terça-feira, novembro 9

preso no teto do infinito



















O simples fato de sua atenção estar intencionalmente voltada para Satsang, já é uma virtude. E eu acho que é a respeito disso que falaremos hoje.

Para onde a sua atenção está voltada?

Tem um ditado que diz: “Quem planta vento, colhe tempestade”. E é assim mesmo, Tudo que plantamos pequenininho, cresce. Você planta um ventinho e colhe uma tempestade. Portanto, da mesma maneira, se planta um minuto de silêncio, você está plantando uma intenção, está plantando um olhar em direção a quem você verdadeiramente é. E possivelmente, você irá colher o fruto dessa intenção.

Na verdade, todos nós recebemos a atenção de graça e também damos essa atenção de graça, selvagemente. A minha intenção, no entanto, é recompor esse quadro para que você possa perceber que colocar a sua atenção selvagemente em determinados lugares, pode resultar em tempestades.

Se a sua intenção é colher Paz, que  eu suponho que seja, então, colocar atenção no lugar certo é fundamental. Se não olharmos para o lugar certo, permanecemos perdidos. E eu não estou falando de “certo” no sentido católico/cristão. Estou falando do lugar exato.

Para que possa olhar para dentro, é fundamental que se dê conta, para começo de conversa, de onde o “dentro” fica. Senão você vai estar brincando de cabra-cega. Você vai estar perdido: uma hora mexe aqui, outra hora mexe ali, outra hora mexe acolá, e nada, de verdade, dá naquilo que você está buscando.

Uns amadurecem mais rápido, outros mais lentamente, mas, eventualmente, você tem que se dar conta de que onde é plantada a sua semente de atenção, virá a ser colhida a sua intenção. Portanto, exemplificando, no momento em que a sua atenção requer um controle, um esforço, este já é um sinal de que você está colocando atenção no lugar errado.
Porque o lugar certo, dentro, é como um ímã, é magnético.  No momento em que você coloca atenção no lugar certo, você é sugado, você desaparece como sendo este ‘você’ conhecido e aparece como sendo um outro Você.

Em outras palavras, permitam-me que eu repita uma frase que eu gosto muito: “Você não é quem você pensa que é”. Não importa o que você pense a respeito de si, talvez seja a última moda o que você está pensando que é você, mas você não é isso. E, ainda que você pense que é Consciência, você não está realizado enquanto Consciência, você só está pensando que é Consciência. Em outras palavras: o acesso tem que ser direto.

Quando a atenção é colocada no lugar certo, no lugar exato, o esforço desaparece. Existe um relaxamento e você se liberta. Você se liberta, inclusive, para esforçar-se em direção a algo. Você é livre também para fazer esforço, mas, sabendo que o seu esforço não tem nenhuma função, é só por esporte. “Sou paulista e gosto de me esforçar” - mas é apenas um esporte, não tem nada a ver com a Verdade, não tem nada a ver com quem você é. É apenas uma das formas de arte. Esforce-se tremendamente, mas perceba que, no fundo, você reconhece que é livre em qualquer direção.

Se a sua atenção for posta corretamente no lugar exato, você se liberta até para ficar tenso, triste, ou o que quer que seja. Você pode até sonhar que está preso.
Outro dia eu li uma pequena frase de um amigo onde diz: “Estou preso com a cabeça no teto do infinito”. É uma boa imagem. Ou é poesia ou é uma clara visão, uma visão direta, uma experiência direta de quem ele é de verdade -  que lhe deu esse direito de dizer que ele está preso com a cabeça no teto do infinito. Porque se olhar corretamente, você vai se dar conta de que está  livre, de que é livre, e, por último, de que você é liberdade. E, nesse sentido, tudo aquilo que era construído, condicionado, convivido até hoje como sendo ‘você’, começa a desaparecer, começa a se desintegrar.

Nesse ponto, nada precisa ser feito. Pelo contrário, agora a sua atenção vai para o lugar exato e aquilo que era alimentado erroneamente pelo mau direcionamento da sua atenção, não é mais alimentado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário