quarta-feira, maio 4

o florescer da flor sem flor

















Qual o meio que nós temos – se é que existe algum meio – de atingir o que Osho chamou de “transformação do ser”? Do meu ponto de vista, o único meio que temos é observar. E aqui preciso fazer uma distinção entre observar e pensar.

Há muito tempo temos dado nomes às coisas. Todas as coisas têm nomes. E o tempo todo reforçamos isso. Sempre voltamos à descrição dos objetos. Apenas peço que você tome um pouquinho do seu tempo para se dar conta do seguinte: em primeiro lugar, você observa. A descrição não tem nada a ver com o objeto em si. A descrição é apenas um nome.

Se quiser olhar com mais carinho, você pode atingir o simples e óbvio: as flores não são flores.  Você não sabe o que é, e nunca vai saber de verdade. Podemos apenas descrever de acordo com o que aprendemos. E mesmo que não chamemos de flores, daremos outros nomes, todos resultados de uma convenção, de uma memória, de um passado.

Você nunca permanece no espaço de inocência, com a inocência de uma criança – que não sabe o que as coisas são. Mas, compartilho com você que, mesmo de dentro da minha adultêsolho para isso que chamamos de flor e tenho a nítida certeza de que eu não sei o que é isso.

Ao dar-se conta de que pensar e ver são duas coisas diferentes – e aqui estou chamando de “ver” a observação –, você pode, relativamente, se dar conta de que tudo o que você descreve não tem nenhuma realidade. Qualquer história a respeito de um episódio que possa estar torturando você, tem como base a premissa de que não é verdadeiro. A descrição do episódio, a manutenção do episódio tem uma função. Nesse caso, a memória está servindo a este falso eu, que não existe.

Quero que você tome um tempinho para se dar conta exatamente disso: nesse momento, sem nenhuma história, sem nenhuma referência, sem nenhuma memória, o que resta para ser você? Passados todos os objetos, o que fica?

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