quinta-feira, maio 19

a grande brincadeira
















Uma criança ganha uma boneca, que vira seu xodó durante meses, talvez anos. Então, de uma hora para outra, ela joga a boneca no armário e nunca mais pega. Na puberdade, essa criança vai se interessar por outro tipo de “bonecas” – vivas, geralmente do sexo oposto – bonecos, no caso. Às vezes, também acontece de ser do mesmo sexo. Sem nenhum julgamento, o que quer que seja que apareça, aparece como um brinquedo no espaço e no tempo. O interesse naquele brinquedo chega e passa. Outros interesses virão.

De uma certa maneira, estamos falando de maturidade. Quando você é adolescente, tem determinados interesses. Você cresce e os interesses tornam-se outros: sexo, dinheiro... quando chega num outro nível de maturidade, nota que o dinheiro não te dá tudo o que você quer, assim como as outras coisas que você conquistou. Ao perceber isso, se o seu sistema neurológico for inteligente, você se dá conta de que nada é eterno. Mentiram para você.

Frequentemente, recebo pela internet e-mails que dizem: “Amigo é para sempre”. Ora! Isso é pura fantasia. Não há esperança que amigos ou inimigos sejam "para sempre". Quem é que vai ser para sempre? A menos que você firme um compromisso e fique preso a este contrato.

Participante - Ainda assim, um dia, podemos estar simplesmente cumprindo um contrato, não é?

Sim, e provavelmente você poderá estar mentindo para si mesmo, pois é possível que esteja cumprindo um contrato que vai contra o que está sentindo de verdade.

Se ficar retilíneo, consigo mesmo, o que acontece é que as coisas vão e vêm e você não sabe aonde isso vai dar. Se permanecer centrado, sem se envolver com o que está acontecendo, com o que vai ou vem, cedo ou tarde, você verá quem você é. Seu sistema cansa e você decide que não quer mais ir ao cinema ou namorar, pois prefere ficar quietinho, recolhido. Neste momento, desabrocha uma nova possibilidade: você está diante do mais supremo dos brinquedos. Neste momento, é ele quem atrai a sua atenção. Este brinquedo se chama “voltando para casa”. Este interesse é mortal, nada mais interessa. Começa, então, a observação impessoal, a divina brincadeira.

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