mente. Não pense que a mente tem de fazer alguma coisa com isso; deixe a mente falar, não use o que estou dizendo. Deixe isso cair para dentro de você e receba como um balde vazio e sem fundo recebe a água que cai.
Não tem como o imensurável caber dentro do limitado. Nosso corpo é limitado – como poderia caber o ilimitado dentro do corpo? Se tentar conceber isso, você está obviamente fadado ao fracasso. Há somente uma coisa que está aqui e agora e em nenhum outro lugar no tempo ou no espaço. Sem Consciência, você não estaria aqui e agora.
Por mera ignorância, você tem uma noção de separação. Não pense que é por algum outro motivo porque você já é a Iluminação!
Que maravilha isso!! Namastê amado!!
ResponderExcluirValeu Mestre !!!
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