sexta-feira, setembro 10

Você não pensa, nunca pensou e nunca pensará.

















Henrique — Satyaprem, tem pensamentos que vêm a nós...

Todos os pensamentos vêm. Você não pensa nenhum pensamento, todos eles vêm.

Henrique — Mas tem alguns pensamentos que não gostamos de pensar.

E tem aqueles que gostamos de pensar.
Na verdade, quando não gostamos de determinados pensamentos, tentamos evitá-los.
A minha pergunta é: “Quem tenta evitar?”

Henrique — A mente.

A própria mente, que pensa, tenta não pensá-los.
Ou seja, ela pensa que não está pensando, mas isso é só mais um pensamento.
Isso é o pensar inadequado, porque é a mente que está pensando.
Você não pensa, nunca pensou e nunca pensará.

O pensante é o pensamento com julgamento.
Por exemplo, você fica com raiva de algo que aconteceu
e permanece com aquele pensamento, mas você não o quer e tenta não pensá-lo,
tentando interferir naquilo que está acontecendo. Ou seja, é a própria mente
que está pensando, tentando não pensar e tentando interferir
em algo que não pode ser interferido.

Outro exemplo: está chovendo. Tente fazer parar de chover e será em vão.
Isso é o que chamo de “pensante”, você estará pensando em vão.
Quando pensar em algo com essa qualidade, pense totalmente.
Pense tudo o que tiver que pensar sobre o assunto,
dê rédeas àquilo que você não gosta. Não estou dizendo para fazer algo.
Simplesmente contemple, observe, não interfira.

A mente “trabalhante” (working mind) é o pensar objetivo.
O pensar “trabalhante” é aquele que fundamenta uma ação real no aqui e agora.
Por exemplo, vindo para cá, eu precisava lembrar do que trazer e qual estrada pegar.
A mente é capaz e é para isso que ela existe. Mas pensar em me tornar o Brad Pitt?
Para quê? Não tem fundamento real, é um pensamento inadequado,
porque é um desejo artificial, é algo improvável.

Seria o cacto tentando se tornar uma orquídea, ele não pode virar uma orquídea,
por mais que tente. Essa é a mente pensante tentando realizar uma coisa
que é impossível em termos reais. Há pensamentos que não têm função real,
eles apenas acontecem. Por eles apenas acontecerem, você não se envolve neles.
Deixe que venham.

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Trecho do Livro "Fragmentos de Transparência",
A orquídea e o pensar.

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