[Apontando para um “copo”, Satyaprem inicia sua fala, perguntando a um dos ouvintes presentes...]
– O que é isso?
Participante – Um copo d’água.
Você é descendente de japonês?
Participante – Sim, da 3ª geração.
Se você for ao Japão e pedir um “copo d’água”, eles te darão um copo d’água? Não. Eles não te atenderão, porque lá no Japão isso não é um copo d’água. A maioria das pessoas vive imersa nas convenções, como se fossem reais. Por isso, aqui, o meu apelo: é muito simples ver o que é convencional e perceber que ele é totalmente irreal. Acordar, portanto, é começar a se dar conta de que isso não é um copo d’água.
Questione-se a esse respeito e, eventualmente, com um pouco de sorte, poderá perceber a realidade dos objetos, assim como a sua. Comece vendo que, da mesma forma que isso não é um copo d’água no Japão, um japonês não pode chegar no Brasil e pedir um copo d’água do jeito que está acostumado a pedir no Japão, pois também não será atendido. Ou seja, a sua noção de realidade está totalmente comprometida.
É por isso que as pessoas gostam de viajar, porque, de repente, lhes é dado mais espaço. Num outro lugar, eles sentem que aqueles que eles são aqui, não precisam ser lá. O que chega a ser crítico, em sua maioria, porque causa a necessidade de sair, de estar sempre indo a algum lugar para sentir-se livre. Conquanto “liberdade” não tem nada a ver com o lugar em que você se encontra.
Por isso o convido a fazer uma única viagem, só de ida, com acesso à Liberdade do seu ser. Note que, se isso não é um copo d’água – aqui vou dar um salto quântico –, você também não é isso aí sentado. Então, qualquer trabalho feito com esse objeto que você chama de “eu”, em nome de melhorar a si mesmo, é falacioso – e é por isso que não funciona.
Outro dia vi na TV, uma entrevista com um filósofo conhecido como o “filósofo anti-progresso”. Perdoem que eu não lembre o seu nome, mas o que me marcou foi justamente o fato da entrevista estar baseada nesse axioma: progresso existe? E o filósofo defendia que “progresso não existe, tudo será exatamente do mesmo jeito, sempre. Apenas parece que existe progresso, mas é ilusório”. Aqui, em nosso contexto, eu pergunto: por que não pode haver progresso?
Participante – Porque tudo está perfeito do jeito que está.
E para onde você olha para ver que tudo está perfeito?
Participante – Para o aqui e agora.
Este é o único movimento necessário. Só nesse lugar, tudo está perfeito. Porque do lado de fora não há perfeição. E, diga-se de passagem, não é por estar imperfeito que não há perfeição, é por causa dos seus olhos. Pois tudo está perfeito, sempre. Note!
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