Aqui, portanto, proponho um olhar agudo numa única direção: olhe para dentro – ainda que você não saiba onde o dentro fica – e tente localizar a sua mente agora. Onde está a sua mente?
Participante – Ela está fora.
Isso é ficar com o simples. Seria discutível? Sim. Poderíamos discutir por horas. Mas, para poupar-nos este trabalho, quero que pondere o fato da mente estar fora por ela ser passível de observação. A mente é observável. É porque você a percebe, que pode afirmar que não consegue para-la. Então, se você pode acessá-la através de um dos sentidos, isso quer dizer que ela está fora.
Você acessa o por do sol através da visão, um sorvete com o paladar, o aroma de uma flor com o olfato, o calor da xícara de chá com o tato, o som da minha voz através da audição, e – como bem dito por Buda, o Gautama – você acessa a mente através do sexto sentido, a imaginação.
Experimente isso. Pense em algo ou alguém.
Participante – Pensei no meu namorado.
Veja que o mero fato de você dizer “pensei no meu namorado”, significa que houve uma relação de observação de um objeto chamado “pensamento”, e que de dentro deste objeto chamado “pensamento” é que vem a imagem do seu namorado ou do que quer que seja. Este processo é a comprovação de que Observação é a sua natureza.
Você não pode nem pensar nem sentir qualquer coisa, sem que haja Observação. O mundo nos hipnotiza com os objetos, estamos hipnotizados a observar os objetos. Toda a nossa atenção é consumida com os objetos. Toda! Olhar para dentro, portanto, é desencantar-se dos objetos. Conscientemente, você remove a sua atenção dos objetos para aquilo que observa os objetos.
Aqui, entenda como “objeto” tudo aquilo que pode ser acessado através dos sentidos. E, nesse caso, isso que você chama de você está incluído. Este você que é acessado pelos sentidos, não é você. Você é aquilo que vê e aquele que vê encontra-se dentro.
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