sexta-feira, setembro 28

abra os olhos

















Associar o encontro consigo mesmo à terapia já não cabe mais. Muitos foram por esse caminho e se equivocaram. O corpo e a mente não podem realizar o Ser. 

O objeto não pode pode compreender o sujeito.

O que você quer? Quer um relacionamento que dê certo, ganhar dinheiro, não ter mais dores de barriga ou abrir os olhos e ver quem você realmente é?

Se abre os olhos, você vê. A mente projeta uma visão baseada no que foi lido nos livros; o corpo quer ter uma sensação especial, quer ver luzes e mil pétalas se abrindo. Porém, é justamente quando o querer cessa que você vê quem você é.

Você quer sentir expansão no corpo? Como? O corpo é limitado. Você quer se sentir bonitão para sempre ou quer sumir no abismo do agora? O mais comum é que o abismo cause certo estranhamento e, diante disso, você se prende novamente aos desejos, aos pensamentos e às sensações. Por isso, Satsang é para os corajosos – a maioria das pessoas está contente em ter um emprego, casar e ter filhos, não é mesmo?

Abrir os olhos é a única base para a autodescoberta. E o “mecanismo” que proporciona essa abertura é a absoluta rendição a essa milenar questão: quem é você? Se você leu a melhor resposta sobre isso num livro e está contente com ela, por favor, jogue-a fora. Nenhuma resposta vinda de outrem tem o menor valor. Não seja preguiçoso. Um pouco de critério e coragem podem levá-lo à resposta original. Um buda dormindo não é um buda, buda é ser acordado. Abre os olhos.

quinta-feira, setembro 27

o dilema da semente e a aventura da flor


















Você está cheio de ideias. Em alguns casos, “boas ideias” eu diria. Mas não esqueça que as suas ideias vieram de algum lugar do passado. Mesmo a ideia a respeito de ser o “Silêncio” você herdou do Ramana ou do Nisargadatta. Preste atenção. Descubra aquilo que é original e genuíno.

Afinal, qual a diferença entre uma ideia ou outra? Lembre-se: não há nenhuma proposta de aprimorar ou elaborar mais ideias. Não estamos falando a respeito de conceber algo, nosso encontro consiste em pousar em Si, em descobrir quem você é e viver isso secretamente.

Falo “secretamente” porque é como uma gestação. Aos poucos aquilo que você vê em Satsang vai tomando forma na sua vida e, consequentemente, virá a nascer e mostrar-se ao mundo ao seu redor. Porém, não se apresse nem se engane. Quando o parto acontece, morre a mãe e nasce o novo. De outra maneira, para que você compreenda bem, conceba a metátora da semente. Para a flor se abrir, a semente precisa morrer.

Você se apega ao “ser-semente”, limitado, e não se abre para a possibilidade da expansão. Ou, pior ainda, você até deseja ser uma árvore frutífera, cheia de flores, mas não quer deixar de ser semente. É um grande dilema, o dilema da semente.

Quando você começa a se abrir, a deixar de ser semente, aquilo que estava “protegido” no ambiente da semente tende a sofrer, porque a mente prefere conceber este momento como uma “morte” ao invés de ver o “nascimento” que está a ocorrer. Um certo estranhamento é natural, tudo parece novo. As velhas roupas e até os velhos amigos podem não se encaixar ao novo-você. Mas, afinal, o que você quer? Agora, aquilo que é original pode brotar e a vida se torna uma grande aventura, a cada momento.

terça-feira, setembro 25

ser você, simplesmente


Satsang não tem a ver com ser feliz, tem a ver com ser você. Você está aqui para "ser você". Pode que, sendo você, isso te dê uma grande felicidade. Mas este, definitivamente, não é o nosso parâmetro. Muito possivelmente, quando você souber quem você é, não fará o menor sentido você dizer que é feliz ou infeliz.

Desculpe o mau jeito, mas qualquer um pode ser feliz. Ser você é muito mais profundo do que estar lidando com adjetivos. Está na hora de amadurecer. Não se contente com "sentir-se bem" ou "ter sucesso na vida" – Satsang não tem nada a ver com isso. Aliás, não tem nada a ver com o que quer que seja que você possa imaginar. Tem a ver simplesmente com ser você.

No entanto, "ser você" é a última coisa que esse você que não é você quer que aconteça. Porque "ser você" detona todas as ansiedades e  angústias. Para ser você, não é possivel continuar crendo naquilo que te foi passado como verdade. Ao olhar com carinho para todas as questões que se estabeleceram como verdade a respeito de quem você é, você estará estabelecendo um corte fatal com a sua mente.

A mente não tem continuidade no ambiente do Ser. Experimente isso e depois me dê notícia. O que é dito, e confirmo, é que tudo permanece a mesma coisa, com uma perspectiva totalmente diferente. Mas não tenha pressa. É um "processo" destrutivo, como já falei. Você vem aqui cheio de ideias e todo o meu trabalho é para que você possa perdê-las, uma a uma. 

segunda-feira, setembro 24

a brisa do agora


Satsang propõe um corte com o conhecido. Está certo de que é isso que você quer? Na verdade, você deve deixar de querer, porque aquele que quer é exatamente aquele que não pode conseguir. Estamos aqui, portanto, para ressaltar que aquilo que você é já sabe de si – você não precisa se tornar o que já é.

Cautela e humildade estarão a seu favor. Você pensa que compreende, mas o fato é que só decorre Silêncio da compreensão absoluta. O chamado é exatamente a mutação da água para o vinho. Você há de tornar-se uma outra coisa que não este "você" assim como você se concebe. O milagre é que você já é essa "outra coisa" a qual você deve se tornar.

É um koan: torne-se aquilo que você já é. Deixe de ser esse "você", morra para o velho e re-nasça para aquilo que já é você. Um ato destrutivo, por assim dizer, dá origem ao nascimento, ao encontro com aquilo que resplandece quando nenhum conteúdo está em pauta.

Daí a expressão "Morra antes que você morra" – essa é uma chave de preciosidade singular. Morra um pouco a cada dia. Ao menos uma vez por dia mate um conceito a respeito de si, do outro e do mundo. E, a cada instante, sinta o frescor do Silêncio, a brisa do Agora, presente.

sexta-feira, setembro 21

observação cristalina


O caminho mais curto é investigar, por si mesmo, o que você é. Onde está você? O corpo é observável, ou não? O corpo é observável, a mente é observável e entre eles existe esse limbo chamado "emoções", que também é observável. Quem observa tudo  isso?

Agora, tente ver esse que observa. Não tem como. Não há quem ou o quê possa observá-lo, porque a Observação é o que está por trás de tudo. De qualquer maneira, tente encontrá-la e você irá se aproximar da realização de que a Observação seja invisível e que aquilo que vê não pode ser visto.

Nem através de um espelho você pode ver aquilo que vê. Nem no espelho da mente, nem no espelho do vidraçeiro, nem no espelho das emoções, nem no espelho das sensações, nem no espelho da mente dos outros... simplesmente, não tem como. E, obviamente, isso é desconfortável para o "eu" superficial.

Uma vez investigado esse desconforto, você começa a se ver como a consciência-testemunha. E a consciência-testemunha vai lidar com aquilo que o corpo-mente lida, de uma maneira completamente diferente. Quando questões como morte, insegurança, fome, carência, ou o que quer que seja, chegam à periferia, veja se a testemunha, veja se a observação em você sofre o que a mente propõe, veja se a Observação é carente de alguma coisa. É notável que as sensações podem ocorrer, podem ser vivenciadas. O corpo e a mente estão sempre gerando algo, mas na medida em que você observa, você se cristaliza enquanto Observação. Esse é todo o nosso propósito.

terça-feira, setembro 18

impensável: inimaginável




















Você tem carregado uma imagem de si mesmo e hesita em soltá-la. Porém, sua verdadeira natureza não tem gostos nem desgostos. Você é a Observação impessoal.

No entanto, quantos atendem a esse chamado? Quantos querem essa riqueza? Você tem um enorme apego às coisas. Primeiro, pensa que é “o corpo”; depois, pensa que é “o Todo” – mas qual é a diferença entre um pensamento e outro? Primeiro você pensa que é o corpo e a mente, depois, pensa que é o Todo e o Nada –, mas qual é a diferença?

Enquanto você continuar pensando, não há diferença – você apenas parou de pensar que é esse sentado aí, e passou a pensar que é “o Todo”. Mas os dois pensamentos são inexatos. O ponto é ver que aquilo que você é não decorre de estar pensando. Aquilo que você é, está por trás de todos os pensamentos e jamais será acessado por pensamento nenhum. É por isso que – além de todos os sentidos ou conclusões – "Silêncio" é a resposta. 

segunda-feira, setembro 17

a fala da verdade é silencio


A proposta não é ouvir Satsang, é falar Satsang. E antes que você mal-compreenda o que quero dizer – que é uma possibilidade –, lembre-se de quem você é. Ou você retém a ideia de que você seja um pensamento ou você se dá conta de que você não é um pensamento.

Se você se dá conta que você não é um pensamento, todas as portas se abrem. Se você retém a ideia de que você seja um pensamento, permanece num círculo sem fim, você continua vendo a si mesmo como aquilo que é proposto pela sua mente.

A proposta da mente é limitada e existe uma tendência em querer modificar, em querer melhorar este pensamento. Porém, é difícil arrumar um pensamento porque sempre que você precisa dele, ele não está lá. Você está lidando sempre com algo fantasmagórico, não-existencial.

Se você se dá conta de quem você é, você abandona o pensamento e encontra a si mesmo em totalidade. Esse "encontrar-se em totalidade" – obviamente – não cabe na sua mente nem como explicação, nem como visão.

Satsang, portanto, é uma seta para que você volte para esse lugar de onde você nunca saiu e não entretenha-se mais com pensamentos, por mais coerentes que pareçam.

sábado, setembro 15

atenção come luz


Seu movimento no mundo é determinado pela capacidade de ver a si mesmo como luz, como observação. De acordo com a concepção que você tenha a respeito de si, dependendo o quão próximo você esteja da realidade-observação os tecidos do seu corpo e o fluir dos seus pensamentos se movem mais ou menos tranquilamente.

De repente você se "sente" tão jovem e nada foi feito... Isso ocorre porque a sua percepção a respeito de si e de todas as coisas ao seu redor tornou-se distinta daquilo que vinha sendo convencionado. 

A menos que você esteja vendo isso com seus próprios olhos, o que estou dizendo não terá sentido. Por isso insisto: volte-se para dentro e veja.

Quando você VÊ, acende-se a luz interna. Ninguém pode acender essa luz por você. Mas você pode ser responsável por manter os olhos voltados para a luz ao invés de se ludibriar com o falso. Acenda a luz e ponha uma fita adesiva que mantenha o interruptor em on. Em outras palavras: esteja atento. Todos os dias, a cada momento – de alegria ou tristeza – mantenha sua atenção na Observação e não nos objetos. Isso mantém a luz acesa.

Esteja atento e você verá o momento em que a mente propõe o falso. Com a luz acesa você não se confunde com aquilo que você está vendo. O corpo-mente é um sistema sensorial desenhado para ver, ouvir, cheirar, provar, tocar e pensar. Diga-se de passagem, você pode experimentar muitas coisas interessantes. Por que, então, permanecer com esse vicio de experimentar de novo e de novo essas sensações e ideias que causam dor? Este é o alimento da mente. Atenção, definitivamente, é o alimento do Ser. Acenda a luz e Veja.

quinta-feira, setembro 13

Ontem é um pensamento ocorrendo agora

















Para objetos existirem, tem que haver espaço. E para pensamentos existirem... ou, melhor, para esse que você pensa que você é – essa coisa psicológica – existir, precisa de tempo.  

O problema é que tempo e espaço são conceitos – eles não existem de verdade. Só tem uma coisa que você pode experienciar diretamente, sem o auxilio da sua mente, e isso é o Agora – sem tempo e sem espaço.

Agora você não pode dizer quem você é, nem saber quem você é, nem dançar quem você é, nem ouvir quem você é... Você só pode ser quem você é.  Olha o mistério...

Para “saber” quem você é, você precisa conceituar. Você precisa, imediatamente, usar o intermédio da sua mente. E aí você não está tendo uma experiência direta de quem você é, você está tendo uma experiência indireta. Você já está perdendo tempo conceituando um troço que você não consegue evidenciar que seja verdade.  

Aquilo que você é, está além do tempo, além do espaço, além da linguagem, além dos pensamentos... Então, se você está aí, chegando a alguma conclusão... se você chegou a uma conclusão ontem, pode começar tudo de novo, porque “ontem” é um conceito na sua mente. “Ontem” é um pensamento ocorrendo agora.

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quarta-feira, setembro 12

observaçāo versus mente


Participante – Satyaprem, se estou no controle das emoções, como faço para observar essas emoções?

Não há controle das emoções, mas uma desidentificação com elas. Você precisa ficar muito atento, porque não há nenhum propósito em controlar as emoções. As emoções nascem de um agente provocador. O que estou esclarecendo aqui é que as emoções não têm nada a ver com quem você realmente é. Então, observe!

Participante – E o que seria observar?

Seria observar se tem alguém observando.

Participante – Do contrário, é a mente.

Sim – e a mente não observa, ela julga. Raiva surge em seu campo sensorial e a mente diz: "ú não deveria estar com raiva". Isso não é observação. A observação possibilita a investigação de quem está com raiva e a visão de que, diante da revelação de sua origem, a raiva e o que decorre dela somem.

Na observação não há qualquer preocupação com a raiva – há um movimento muito mais alongado em que tudo é aceito incondicionalmente.

Comece a observar e veja que não tem ninguém observando, nem nada para ser observado. Só há observação, em si. Ninguém sabe o que está acontecendo.

segunda-feira, setembro 10

100% observação

Posso guiá-lo até um ponto em que você veja quem é você. A partir daí, não posso fazer mais nada, é tudo com você. Ou, ainda mais sutil, é com a Consciência. Se Ela quiser que você se realize enquanto Observação, isso irá acontecer. De certo modo, a partir de um determinado ponto, não está nas minhas mãos e tampouco nas suas. 

Chega um momento em que você vê que você não é esse corpo nem essa mente com os quais você tem lidado como sendo "você". Você é aquilo que os observa, assim como observa todos os outros objetos.

É matematicamente impossível que você seja aquilo que você observa, portanto, por que se identificar com algo que não é você? Você se confunde com a sua panela como sendo você? Não! Então... Esse corpo e essa mente são tão você quanto essa almofada na sua frente. Veja! Reflita.. Pondere... Preste atenção!

Aquilo que você vê, sente, cheira, ouve, pensa... nada disso é você. Deixe que isso cristalize de uma vez por todas. Enquanto a mente pensa, você observa os pensamentos. E, aliás, se tiver algo mais interessante a ser observado no momento, porque dar tanta atenção aos pensamentos? Isso faz parte de uma cultura herdada, de um mal-entendido herdado. Agora você já tem acesso a outra realidade, absorva essa nova realidade e deixe que isso o mova no mundo. Não importa o que esteja acontecendo, você é a Observação 100% das vezes.

 

quinta-feira, setembro 6

contradição: iluminação e você
















A mente qualifica-se em oferecer ideias e conceitos que o mantenham enredado no sonho. Assim, ela torna impossível o seu despertar e permanece no seu aparente império. Dentro desse contexto, o que precisa ficar muito claro é que a entidade “eu” e a iluminação não andam juntas, vivem em linhas paralelas, jamais se encontrarão. Mesmo na curva mais fechada, elas permanecem paralelas.

Iluminação é a remoção do “eu”. Ou seja, esse "você" não iluminar-se-á. Tudo o que tem que acontecer, é notar que esse “eu” – tal qual você se pensa – não existe. Quantas vezes você já se iluminou e, em seguida, “desiluminou”? Isso acontece porque você apreende a iluminação como um objeto e, eventualmente, esquece.

Quando o “eu” entra, a iluminação logo desaparece. Assim, você fica ora iluminado, ora "desiluminado". Se persistir, um dos dois vai cansar. Há uma grande tendência em cansar da “iluminação”. Isso ocorre porque você está experienciando a iluminação com a mente, e isso não é departamento dela. Quando deixa de usar a mente como veículo para a iluminação – porque realmente é impossível – não tem mais volta.

É se perdendo – perdendo a entidade, essa noção de separação – que você se encontra. Deixando de lado aquilo que você pensa que é, você encontra aquilo que você é. O “encontro”, na verdade, passa pelo caminho da “perdição”. 

quarta-feira, setembro 5

a nuvem e o indivisível


Uma coisa é certa: enquanto corpo-mente, há limitação, porque o corpo depende de um milhão de coisas. É apenas uma célula do corpo infinito. De fato, não existe corpo independente – o corpo pertence a uma dimensão onde os objetos se correspondem e reflexos ocorrem de uma forma ou de outra. O nosso foco aqui, porém, está em perceber que o que Você é não depende de absolutamente nada. 

E esse Você verdadeiro lida com a limitação de uma maneira totalmente casual. Quando existe o discernimento de que todas as coisas têm uma temporariedade, trazem em si uma qualidade "nuvem", pois passam e passam e passam... então não tem porque se preocupar. Estar casado, ser pai, patrão ou empregado... tudo isso é passageiro. Não apresse a passagem das coisas, apenas esteja alerta ao fato de que elas passarão mais cedo ou mais tarde.

E quanto mais cedo você ver isso, melhor. Os papéis perdem totalmente a gravidade e você se torna apto a assumir as relações com todos os objetos com maior leveza.  As instituições humanas têm enorme carência de sobriedade, de lucidez. As grandes solenidades estão fantasiadas, eles usam roupas especiais para impor autoridade sobre você. Eis o reforço, a perpetuação da divisão.

Quando você fica quieto, se aproxima do essencial e se cala, todas essas diferenças desaparecem. Se você nota que – no agora – não existem diferenças, essa é a realidade que você vive e compartilha. Sua vida será regida por essa realidade: a realidade da indivisibilidade.

A mente, tacanha, tem inclusive ido em busca de iluminação – na tentativa de tornar-se "melhor", "um ser especial". Veja bem: aqui, desse modo, não proponho nem que você ilumine. Esqueça isso! Simplesmente seja. Tudo o mais é ideia da sua mente! Ela está sempre te vendendo o impossível.  

terça-feira, setembro 4

o amor ama amar


















Participante – Satya, quando não estou em paz na minha relação com meu companheiro, como saber se é coisa da mente ou se estou conectada na busca de melhorar? O diálogo para estabelecer novas bases no relacionamento não é uma cilada da  mente?

É possível diálogo que não seja mental? Não seria um diálogo, seria um monólogo.

Participante – É possível o amor entre duas pessoas? É possível o amor entre duas pessoas não ser apenas corpo-mente?

Claro. Amor não tem nada a ver com corpo-mente. Amor tem a ver com amor, o objeto é totalmente indiferente.

Quando você ama alguém, agradeça essa bênção e fique com o amor em si. Os objetos mudam, o amor permanece. Isso é o que você tem que se dar conta. O amor é intrínseco, o objeto pelo qual você está enamorado é temporário. Até porque este estado de “enamoramento” pelos objetos tem condições que não são puramente amor. Tem uma grande percentagem de bioquímica nisso que você está chamando de “amor”. E é por isso que só os adolescentes se apaixonam, mais tarde o que acaba falando mais alto são os contratos.

Você diz: “quando não estou em paz na minha relação com meu companheiro, como saber se é coisa da mente ou se estou conectada na busca de melhorar?”. Sugiro que você não tenha dúvida: é coisa da mente!

Você precisa compreender de uma vez por todas que amor não tem a ver com o corpo nem com a mente. Aliás, o amor não tem a ver com duas pessoas, o amor tem a ver com essa inerência, com isso que é auto-evidente e interno. Quando você descobrir o amor, e alguém foi o que objetivou isso, seja grato e fique com o amor. Aquela pessoa despertou, refletiu em você o sentimento mais lindo que alguém já pôde conhecer. Agora, fique com ele – com o amor – para sempre. Só o amor fica com você para sempre, todo o resto passa. 

O amor ama o amor em todas as coisas, sencientes ou não.

segunda-feira, setembro 3

mente quieta, coração tranquilo


Quando é perdido o interesse em controlar os acontecimentos e desejar que, alguns deles, durem para sempre, você põe o barco em ponto-morto e deixa fluir. Dependendo do momento em que você se encontre, a velocidade da corrente em direção à cascata é gritante. Em contrapartida, o controle promove grande lentidão, as coisas parecem não se mover, como se a vida não passasse, estivesse estagnada.

A vida da maioria das pessoas gira em torno da manutenção e tentativa de perpetuação de suas histórias. Há quem plastifique uma rosa e acredite que ela está viva no vaso da sala. Mas também há beleza na decadência, naquela rosa que vai murchando. Nada no universo está tentando manter o que quer que seja, só a mente humana.

De alguma maneira todo o trabalho da mente está em manter as histórias – é uma paranóia! As pessoas querem manter as relações e a juventude eterna, mas isso não é possível.

Na medida em que você se dá conta que Aquilo que você é, é muito mais vasto e que toda a beleza ocorre dentro de você, onde a mente entra? Nesse ponto, a mente entra para fazer uma bela fotografia, um poema, uma música... E o decair e a tristeza devem ser incluídos e podem gerar belas canções.

Se você se entristece de uma maneira saudável, não é depressão – não confunda uma coisa com a outra –, é sinal de vida. Você está vivo! Tudo pode acontecer. O mais importante é saber quem você é, e saber que você é Aquilo que está por trás de tudo.

Por trás de tudo há uma Presença, uma presença que não está no corpo, que não vem da mente... Só um apontamento é o suficiente para que você veja. Nisso, é inevitável que o corpo relaxe e a mente se aquiete.

A tendência da mente é sempre se envolver com algum pensamento, com coisas que não estão presentes – até porque com aquilo que está presente você não precisa pensar a respeito, você interage diretamente. Portanto, note a Presença e aquiete-se. Somente a Presença é eterna e não carece manutenção. Na verdade, é na ausência de controle que Ela resplandece. Entregue-se e Veja!