terça-feira, maio 31

menos de um segundo

























Se você não compreende o meu apontamento, conversemos. Tente entender da melhor forma. Para hoje, trouxe um texto do Osho, que eu gostaria que você ouvisse. Ele diz: “Meditação é nada mais que uma exploração do seu espaço interior ignorado, desconhecido. Este pequeno espaço, de repente, vai relembrá-lo de que você é um Buda”.

Se abrirmos a fala do Osho, vemos que você não vai se tornar um Buda, você já é um Buda, apenas esqueceu. Como esqueceu? Onde esqueceu? Quando sua mãe lhe disse que você era filho dela. E olha que demorou algum tempo, ela não fez você esquecer rapidinho. A princípio, você desconfiava disso e levou mais ou menos uns cinco anos, até se convencer de quem você era, segundo o ponto de vista dela.

Se usássemos a lógica, precisaríamos, de uns cinco anos também para desfazer tal feito. Mas isso é irreal, não é verdade. Tudo o que você precisa, é de menos de um segundo. Tudo o que tem que ser feito é uma exploração do espaço interior ignorado, para que você relembre de quem você é.

Gosto de usar, ao invés de “relembrar”, “reconhecer”. De repente há um corte fundamental e você vê quem você é. E, saiba: muitos vêem isso. No entanto, poucos pegam com carinho e devotam-se a isso. Faz parte do drama humano. Há os que vêem, mas se ocupam de outras coisas consideradas mais importantes.

Portanto, eu desejo que você seja feliz com este encontro, e o valorize. O encontro com a Verdade não tem nada a ver com o que dizem. Tem a ver com o que você vê. Você tem que fazer uma mudança de perspectiva. De nada importa o que os outros dizem, só importa o que você vê.

sexta-feira, maio 27

a presença fazendo nada














Satya, desde sexta-feira à noite, quando esse trabalho começou, eu sinto que estou num estado alterado; mesmo não estando aqui no salão com você. Por três vezes eu tive esta mesma sensação, ao longo dos últimos anos. A primeira vez foi quando peguei o “Livro dos segredos”, do Osho. Aquilo foi muito forte para mim. Assim que abri o livro e comecei a ler, fiquei com essa mesma sensação que estou hoje. Então durante muito tempo eu li esse livro e andava com ele, sem saber por quê. Mais tarde, também neste salão, tive essa mesma sensação com a presença do Kiran. E agora novamente com você. Eu gostaria muito de entender e queria que você falasse o que é isso.
 
Essa alteração vem justamente do fato de você estar sendo convidado a um outro ambiente, que, na verdade, é a sua natureza original. E isso é irresistível. Você não precisa nem entender. Na verdade, vocês fazem um esforço totalmente vão. Não tente entender, simplesmente sente-se e ouça.
 
Diga-se de passagem: não tem trabalho nenhum acontecendo aqui. Essa é uma expressão viciada. Às avessas, estamos aqui fazendo absolutamente nada. E é isso que altera e faz com que algumas pessoas não gostem de voltar, porque pensam: “Vou ficar lá, fazendo nada, apenas ouvindo...”
 
Mas se ouvir bem uma única vez, nem me ouvir será necessário. Apenas fique aqui. Este é o único refúgio que você tem. Voltar-se para dentro não permite um entendimento lógico. Quanto mais você nota, mais alimenta a Presença.
 
Você vê que a mente está muito mais silenciosa hoje? Isso proporciona esse, por assim dizer, estado alterado. A Consciência está sendo alimentada. E a verdade é que você sairá daqui com isso. Isso vai com você a todos os lugares.
 
Existe a tendência de voltar para o conteúdo, por várias razões, mas o meu convite é para que você se renda; e isso que você está descrevendo estará sempre presente, ainda que nem eu nem você saibamos o que é.

quinta-feira, maio 26

amor é consciência


























Participante – Satyaprem, você falou hoje de manhã, que o pensamento é uma coisa da mente, e que está fora. E a emoção, onde ela está? Quem sente a emoção? Ela é corpo, é mente, vem do pensamento... ou o quê?

Para começar, eu separaria emoções, de sentimentos e de sensações. E tudo isso tem uma certa ligação com a mente. Na verdade, as sensações não. A sensação é uma propriedade do corpo em contato direto com um acontecimento qualquer. Já os sentimentos e as emoções estão envolvidos no conteúdo da sua mente. Sem determinado conteúdo, você não sente isso ou aquilo.

Praticamente tudo o que você sente, enquanto emoção e sentimento, têm um quê de mente, senão totalmente. Já a sensação de frio ou calor é uma resposta corporal ao ambiente, a uma situação. Se está frio ou quente, isso não envolve a mente. Já quando surge a ideia de que todos morrerão de frio, se baixar a temperatura, é a mente atuando e gerando uma certa emoção.

Tem uma parte que envolve o conteúdo da sua mente e faz você sentir coisas. E seu corpo foi desenhado para sentir, ele está o tempo todo sentindo. Se a sua mente estiver vazia, o corpo sente, em pureza, o que quer que seja que esteja acontecendo. Na pureza, na meditação, você tem acesso a uma sensação pura, inocente. Do contrário, ela está carregada pelo tempo.

Provavelmente você já viveu alguma experiência onde achava uma pessoa maravilhosa e depois, com o tempo, aquilo foi mudando e você já não tem mais a mesma sensação. A pessoa continua ali, mas aquela sensação sumiu. Essa é uma resposta eletroquímica do seu corpo, ele não está mais respondendo aos estímulos que a sua mente, mal investigada, chama de amor, por exemplo. Simplesmente há uma química circulando no corpo e é por isso que você tem que ser muito atento. Os sentidos nos enganam o tempo todo. Não é só a mente que engana, os sentidos também; e você os está sempre seguindo.

Portanto, permaneça atento e se mude para a Observação que você é – tudo passa diante dela. Nada pode ser feito quanto à temporariedade dos objetos. E as emoções também são objetos na Consciência. Já a Consciência é amor.

quarta-feira, maio 25

o problema é inversamente proporcional à consciência















A mente não quer parar, ela não ouve esta proposta. Isso torna mínima a chance de compreensão do que está sendo apontado. É preciso ouvir como um soldado. Stop! Fique quieto. Talvez, nos primeiros momentos, você sinta uma grande turbulência, porque a mente sabe que, se parar, o soberano fica nítido – o soberano é auto-evidente.

O convite "olhar para dentro" é uma outra maneira de dizer "stop!". Porque os sentidos, inclusive a mente, estão sempre ponderando algum acontecimento, sensação, movimento... sempre existe algo a ser feito. A todo instante, você está sentindo e pensando isso ou aquilo. Sua referência é essa relação entre sujeito e objeto.

Apenas quando o sujeito se aquieta, o objeto perde substância. Sem sujeito, não há objeto, e, sem objeto, não há sujeito. É exato questionar se as coisas são do jeito que a mente diz, pois o mapa que a mente tem é o tradicional. A tradição demanda tempo, o que pressupõe repetição.

Um livro só é um livro porque todos chamam de “livro”; porque, um dia, alguém disse que isso era um livro. Mas não é. “Livro” é apenas o nome disso e existe uma diferença abismal entre o que isso é e seu nome.

A mesma diferença está em você. Você é o que  pensa que é? Você é o que os outros pensam de você? Você é seu nome? É a sua forma? Só no âmbito das crenças - porque todos acreditam nisso. Porém, para saber quem você é, crenças não estão em pauta. Você tem que ser capaz de esquecer completamente tudo aquilo em que acredita, porque tudo não passa de conteúdo da mente.

Olhar para dentro, portanto, significa parar de se envolver com os eventos. Na medida em que você se envolve com um evento, elimina outros. Você passa dias, semanas, meses... envolvido com certos eventos que já nem estão mais presentes. Enquanto isso, muitos outros estão dançando na sua frente, e você não tem olhos  para vê-los.

A Observação introduz na sua vida a capacidade de ver que não existe nenhuma necessidade de se envolver com qualquer evento. Você age com o momento, faz o que tem que ser feito, e quando termina, está terminado. Existem muitas outras coisas em ocorrência.

Saiba: uma mente rica é cheia de eventos passados. Uma mente pobre não tem eventos. Pobreza significa não ter, não conter.  Por isso, permaneça vazio. Até pode parecer que algum esforço é necessário, mas nada é exigido para que você exerça sua própria natureza.

A mente é uma mala cheia de coisas. Você pode ir diminuindo o tamanho da mala, deixando somente o necessário. Experimente!

terça-feira, maio 24

espelho, o idiota


























 Osho diz: “Se você vê em mim um idiota, é porque você é um idiota! Se vê em mim um iluminado, é porque a luz em você está acesa”. Depende sempre de você, não de mim. E isso é verdade até embaixo d'água. Não tem o que discutir nem melhorar. Porque é isso mesmo! Você vê um idiota em mim? Você é um idiota!
Participante – Eu pude observar, ao longo do dia inteiro, a respeito daquilo que você falou: que a mente não existe. E é inacreditável, é incrível, a forma como ela se apresenta – para entrar em cena, para criar um problema, para fantasiar... Então por um tempo notei que há um envolvimento, mas quando consigo me manter atento, ela some!
Mantenha a rédea curta. Não solte! Segure o touro!
Participante – E cada vez que isso acontece, a atenção parece ficar mais aguda. Pareço ficar mais preparado para a próxima “segurada”. É como você falou em outro momento, que acumulamos um pouquinho de energia, um pouquinho de força.
Não deixe escapar!
Participante – É como se eu ficasse um pouco maior em relação ao touro. Na medida em que vou segurando, ele vai mudando de tamanho, vai diminuindo.
É isso mesmo! Chegue ao ponto de ver o touro bem pequenininho e você bem grande, segurando ele pelo rabo. Ele corre para lá e para cá e você não vai a lugar nenhum. Sentado, faça apenas um pouco de carinho nele.
O touro é a energia vital! Temos muita energia. Temos tanta energia, quanto o Universo! Até porque não somos nenhuma outra coisa. Então, é óbvio que, na inconsciência, essa energia faz gato e sapato. Essa canalização se organiza na medida em que você começa a ver quem você é.
O touro quer ir sempre para o caminho conhecido, o caminho que leva você para o inferno. E você, consciente de si, segura ele pelo rabo, até que se acalme. Daqui a pouco ele começa a correr para outro lado... e você permanece com a rédea curta. Não importa para que lado ele queira ir, contanto que você esteja ciente de quem você é.
Na medida em que a energia começa a fluir por canais diferentes, a ter outra fluência, você se torna irreconhecível a si mesmo. Então, a morte é necessariamente um corte com o conhecido e a entrada no desconhecido – sem a chance de reorganizar isso de uma maneira conhecida novamente. É o fim. Não tem como organizar ou reorganizar o desconhecido.
Por isso confiança é fundamental. O corte se estabelece na medida em que você não deixa o touro ir para o conhecido. E você já está bem grandinho, apto a isso. Você já se conhece o bastante.

segunda-feira, maio 23

o alfa e o omega
















Satsang é algo, primeiramente, novo e extraordinário. É novo porque nasce deste instante, provém de um lugar que só existe agora. Satsang significa ouvir, ver e ser, algo nunca antes visto. Aqui, portanto, a sua memória a respeito do que quer que seja, deve ser cancelada. O convite em Satsang é para que você veja o que, neste instante, é realmente importante.

Há muito tempo atrás, os homens acreditavam que a terra era plana e que, chegando no horizonte, cairiam dentro de um abismo. A crença era de que se você chegasse naquela borda, você cairia para dentro do inferno. As pessoas foram regidas durante todo aquele tempo por um sistema completamente supersticioso. Elas não sabiam, e nem queriam saber, porque, de alguma forma, eram atormentados por aqueles que capitalizavam da ignorância delas.

Levou um certo tempo até que um sujeito chamado “Galileu” observou e conseguiu estabelecer algumas regras que provaram que a terra não era plana. Descobriu-se que a terra era redonda e isso gerou uma grande turbulência. Como assim, redonda? – partir deste princípio faria todas as crenças antes estabelecidas, serem totalmente canceladas.

O interessante é que Galileu comprovou. Era um fato, não havia como discutir. Muito embora o Papa da época o tenha chamado e exigido que ele tirasse essa afirmação do seu livro – porque na Bíblia estava escrito que a terra é plana –, alegando que se tirasse, ele permaneceria cristão e iria para o céu e caso contrário, seria excomungado e iria para o inferno, Galileu, disse simplesmente que poderia tirar do livro, mas isso não anularia o fato de que a terra era redonda.

Levou um certo tempo para os humanos se acomodarem na ideia de que a terra é redonda.  Mas, tirando um pouco da objetividade desse assunto e trazendo para o lado místico, o que vemos com isso, além da grande necessidade de investigação, é que aquilo que você lança, faz uma volta e retorna ao mesmo ponto. De onde todas as coisas saem, é para onde todas as coisas voltam. Aquilo que sai do ponto A, retorna ao ponto A. Existe um ponto de onde todas as coisas saem e para onde todas as coisas voltam.

Pegue um círculo e veja que qualquer ponto deste circulo é o mesmo. Ele sempre vai dar no mesmo lugar, é perfeito. Mas o que isso tem a ver conosco? Agora eu pergunto: quem você crê ser? Você acredita ser algo plano, que vai chegar num determinado ponto, finito. Isso é apenas uma crença não investigada – medieval, eu diria. Se assumimos a realidade do espaço curvo, a ideia a respeito de quem somos, é alterada. Porque a verdade é que não estamos separados de nada.

Aqui levanto a possibilidade de questionarmos a condição humana e partirmos para uma nova percepção: Quem é você? Se acessa o medieval em você, que tem sido o mais acessível, você tem começo, meio e fim; e todos os pontos são distintos. Existe uma linearidade preenchida pelo A, seguido do B, C, Omega... Mas se isso não for verdade, quem é você?

A minha proposta é que você também seja curvo. De onde você vem é para onde você vai. E se de onde você vem é para onde você vai, existe um outro questionamento: será que você vem de algum lugar e vai para algum lugar? Investigando, é possível que uma série de mal entendidos sejam cancelados na mente humana, nas relações humanas. Se nos damos conta de que não viemos de lugar algum, nem vamos para lugar algum. Você é o alfa e o omega. Fica cancelado todo o temor, culpa, angústia... e a vida se torna uma grande celebração.

sexta-feira, maio 20

no mundo e não
















Um dos grandes problemas que o afasta da sua realização é o fato de ainda existir uma série de interesses na sua vida. Não tenho esperanças de que você largue seus interesses, porém, isso não me impede de compartilhar Satsang.

Eventualmente, alguns vão perdendo os interesses pelos objetos, e quando isso acontece, saiba que existe esperança nesta “des-esperança”. Essa é a suprema esperança, o encontro com Deus. Não o Deus da dualidade – porque quando se diz “encontro com Deus”, pressupõe-se o encontro de duas coisas, quando, na verdade, é a dissolução: “Eu me entrego. Seja feita a Sua vontade!”

Existem muitas formas de dizer isso, mas a principal é que chega um ponto em que você simplesmente se entrega. Isso não significa que não terá mais amigos, que vai parar de ir ao cinema, ou não vai mais fazer sexo. Você não para – ou para, se quiser. É uma opção totalmente individual. Porém, as coisas não tem mais a importância que tinham. Você não morre por nada daquilo, não há sofrimento. Porque tudo o que precisa, você já tem.

É claro que custa para acreditar, mas o seu trabalho aqui é justamente encontrar sentido no que estou compartilhando e experimentar no seu dia a dia. Vamos em frente! Experimente isso no sofrimento ou na ilusão com uma alegria extrema em relação a algum objeto que apareceu, e observe.

Às vezes, surge um objeto que traz extrema felicidade, e você logo crê estar “em casa”, são e salvo. Até que, em alguns instantes, descobre que não era nada daquilo que estava pensando. Se você já teve esta experiência, pode observar criando um afastamento. Este afastamento é inteligente. Este afastamento é Meditação - é estar no mundo, sem fazer parte dele.

quinta-feira, maio 19

a grande brincadeira
















Uma criança ganha uma boneca, que vira seu xodó durante meses, talvez anos. Então, de uma hora para outra, ela joga a boneca no armário e nunca mais pega. Na puberdade, essa criança vai se interessar por outro tipo de “bonecas” – vivas, geralmente do sexo oposto – bonecos, no caso. Às vezes, também acontece de ser do mesmo sexo. Sem nenhum julgamento, o que quer que seja que apareça, aparece como um brinquedo no espaço e no tempo. O interesse naquele brinquedo chega e passa. Outros interesses virão.

De uma certa maneira, estamos falando de maturidade. Quando você é adolescente, tem determinados interesses. Você cresce e os interesses tornam-se outros: sexo, dinheiro... quando chega num outro nível de maturidade, nota que o dinheiro não te dá tudo o que você quer, assim como as outras coisas que você conquistou. Ao perceber isso, se o seu sistema neurológico for inteligente, você se dá conta de que nada é eterno. Mentiram para você.

Frequentemente, recebo pela internet e-mails que dizem: “Amigo é para sempre”. Ora! Isso é pura fantasia. Não há esperança que amigos ou inimigos sejam "para sempre". Quem é que vai ser para sempre? A menos que você firme um compromisso e fique preso a este contrato.

Participante - Ainda assim, um dia, podemos estar simplesmente cumprindo um contrato, não é?

Sim, e provavelmente você poderá estar mentindo para si mesmo, pois é possível que esteja cumprindo um contrato que vai contra o que está sentindo de verdade.

Se ficar retilíneo, consigo mesmo, o que acontece é que as coisas vão e vêm e você não sabe aonde isso vai dar. Se permanecer centrado, sem se envolver com o que está acontecendo, com o que vai ou vem, cedo ou tarde, você verá quem você é. Seu sistema cansa e você decide que não quer mais ir ao cinema ou namorar, pois prefere ficar quietinho, recolhido. Neste momento, desabrocha uma nova possibilidade: você está diante do mais supremo dos brinquedos. Neste momento, é ele quem atrai a sua atenção. Este brinquedo se chama “voltando para casa”. Este interesse é mortal, nada mais interessa. Começa, então, a observação impessoal, a divina brincadeira.

quarta-feira, maio 18

sem caminhar, caminho


















A verdadeira liberdade de ação é dada quando você descobre quem você é -  há uma imensa liberdade de movimento dentro de você. Então, qual é a possibilidade que não cabe dentro da Observação? O que não deveria acontecer?

Me parece impreciso dizer que é inseguro viver de acordo com este ponto de vista. De repente, não existe mais amanhã. Note. Junto com o desaparecimento do “amanhã”, também não há mais preocupações, angústias, medos, nem aquele que gostaria de saber o porquê, para quê, onde, como... de todas as coisas.

O que poderia acontecer amanhã que você tanto teme? Veja! Ao notar que não existe temor, vê-se que também não há quem tema.  Se existe uma prática a ser feita, esta é permitir que o veradadeiro Eu transpareça, revelando quem você é.

Há quem diga para mim: “Ok! Já sei quem sou. Agora, como faço para manter isso?” É um equívoco, ou não? Sei que pode parecer chato o que estou dizendo, porque nos leva sempre para o mesmo ponto. Mas é isso, não temos para onde ir.
Portanto, caminhe sem caminhar, faça as coisas sem fazer, coma sem comer, trabalhe sem trabalhar, pergunte sem perguntar, responda sem responder... simplesmente observe. Não se identifique com seus hábitos. Eles não são seus – permaneça o Observador. Neste instante, veja o que acontece se você observar todos os seus hábitos do ponto de vista do Observador. Não dá vontade de rir? Dá vontade de se colocar no colo e dizer: “Que bom que você chegou! Onde você andava que não me colocou no colo antes?”

Pare de brigar consigo mesmo, mas fique atento. Isso não é permissão para você sair fazendo besteiras, incomodando os outros. Preste atenção! Dar-se conta de quem você é e devotar sua vida a isso, é como envolver uma fruta – ela amadurecerá, não tem como não ser assim. Mais cedo ou mais tarde, você vai notar que, além disso, todo o resto é programação, conteúdo genético e de infância.

Mudar o quê? Como? A única mudança possível – que não é uma mudança, mas pura transformação –, é ver que toda a confusão que você chama de "você", pode ser amada como uma confusão. Você é uma confusão perfeita!  Estamos aqui para te oferecer a possibilidade de ver que a perfeição já é sua e nada precisa ser feito.

terça-feira, maio 17

no mesmo barco, a qualquer custo


 























De uma certa maneira, você se torna aquilo a que se associa. Então, esteja somente em companhia sagrada. Sagrada aqui não tem a conotação que a mente dá, tente entender. O que proponho é que você viaje com aqueles que estão no mesmo barco. Porque os relacionamentos terão efeitos sobre você!

Nos encontramos para ir ao mesmo “lugar”. Este é o momento onde você deságua naquilo que é sagrado, que é o Silêncio que você é. Nada é melhor que Satsang para manter os seus amigos. Associe-se somente com aqueles que estão indo à mesma direção. E vá para a Verdade, a qualquer custo.

Amigo é aquele que não perturba a sua mente. Mantenha nenhuma amizade com aqueles que perturbam sua mente – não importa quão próximos eles sejam. Seja uma pessoa, um lugar, uma ideia ou um pensamento. Não faça amizade com eles, não aceite seus convites, porque quando você vive na sociedade deles, a Verdade não vai beijar você.

Eu estava no Chile há pouco, e houve um momento muito interessante, que cabe ilustrar aqui. Depois de fazer umas fotos ao redor da casa onde estávamos reunidos, entrei na cozinha e lá estavam mais ou menos umas oito mulheres – todas que participavam do grupo, naquele fim de semana – e todas estavam ajudando umas às outras a preparar a comida que comeríamos num momento depois. Confesso que olhei para aquilo e achei muito interessante, porque ficou transparente que aquelas pessoas estavam no mesmo barco e estavam cientes disso. Elas sabem que estar sob aquela companhia, ajudando umas às outras, as eleva.

Pode ser que os seus filhos, pais, tios, primos, amigos, namorados, namoradas, não estejam interessados; mas se nasceu em você a beleza que é, estar na presença Daquilo que somos, este passa a ser quase uma espécie de ato revolucionário – irá desorganizar tudo ao seu redor. A aparente fragilidade do que reconhecemos em Satsang, só se fortalece se for animada por pessoas que estejam remando na mesma direção. Se gasta muito tempo com pessoas que estão remando noutra direção, você entra em estados confusos de entendimento. E isso é maléfico.

Se há a chance, preste atenção! Dance com as circunstâncias, mas esteja atento dos dançarinos e da proposta da dança. Várias vezes as pessoas querem coisas que têm motivos absolutamente egóicos, que não têm nada a ver com ser quem você é. Essas são as más companhias. Lembre-se: amigo é aquele que não perturba a sua mente.

Você já notou como a sua mente é perturbada? Os pais adoram perguntar, por exemplo, o que você vai fazer no futuro. Mas se você leva essa pergunta pro seu coração, como você dorme de noite? Não é seu amigo aquele que o afasta do silêncio que você é. O que vai ser do amanhã, ninguém sabe. Nem mesmo aquele que fez a pergunta sobre seu futuro. Por mais que ele pense a respeito do amanhã e planeje, não tem como definir como vai ser.

Agora, se você pergunta – Como será o amanhã? – e ouve a voz do Silêncio. Verá que o amanhã será exatamente como agora, silencioso.

segunda-feira, maio 16

saindo da mente, onde você nunca esteve


















Veja! Quantas vezes por dia você diz “sim”? Na nossa cultura, há a ideia de que dizer “sim” faz de você uma pessoa sem caráter. E a mente lança a tese de que uma pessoa que diz “não”, tem caráter. Então você vive dizendo “não” e brigando com o fluxo do rio. Mas nesse caso, você nada mais é do que uma pequena gota, cheia de “si”, que não quer fluir com o rio, nem que a vaca tussa.

O rio segue fluindo e deixando a gota para trás. Até que chega um momento em que ela também é arrastada pela correnteza, porque a força do rio é muito maior.
- Espera um pouco! Alguém avise a essa gota que ela não está separada do rio, ela está tão molhada quanto o rio, tão úmida quanto o rio, tão água quanto o rio.

Você não tem como ir para cima, enquanto o rio está indo para baixo. Você está indo para baixo e não existe maneira de ir para cima. Você está fluindo com o rio. E seria muito vantajoso que compreendesse que mesmo brigar é um estado de ser da Consciência, que tudo está dentro da brincadeira. Se incidir sobre você a perspectiva possível de que já não dá mais, se solte!

Osho chama de “suprema compreensão” o dar-se conta a respeito de si mesmo. Porque a compreensão comum não compreende, interpreta. Cada um tem um jeito de interpretar. E no final, quando vemos, já não temos mais uma só coisa em questão, temos um milhão de coisas. Seguindo a compreensão comum, temos tantos mundos quanto cabeças.

Assim, para descobrir o mundo unificado, o “Uni-verso” – e não multiverso –, temos que sair da mente. E é aqui que entra o meu convite.

Você me pergunta: como sair da mente? É nesse momento que a pergunta “Quem é você?”, é feita. Uma vez que saiba quem você é, vai se dar conta de que não precisa sair da mente, porque você não está na mente. Mas se essa pergunta não penetrou todas as camadas necessárias, existe uma grande chance de que você ainda esteja tentando sair da mente.

Por isso eu insisto: não largue o “quem é você?” – essa pergunta é um bálsamo. Na descoberta, fica transparente que não tem necessidade de sair da mente, porque você não está na mente de maneira nenhuma. A ideia de sair da mente é um conto na própria mente, que insiste que você saia da mente. E eu sei que você se esforça, porque ouve essa tese da mente e insiste em sair da própria mente. Faz tudo o que pode para conseguir.

E é justamente em tentar, que alguns desistem. Dão-se conta e param de brigar. E as coisas começam a ter outra perspectiva. Essa nova perspectiva não é da mente.

domingo, maio 15

zendo

disturbance ahead. 
no way back. 
stay here.


turbulência a frente.
sem volta.
fique aqui.

sexta-feira, maio 13

tutto immaginazione

















Estamos emaranhados num sonho – Tutto immaginazione! There is nothingNão tem nada. O árduo é ver que tudo o que pensamos – passado, futuro –, não existe, é pura imaginação.

Nada dará certo ou errado. Tudo será como tiver que ser. A única transcendência necessária é saber, categoricamente, quem é você. E, antes disso, para mostrar que é possível, vem a pergunta:o que você quer da vida? Já se perguntou?

Tudo aquilo que você precisa, você já tem. Tudo aquilo que você quer ser, você já é.

Se algo está lhe faltando, é pela “vista-grossa” que está fazendo. Você está olhando para algum lugar que não é o lugar onde repousa aquilo que você é. O condicionamento, a nossa programação é muito antiga, é muito profunda. E é muito fácil imaginar ou esperar de alguém aquilo que nós queremos.

Pergunte-se agora: o que você quer da vida? O que você está buscando? Se não está buscando nada  e talvez isso é o que tenha vindo a sua mente , preste atenção.

Se não está buscando nada, é porque você já chegou onde queria, então não existem perguntas. Estamos aqui simplesmente para compartilhar o silêncio da verdade daquilo que você é. Mas se você ainda quer alguma coisa, me diga: o que você quer?

quinta-feira, maio 12

dentro do oceano impossível




















Não há resposta a ser procurada. A questão é irrelevante, é somente um dispositivo que aponta para que você veja quem você é. Está além da periferia ou do centro. A pergunta – “Quem é você?” – somente aponta. A pergunta é feita e imediatamente você olha para aquilo que você é, sem passar por nenhum pensamento ou sentimento, sem intermédio. É uma experiência direta. É a experiência da não experiência. É algo que pode ser visto diretamente, sem reflexo.

Quem você é, existe embaixo de tudo o que acontece na assim chamada “periferia”. Você não pode ser percebido nem com os pensamentos, nem com os sentimentos, nem com a sua mente, nem com o seu corpo. Você é aquele que transcende o corpo e a mente. Você tem que ter uma experiência direta do Ser que você é.

O “Eu Sou”, o grande “eu”, é uma manifestação da Consciência em repouso. Não existe um “como”, a pergunta apenas aponta para você ver. Há um momento em que você tem que largar a pergunta também. A pergunta é abandonável, você só pergunta para ver – está além dos sentidos.

Você pode sentir uma manifestação energética, mas o Ser não é uma manifestação energética. O Ser está além das manifestações. As manifestações pousam nele, vêm dele. É o oceano e as ondas. O Ser não é escuro, nem claro. Ele não tem forma, limite, não tem o que você possa ver, é indefinível. Estamos aqui apenas para realizar que o que você vê não faz sentido intelectualmente. Sem possibilidade de descrição. No entanto, você é capacitado a ver e isso está disponível todo o tempo, aqui e agora.

Não existe um ponto de onde você venha. Não há um ponto de foco, de nascimento. Não tem um ponto de morte. O Ser não vem, nem vai – ele é a única coisa que permanece. O Ser não se move, não faz barulho; o Ser é apenas observação vinda de lugar nenhum. Chamemos de “Consciência”. Essa Consciência é tudo o que existe. Qualquer que seja a forma que essa Consciência tome, é ela. A forma, no entanto, é efêmera; a Consciência permanece. Tudo dentro desse oceano impossível.

quarta-feira, maio 11

o fácil é certo
















Hoje ouvi alguém dizer que um amigo morreu e foi para o Silêncio. Mas eu gostaria de dizer que ele não vai para o Silêncio, porque ele nunca saiu do Silêncio! Ninguém morreu, apenas uma história foi desconectada. De verdade, não tem ninguém, mas gostamos de acreditar no contrário, senão parece insensato, não é mesmo?

De uma certa maneira, eu gosto da ideia de que a religião, tal qual está posta, seja o ópio do povo. Porque esse tipo de pensamento nos dá uma esperança, nos dá um futuro – há a promessa de que tudo o que você não tem agora, terá depois, quando for merecedor. Enquanto que a grande brincadeira que Satsang nos traz é que nos soltemos e vejamos que as coisas vêem ao nosso encontro. Se você descobre isso, não tem mais sofrimento.

Seria muito precioso descobrir como lidar com esse touro voraz e essa criança louca que quer tudo. Desprenda-se! Ponha toda sua energia em observar. Nem sempre a oferta que você propõe à vida, é o que a vida tem reservado para você. É bem possível que a sua oferta seja atraente e se realize, mas talvez haja uma outra alternativa com uma facilidade imensa. Então, abrace-a! O fácil é o certo.

Criticamente, foi herdado do mundo cristão que o difícil é virtuoso. Não é à toa que você vive com a boca voltada para baixo. No entanto, quando você começa a ver o fácil, a perspectiva é outra, você vira automaticamente. Você faz um simples movimento e fica nítido que ele volta com precisão. E aqui podemos inserir o elemento confiança nessa equação. Você deve aprender a confiar – não digo confiar com a sua mente, estou falando em confiar que a Existência tenha um plano para você.

Outro dia alguém me perguntou como poderia saber qual era o seu destino. Mas não tem como. Você só vai saber no dia final, quando já o tiver vivido. Você está destinado a me ouvir agora e está me ouvindo, este é o seu destino, quer goste ou não. E o meu destino é estar aqui, mais uma vez, quer goste ou não. Para mim, o que sempre fica nítido é que existe a abertura de uma outra dimensão em sentar aqui com vocês. Sentado aqui é nítido que não estou sentado para vocês, estou sentado para mim. E nesse sentido, permitam-me agradecê-los: muito obrigado! Vocês disponibilizam esse momento para que eu fique em paz comigo mesmo. E desejo o mesmo a todos vocês.

Veja! Não tem ninguém, só o Silêncio que descende e acalma. Depois de um dia cheio de coisas para fazer, estamos aqui. E abrir essa porta é entrar na possibilidade de ficar em paz consigo mesmo, sem nenhum atrelamento com história alguma.

Mesmo que a vida pareça às vezes afastar essa possibilidade, na verdade, é mais um convite para se aproximar. O afastamento não vai gerar absolutamente nada que não seja deteriorado pelo tempo. Aqui, a brincadeira é de você com você mesmo, olhando para o lugar certo.

terça-feira, maio 10

o anti-drama no beijo do silencio




















A pergunta “quem é você?” funciona como uma navalha, ela corta a arrogância do corpo-mente que se auto-intitula você. Ao questionar quem você verdadeiramente é, essa possibilidade de arrogância desaparece. Já usei essa metáfora antes, mas cabe novamente aqui: é como um carro em ponto morto. Basta perguntar com acuidade “quem é você?” e o motor perde toda a turbulência . Observe esse espetáculo sem mente.
 
Sem recontar a história de ontem para si mesmo, o que precisa mudar? Sem contar a história do amanhã, o que o preocupa? A mente tem a tese estapafúrdia de que se você não se preocupar, não vai dar certo. Mas eu quero que veja o que é que pode não dar certo agora.
 
No agora tudo está ótimo. Se cortar o vínculo com o tempo, você pode notar que nada está faltando ao agora. Experimente! Nada está acontecendo, a menos que você se enrede com alguma história. E quando surge a pergunta “quem sou eu?”, é possível cortar o laço com a história. Este “método” é por demais simples e cheio de bendições. Isso o liberta.
 
Quando surgir o pensamento “como faço para mudar a minha vida?”, pergunte-se: quem sou eu?  Quando pensar em ser mais feliz, pergunte-se: quem sou eu? Quem quer ser mais feliz? Esse desejo está ligado a uma história que não tem nada a ver com você.
 
Ao sentir que está muito enraizado na história, dê um codinome a si mesmo. Diga: "Eu sou a TV Globo, uma indústria de dramas e novelas, de casos insolúveis e misteriosos. Sim. Porque a quantidade de casos insolúveis e misteriosos que a sua mente produz é inacreditável".
 
A mente gosta de complicar, porque quanto mais complicado, mais envolvida ela está no seu negócio. Quando fica simples, ela é desnecessária. Você vê? Você não precisa fazer uma convenção para tomar um banho ou um plebiscito para jantar. Mas existem pessoas que, para comer uma pizza, têm que fazer um plebiscito com a série de cabeças que existe dentro dela. Afaste-se um pouco e observe que a simplicidade remove tudo isso.
 
O mundo é para celebração. Olhos, pele, ouvidos... tudo para celebração de quem você é. Você já se deu conta do que isso significa? Veja agora. Olhe a brisa que entra pela janela. É só observar e vai ver que a noite tem uma qualidade e o dia tem outra; que as mãos são feitas para uma coisa e as pernas para outra; que a boca não é para ficar falando o tempo todo – ela é muito mais desenhada para celebrar, beijar os alimentos do que para relatar as novelas da sua mente.

segunda-feira, maio 9

o sutra do bolinho de arroz

















Hsuan Chien, quando jovem, era um devoto estudante do budismo. Ele estudou todos os conceitos e doutrinas, e tornou-se muito hábil em analisar os termos mais complexos.  Considerava-se um entendido em filosofia budista.  Aprendeu o Sutra do Diamante e orgulhava-se de ter escrito um longo comentário sobre ele.

Um dia, sabendo que em outra cidade havia um grande sábio que dizia coisas com as quais ele não concordava, ele resolveu viajar para lá, para provar com o seu conhecimento que o sábio estava errado.  Colocou o comentário sobre o Sutra do Diamante embaixo do braço e partiu.

No caminho ele encontrou uma velha que vendia bolinhos de arroz:
-       Gostaria de comprar alguns bolinhos, por favor! – Disse ele para a velha.
-       Que livros está carregando? – Perguntou a velha.
-       É o meu comentário sobre o sentido verdadeiro do Sutra do Diamante. Mas você não entende nada sobre esses assuntos profundos.  – Disse, desprezando a vendedora de bolinhos.
-        Vou fazer uma pergunta e se puderes responder, eu te darei todos os bolinhos de graça.
Ele, obviamente aceitou o desafio.
-       Está escrito que a mente do passado é inatingível, a mente do futuro é inatingível e que a mente do presente também é inatingível.  Diga-me: com qual mente você vai comer os meus bolinhos?
Hsuan Chien não soube o que dizer.
-       Sinto muito, mas acho que terá que comer bolinhos em algum outro lugar.  – Finalizou a velha.

Você vê? Do que adianta fazer o comentário sobre o Sutra do Diamante, e quando “a porca torce o rabo”, não saber de nada? E logo com a velhinha que ele julgou não compreender sobre assuntos profundos.

Se não tem mente no futuro, se não tem mente no passado, se não tem mente no presente, com que mente você vai comer os bolinhos? O que a velhinha está dizendo?

Não importa o que você esteja carregando na sua mente.  E todo o meu esforço aqui, se é que existe algum, é convencê-lo exatamente disso.  Do que importa o que você acredita?  Do que importa o que você acha?  O que quer que seja que você acredite, não passa de imaginação.

O que eu estou apontando para, não tem relevância nenhuma no nível fenomenológico. Ou seja, você não pode aceder a isso que você é. Isso que você é não pode ser experimentado por mim.  Isso que você é, transcende os fenomenos – não é objetivo, não é um objeto.

A mente não sabe nada disso. E nada que a mente saiba sobre isso, é de fato sobre isso que a mente sabe.  A mente pode pensar o que quiser, mas na hora de comer os bolinhos, com que mente você vai comê-los?

sexta-feira, maio 6

na luz, qual escuridão?



















O mundo é visto, normalmente, como fundamental para a vida existirE nesse caso, o mundo é ganhar dinheiro, ter uma casa para morar... e todas as coisas vistas como primordiais. Mas estamos aqui para ver que primordial é a Consciência, sem Consciência não tem mundo.
Partindo do princípio de que o mundo está na base de tudo, que tipo de mundo você tem? Agora, se desperta para o fato de que o mundo é apenas uma expressão da Consciência, você está diante de um novo mundo. E isso só pode acontecer agora, não amanhã.
O novo homem nasce do agora. Ao dar-se conta de que você não é a mente, de que a mente é residual – nada mais que uma herança genética e cultural –, ela deve ser vista como não-você. Portanto, o convido a, inteligentemente, não brigar com a mente. Veja a mente como uma entidade impertinente que se manifesta nos momentos sombrios e observe que isso não é você. Aliás, quando você é radical, pode identificar de onde vem a impertinência. A impertinência vem da escuridão, não vem da Consciência.
Parece inacreditável, mas entre no agora e veja. O que está acontecendo? O agora só lhe revela uma sensação primária, boa, como se o mundo pudesse acabar. Veja e mantenha essa visão até o fim dos seus dias. De dentro dessa Paz começa a borbulhar algo. Desse borbulhar nascerá algo. Alinhando, aceitando esse organismo na sua unicidade, mais dia, menos dia, surge uma dança. A integrar-se com o Todo, o Todo conspira e dança através de você. Pode levar algum tempo, mas não tenha pressa. Ninguém pode ter pressa sendo você.
Continue fazendo o que você faz, sendo você. E deixe o borbulhar acontecer. Se estiver alinhado com o momento presente, as portas se abrem e você vê que realmente não foi você que fez nada acontecer. O que aconteceu foi um momento onde tudo conspirou. Se você está alinhado, você nota. Senão, só vê frustração – você pensa que a vida é uma luta sem fim, um grande stress e que não pode conseguir nada sem batalhar muito.
Participante – Então, Satya, partindo da mente, não é possível ter nenhuma criação?
A mente cria. Mas é uma criação limitada. Não é uma criação que melhora o mundo, é uma criação que só melhora a sua própria condição e, ainda assim, temporariamente. 
Pautado na Consciência que você é, é possível ver que sempre está melhor quando o outro está bem também. No momento em que o outro não está bem, veja o que acontece com você. E, ao contrário, a mente em sua loucura vive tentando criar conflitos com um ou com outro. De uma certa forma, a felicidade da mente é a possibilidade de gerar infelicidade. Portanto, fique atento e descanse na Consciência que você é.

quinta-feira, maio 5

a vida e o medo da morte




















O convite de Satsang é para que você morra. Até quando vai fugir disso? Pare tudo e diga: “Daqui eu não saio, não importa o que aconteça. Porque todo o perigo é imaginado”. Está tudo dentro da sua mente. Fique no Silêncio do agora. Pegue toda a sua alucinação, todos os seus problemas, aquiete-se e preste atenção.

Conta-se que quando Buda se deu conta de quem ele era, ficou por cinco anos ao redor da árvore Bodhi, sem fazer nada, apenas prestando atenção. Você já perdeu tanto tempo, que mais cinco ou menos cinco anos, não será problema. Na verdade, todo o meu empenho é para que você pegue o que é Verdade e ofereça para a vida. Ofereça o verdadeiro para o ilusório. Brinque! Entre com o verdadeiro no ilusório e veja o que acontece. Veja se o verdadeiro pode ser manchado pelo ilusório.

Note que volta e meia o verdadeiro parece estar chamuscado, mas aquiete-se e veja se é isso mesmo ou se essa é mais uma ilusão. A mente tem apenas um compromisso e não é com a Verdade. Os seus pais não lhe darão uma passagem para que você descubra “quem você é” – eu duvido. E este é o ambiente onde a sua mente existe, onde os valores são completamente outros.

Se você colocar em risco ou, melhor ainda, questionar o seu medo, colocar no fogo aquilo que mais lhe amedronta, há uma chance de que o medo queime e você fique sem ele. E sem medo, você deixa de servir o sistema, deixa de servir à mente.

Você pode muito bem saber onde se encontra e se está agindo baseado no medo, a favor da mente, ou  se está agindo a favor do Ser.

Na verdade, quero que veja o seguinte: para onde você está indo? Porque se aproximar daquilo que a sociedade quer, daquilo que seus pais querem e fazem, sem a menor investigação, é perpetuar a ilusão. Afastar-se daquilo que todos querem, daquilo que os seus pais querem, daquilo que a cultura quer, é aproximar-se daquilo que você é – que não pertence a nenhuma cultura e que não se encontra no tempo.

Morte é a porta e só morre aquilo que pode morrer. Aquilo que não pode morrer, não morre. Se você se confunde com aquilo que pode morrer, existe medo. Se não se confunde, não há medo. Ao contrário, desaparece a ilusão da morte e daquele que pode morrer.

quarta-feira, maio 4

o florescer da flor sem flor

















Qual o meio que nós temos – se é que existe algum meio – de atingir o que Osho chamou de “transformação do ser”? Do meu ponto de vista, o único meio que temos é observar. E aqui preciso fazer uma distinção entre observar e pensar.

Há muito tempo temos dado nomes às coisas. Todas as coisas têm nomes. E o tempo todo reforçamos isso. Sempre voltamos à descrição dos objetos. Apenas peço que você tome um pouquinho do seu tempo para se dar conta do seguinte: em primeiro lugar, você observa. A descrição não tem nada a ver com o objeto em si. A descrição é apenas um nome.

Se quiser olhar com mais carinho, você pode atingir o simples e óbvio: as flores não são flores.  Você não sabe o que é, e nunca vai saber de verdade. Podemos apenas descrever de acordo com o que aprendemos. E mesmo que não chamemos de flores, daremos outros nomes, todos resultados de uma convenção, de uma memória, de um passado.

Você nunca permanece no espaço de inocência, com a inocência de uma criança – que não sabe o que as coisas são. Mas, compartilho com você que, mesmo de dentro da minha adultêsolho para isso que chamamos de flor e tenho a nítida certeza de que eu não sei o que é isso.

Ao dar-se conta de que pensar e ver são duas coisas diferentes – e aqui estou chamando de “ver” a observação –, você pode, relativamente, se dar conta de que tudo o que você descreve não tem nenhuma realidade. Qualquer história a respeito de um episódio que possa estar torturando você, tem como base a premissa de que não é verdadeiro. A descrição do episódio, a manutenção do episódio tem uma função. Nesse caso, a memória está servindo a este falso eu, que não existe.

Quero que você tome um tempinho para se dar conta exatamente disso: nesse momento, sem nenhuma história, sem nenhuma referência, sem nenhuma memória, o que resta para ser você? Passados todos os objetos, o que fica?

terça-feira, maio 3

verdade, silencio, consciência


















Toda a nossa sociedade nos diz que “ter é poder”. Podemos dizer, inclusive, que há engano ao afirmar que “saber é poder”.  Na nossa cultura, ter é poder! Mas no ambiente da Verdade, Ser é poder. E estamos aqui para migrar do existir, do ter para o Ser.

Estou falando de um poder manso, de um poder que não corrompe, que não invade, que não entra em conflito. A Verdade nos traz um poder pacífico. É o poder de permanecer como sendo o Silêncio apesar de tudo.

Apesar de tudo o que está sendo perdido, Consciência não pode ser perdida. A boa notícia que trago, é que Consciência não pertence a você. Dê-se conta de que Consciência é você!

Você pode perder ideias, memória, sensações... E tudo isso é observável. Tudo está sendo constantemente perdido. A morte não é algo que vai acontecer amanhã. A morte é uma realidade. Morte acontece todos os dias. Basta um milésimo de segundo e um movimento já passou, uma sensação já passou, um pensamento já passou... isso é morrer.

Portanto, ao invés de estimular a atenção às coisas temporárias, estimule a atenção àquilo que não muda. Receptividade e quietude são necessárias, e você notará que onde quer que você vá ou independentemente de tudo o que aconteça com os pensamentos e sentimentos, Consciência permanece.

Digamos que exista o imaginado inferno, se você for para o inferno a Consciência vai com você. Os seus amigos não irão, eles terão mil desculpas para não ir. Mas a Consciência não se separa de você nem por um mínimo instante. O que proponho, então, é uma avaliação a respeito do que realmente importa. E uma vez visto, assuma o que é Verdade.