A mente pensa que é o observador e tenta descrevê-lo; porque, no sistema em que se encontra, ela só sobrevive na contenção dos conceitos. Por isso, quando é proposta a soltura do não-saber, ela não consegue. A proposta, em Satsang, é que você verifique exatamente isso.
Os parâmetros desse trânsito que proponho, repousa no dualismo entre a Verdade e a mentira como sendo opostos. Tem a ilha da mente e tem a capacidade do ver. Traduzindo: tem a mentira e a Verdade. Observe com qual das duas possibilidades você estabelece uma relação mais amorosa, mais silenciosa, mais tranquila e mais pacífica.
A mentira se apega à descrição dos objetos observados. A Verdade é a capacidade de ver e a realização de que aquele que vê nunca é transformado num objeto, portanto, não pode ser visto. Aqui, você permanece como pura subjetividade e suspende toda a sua existência na capacidade de ver, sabendo que esse ver não é interrompido jamais.
Dê-se conta disso. E esse dar-se conta implica no próprio ver vendo a si mesmo. Estamos diante de algo místico, portanto – místico porque rompe a razão. Em níveis objetivos aquele que vê não pode ser visto. No entanto a experiência mística pressupõe ver aquele que vê – transcende a lógica.
Enquanto você permanece com todo o seu olhar para fora, descrevendo os objetos observados, diante da proposta aberta em Satsang, se abre a possibilidade de ver aquele que vê. Quando isso acontece, rompe-se algo no seu sistema. Diga-se de passagem, pode ser que essa ruptura já tenha ocorrido algumas tantas vezes, mas o sistema não se permite permanecer rompido, ele se reconstitui muito rapidamente – em tese. Até que, insistentemente, afastando-se da identificação com o objeto observado e aproximando-se mais e mais da observação como sendo você, esse ambiente da ruptura toma proporções muito maiores e se torna a sua morada.
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