Hoje trago uma história que vale muito a pena... Coloque-a no seu coração.
Um dos mais famosos reis da Índia antiga, Bimbisara, foi visitar Buda. Sendo um grande rei, ele sentiu que era importante causar uma boa impressão. Assim, decidiu presentear Buda com um presente que fosse muito raro, o mais lindo diamante de toda a terra. No entanto, ele estava tendo algumas dúvidas se o seu presente seria bem recebido, porque ouvira falar que Buda não era uma pessoa do mundo, não apreciava essas coisas. Então, uma manhã, em seu caminho para Mango Grove, o bosque onde Buda estava com seus discípulos, o rei passou por um mendigo chamado Sudhas, que carregava com ele uma linda flor de lótus. Sudhas descobriu aquela flor florescendo fora de estação, num laguinho perto de sua casa. Bimbisara quando viu, se aproximou. Ele viu que a beleza daquele lótus era realmente rara – era muito raro ver um lótus naquele momento do ano. Um homem como Buda apreciaria tal fato – ele pensou –, considerando esta uma alternativa perfeita como presente para Buda, caso ele negasse receber o diamante. Assim, o rei comprou a bela flor por uma rúpia.
Quando Bimbisara chegou, foi levado até Buda, onde prostrou-se e ofereceu o diamante, pensando que esse era o mais precioso dos dois presentes, ao menos em termos mundanos. Todavia, quando ele foi colocar o diamante aos pés de Buda, Buda olhou para ele e disse: “Largue isso!” Assustado, o rei imediatamente soltou e sem pensar – porque ele não queria dizer “não” a Buda, especialmente diante de tantas pessoas que estavam apreciando aquele diamante tão precioso –, ele soltou. No mesmo momento, o rei levantou a outra mão com o lótus e de novo Buda disse: “Largue isso!” Bimbisara largou o lótus e parou de mãos vazias na frente do Buda, ouvindo, pela terceira vez, o comando do mestre: “Largue isso!” No entanto, desta vez Bimbisara ficou vermelho, pensando que Buda estava tentando fazer dele um bobo, na frente de tanta gente, e retrucou: “Ou você é louco ou eu sou louco. Ambas as minhas mãos estão vazias. Que mais eu tenho que deixar ir? Que mais eu devo largar?” Ao que Buda respondeu: “Largue a si mesmo!” Mas Bimbisara insistiu: “Eu mesmo? Como posso largar a mim mesmo, se nem sei quem eu sou!” Buda, concluindo, afirmou: “Muito bom! Agora vá para sua casa e encontre quem é você. Quando encontrar, volte aqui que estarei esperando por você”.
Era muito grande o insulto, na frente de dez mil discípulos o rei foi feito voltar e olhar para dentro de si mesmo e encontrar quem ele é. Mas, Bimbisara provou ser um homem de tremenda coragem, inteligência e integridade. Em seu palácio, ele disse: “Ninguém deve me perturbar, qualquer que seja o tempo que tome, eu vou fazer o que aquele homem disse. Irei encontrar quem sou”. E, assim, por três dias ele permaneceu em isolamento.
No quarto dia o rei emergiu como um homem mudado. Sua face brilhava com uma luz misteriosa. Ele voltou ao Bosque das Mangas para fazer um relatório de suas experiências, e Buda – sentindo que algo profundo acontecera ao rei – disse: “Pegue de volta o seu lótus e o seu diamante! Posso ver nos seus olhos e na sua face o brilho. Você encontrou aquilo que não pode ser abandonado, você compreedeu o ponto! Diamantes e lótus, essas coisas certamente são lindas, fazem belos presentes, mas elas não são você . Foi por isso que pedi que os abandonasse. De verdade, no momento que você encontra quem você é, então não há necessidade de abandonar nada.
Só é possível abandonar algo que é real. Ao notar que os objetos não são reais, você não precisa abandoná-los. Você só fica com aquilo que é real, aquilo que é real é tudo. Ao encontrar a si mesmo, todas as coisas que não são reais, são naturalmente abandonadas, sem esforço, pois deixam de ter a realidade que tinham antes. Nesse ponto, tudo se torna leela, uma grande brincadeira. Perder ou ganhar, qual é a diferença? Quem perdeu e quem ganhou?
Procure o seu “ser”, Bimbisara! Ouvindo as palavras de Buda, aquele rei caiu aos seus pés e, ao cair, assim fez também o seu ego... quebrado, ao chão. Numa piscina de lágrimas, Bimbisara se tornou iluminado naquele momento e é dito que dali em diante, ele seguiu Buda pelo resto de seus dias.