Rumi diz:
“Fui o primeiro a enredar-me nos cabelos do grande imperador.
Girando ao redor do eixo do êxtase, entrei em rotação como a roda do céu.
Como descrever isso a ti, que foste criado tanto tempo depois?”
Todas as metáforas foram feitas, na tentativa Daquele que nasceu muito antes, contar-nos algo que está além das palavras. O problema é que aquele que nasceu muito tempo depois está enredado nas palavras. E ele deu realidade às coisas por causa das palavras. E é aqui que começa todos os enganos.
Para elaborar, Osho conta uma piada encantadora... Um menino que tinha uns seis anos de idade estava conversando com seu irmãozinho de cinco, que ia para a escola pela primeira vez, aprender a ler, etc. O de seis, então, disse para o menor: O melhor que você tem a fazer é não aprender a soletrar a palavra "gato". O novato, receoso, perguntou por quê. E o mais velho respondeu: Porque depois que você aprender a palavra "gato", as palavras vão ficando cada vez maiores e mais complicadas.
Você vê? O que nos garante que uma taça é uma taça? Se você for para a China, por exemplo, e pedir uma taça para o chinês, ele vai passar uma taça para você? O que nos garante que o que aprendemos é verdade?
Quando começa a se dar conta do que está além das palavras, você está seriamente preparado para esquecer-se de si mesmo. Empreenda o esquecimento. No esquecimento está a relembrança.
Há muito tempo atrás, estava na Suécia e tive a possibilidade de um confronto com um iluminado. Paguei todo meu salário para ficar um minuto com ele. Entrei num quarto semi-escuro e ele estava sentado no meio de uma cama de casal, com as pernas cruzadas e a cabeça baixa. Sentei numa cadeira que estava disponível, ele levantou a cabeça e perguntou o meu nome. Eu respondi "Satyaprem". E ele indagou sobre quem havia me dado. Eu disse que tinha sido o Osho; e ele exclamou: Vocês perderam um grande homem! Bom, ali, fiquei pensando no que ele estava dizendo... enquanto ele pegou a colcha da cama e perguntou: "O que é isso?" Eu, claro, respondi que era uma "colcha". E ele simplesmente disse: "Isso não é uma colcha" - baixando de novo a sua cabeça. Só me restou naquele momento, levantar e ir embora sem discutir nada a respeito.
Hoje sei porque aquilo não era uma colcha e porque isso não é discutível. Aquilo não é uma colcha e ponto final. Eu pergunto: "Quem é você?" Você me dá uma resposta. Não é isso! E ponto final. Não tem discussão. Assim é. Mas você terá que praticar o esquecimento...
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