terça-feira, julho 13

você não pode ter o Vazio


Satyaprem, o "Encontro com a Verdade" parece o fim da linha. Com o encontro parece que acaba, que se chega a um ponto final. Isso é um início, na verdade?


Satyaprem - Isso é um início, não é um ponto final. É o ponto final da Busca. Agora você não está buscando absolutamente mais nada. Agora você encontrou e a vida se desenrola de uma outra forma.

E esse encontro ele se dá de várias formas? Agora eu falo das linguagens. Tem a música, a poesia... etc e tal. Então, são várias formas, vários caminhos de acontecer o "Encontro com a Verdade"?

Satyaprem - É, pode-se dizer assim, mas na verdade não tem uma forma. O "Encontro com a Verdade" é o que estou chamando de Satsang. É uma forma de encontrar e discutir, por exemplo, qual é o conteúdo da sua mente e o que está dentro dela. Digamos que você preze algumas coisas na sua mente, essas coisas devem ser checadas, contra a realidade do momento. Se nesse momento essas coisas que você pensa, que você acredita, não têm fundamento, você, então, se rende ao momento e a esse Vazio que fica criado. Se eu tiro coisas de dentro de alguma coisa, eu vou tirando e vou ficando com a aquele espaço totalmente vazio. A busca de todas as pessoas que meditam é ficar cara a cara com o Vazio. E não só isso: se entregar ao Vazio. Mas as pessoas querem sempre permanecer um alguém e tornar o Vazio um objeto dentro da idéia de quem elas sejam. Ou seja, "Eu quero ter o Vazio". Mas você não pode ter o Vazio, o Vazio é que tem você, você ter o Vazio é impossível. Então o confronto, o "Encontro com a Verdade" cria, na verdade, a clara visão de que você não pode conter isso que é maior do que você, e você se rende a estar contido nisso que é maior do que você. Nessa rendição você se torna o Oceano. E, ao avesso, a gota que você era, a idéia que você tinha de separação é descabida, ela se desmancha.

 
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Entrevista à Rádio Universitária | Fortaleza/CE - Abril/2004

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