quinta-feira, julho 21

não penso, logo não existo!


















Satsang não legitima a entidade que sobrevive no tempo, Satsang é o rompimento radical com o que quer que seja que você pense. Não tenho a menor ideia a respeito de quem você é, e o convido a considerar o mesmo. Não pense a respeito de si mesmo. No começo pode parecer esdrúxulo, porque – não sei se já se deu conta – somos herdeiros de Descartes, que nos deixou a máxima “Penso, logo existo”. Ou seja: você existe pensando e pensa que existe.

Satsang propõe o rompimento com essa lógica e apresenta um outro substrato. Não tem nada a ver com ter um corpo relaxado, ser saudável ou algo do gênero. O que estou fazendo é uma proposta radical em direção à morte. Não prorrogue sua morte para o fim da sua vida, acelere esse projeto, permita que morra essa entidade imaginária que se pensa como sendo você.

Osho conta uma história que acho deliciosa. Seu pai era um desportista da vanguarda dos corredores, corria todo dia. E em algum momento eles conversaram sobre isso:

        Meu filho, por que você não vem correr também?
        Para quê? – questinou Osho.
        Para ficar mais saudável – segue o diálogo.
        Mas para quê tornar-se mais saudável?
        Para viver mais.
        E por que eu deveria viver mais?
        Para correr mais.

Isso faz sentido? Você precisa se dar conta de que, mesmo saudável, um dia vai dar um curto e será o fim da linha. Claro que é bom haver um equilíbrio a respeito da noção de saúde, mas o convite do agora é abster-se de qualquer noção, é celebrar esse instante em totalidade.

Para quê você quer ter uma vida longa? Para ver TV? Não vale a pena, as novelas da Globo só se repetem e os diálogos são nauseantes. Volte-se para o agora e estabeleça uma relação totalmente distinta com o mundo. Nesse instante, o mundo está conspirando para que você se volte para esta perspectiva. Aquilo que você é está totalmente disponível no aqui e agora.

Meu diálogo não é com esse que você pensa que é, esse que está se preparando, estudando, lendo livros, assistindo palestras, baseado na tese de que ainda falta entender mais algumas coisas para finalmente saber quem é você. Ele, na verdade, funciona como um intermediário. Por isso chamo insistentemente a sua atenção, para que você veja a atuação do pequeno eu no seu dia a dia.

Toda essa estrutura deve ser observada. É a sua própria observação que vai separar claramente o que parece ser você e o que você realmente é. A constituição do pequeno eu depende absolutamente de escolhas, daquilo que ele julga. No entanto, voltando-se para dentro você se dá conta, mais cedo ou mais tarde, de dar cada vez menos valor aos objetos percebidos. Aqui, está em pauta uma única coisa: aceitação total do que quer que seja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário