segunda-feira, maio 2

os óculos e o iceberg






















Perder a cabeça é começar a tomar consciência de que a racionalidade não rege e nunca regeu a sua vida. Apenas nas aparências, a racionalidade parece ter importância. Já observou um iceberg? Tem um mínimo aparente, no topo. Ali parece estar o timão, no sentido de direcionamento, mas se você mergulha, vê que 90% dele está submerso. Aquilo que está submerso é o que rege, porque aquilo que está submerso está mais intrinsecamente ligado ao movimento das águas. Está enredado numa coisa muito maior. Enquanto aquilo que aparece, aparece como sendo algo em si, mas na verdade não é.

Essa metáfora do iceberg se aplica perfeitamente ao nosso contexto. O que aparece não é, e o que é não aparece. Agora você decide: quem é você? Você é àquilo que aparece aos sentidos ou você é aquilo que não aparece aos sentidos, mas onde os sentidos aparecem? A Consciência não aparece, enquanto que os sentidos aparecem na Consciência.

Quando peço para você perder a Consciência, estou pedindo para você se dar conta de que só é possível perder aquilo que aparece. O que não aparece não pode ser perdido.

Vejamos dessa forma: você pode perder os seus óculos? 

Participante – Sim.

Por que?

Participante – Porque eles estão no meu rosto...

Você pode perder o seu rosto?

Participante – Eu também posso perder o meu rosto.

E suas orelhas, onde os óculos estão postados?

Participante - Tudo pode ser tirado de mim.

Por que?

Participante – Porque são palpáveis aos meus sentidos. Eles existem.

Muito bom! Tudo o que você tem, pode ser perdido. Eu posso perder minha mão, o meu nariz, meus óculos... tudo o que vejo e que tenho, pode ser perdido. Já o seu carro, eu não tenho como perder. O seu carro não é meu, então não posso perdê-lo. 

Estou usando uma linguagem bem acessível para que você compreenda. Você vê? Aquilo que você não tem, não pode ser perdido. Você só pode perder aquilo que você tem.

A mente tem uma imensa sensação de propriedade sobre tudo. Ela diz: “o meu corpo”, por exemplo. E estende, absurdamente, o mesmo senso de propriedade à Consciência. É aí que eu o convido a ver que a Consciência não é minha, nem sua. E por não ser nem minha nem sua, é impossível perdê-la.

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