quarta-feira, outubro 26

objeto disfarçado de sujeito


Meu apelo hoje é para que você pare de observar. Por favor, faça isso agora e comente a sua experiência. Tente! Veja se consegue. No entanto, esteja muito atento ao que você observa como sendo parar de observar, enquanto parar de observar, ok?

Diga-se de passagem: “desatenção” parece ser um forte atributo do ser humano. Portanto, esteja muito atento. Veja bem o que você ouve e reproduz como proposta de realização da sua natureza original.

Tentando elucidar, eu pergunto: se você se deu conta que parou de observar, como é que você parou de observar, se está vendo isso acontecer? Está implícito que a observação nunca deixa de acontecer, ela é a última “coisa”, por trás de tudo, absolutamente tudo, o que acontece.

O que normalmente é descrito como “parar de observar” é a sensação nítida de que, por algum instante, aquele indivíduo não está pensando nem imaginando nada. E quanto a isso não há nenhum mistério... Isso é possível: parar de pensar, parar de imaginar... Tudo o que acontece pode cessar. Mas a observação jamais deixa de estar presente.

A observação, a Consciência que você é, não pode ser interrompida, porque não há nada fora dela – quem, onde ou o quê a interromperia, então? Ainda que pudesse ser interrompida, de nenhuma maneira seria o corpo, esse objeto observado, que a reteria ou a traria de volta.

Preste muita atenção porque este é um ponto muitas vezes difícil da mente entender. Porque é absurdo o número de criaturas – em corpos físicos e etéreos, diga-se de passagem – ficando mais consciente, tentando ficar consciente, querendo crescer em consciência, não querendo ser inconsciente.... a confusão é imensa! O equívoco é tão grande que quando chegamos ao ponto de conversar direta e claramente sobre o assunto, é quase que impossível.

Veja! Não estamos aqui para reproduzir absolutamente nada. Estamos aqui, simplesmente, para parar de reproduzir tudo o que foi imposto sobre nós e ficar com aquilo que não tem reprodução em lugar nenhum. Tradicionalmente, chamam isso de “acordar” e, não menos tradicionalmente, há grande parcimônia à respeito desta palavra – o que chega a ser uma espécie de pecado às avessas.

Então, investigue aquilo que Satsang levanta como possibilidade a respeito da realidade do Ser e veja de que forma se encaixa na sua própria experiência.

Dedique toda a sua atenção a perceber se você é o espelho ou o objeto refletido. E não se engane quanto aos objetos que aparecem diante do espelho travestidos de “você”... E, de novo, esteja atento! Os objetos são materiais e imateriais. Pode que você se confunda tanto com o objeto corpo, quanto com o objeto sentimento, o objeto pensamento, o objeto sensação, o objeto intuição. Pode até mesmo que apareça um objeto disfarçado de sujeito, como aquilo que chamamos de “ego”, e isso o torne mais confuso que nunca.

Porém, a verdade é uma só: diante do espelho, o espelho jamais se confunde quanto a ser o ego, mas o ego tem “absoluta certeza” de que ele é o espelho. Quem é você?

2 comentários:

  1. PERGUNTA:- "Porém, a verdade é uma só: diante do espelho, o espelho jamais se confunde quanto a ser o ego, mas o ego tem “absoluta certeza” de que ele é o espelho. Quem é você?"
    RESPOSTA: -"O Oceano confundindo-se com a espuma que bate na rocha".

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  2. a espuma desconhece a palavra espuma; o oceano nunca ouviu falar em oceanos, rochas, ou espumas. então, aí, não há confusão; não há nada...

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