quinta-feira, dezembro 29

a cura da imaginação

















Se você não pensa que é aquilo que te foi ensinado a pensar como sendo “você”, quem é você?  Este segredo está aberto e o primeiro passo para alcançá-lo é perceber que tudo o que você pensa e imagina como sendo você, não é você. Pare de imaginar e veja o que é que fica.

Aquilo que você é não pode ser pensado e não pode ser imaginado, portanto, não adianta de nada falarmos a respeito. A única forma de acessar é através de uma investigação direta.

A mente, consistentemente, projeta no futuro o seu encontro consigo mesmo. Porém, o passado e o futuro não existem. Como você poderia estar “lá”? Isso me lembra algo que li outro dia. Um dos discípulos de Gurdjieff, quando perguntado a respeito do que havia sido a maior lição absorvida de seu mestre, ele respondeu: “Ele me curou da minha imaginação. Eu parei de imaginar”.

Imaginar significa conter uma imagem.  Uma imagem é um objeto dentro da sua mente. Você o acessa e a partir daí passa a moldá-lo, remodelá-lo, melhorá-lo ou piorá-lo – dependendo das circunstâncias. No entanto, este objeto, a imagem-em-ação, só existe dentro da mente.

A mente é mais um objeto observável, assim como todos os outros objetos observáveis. Ela tenta observar e você acredita que ela observa – a confusão, nesse sentido, é imensa, porque observar não é um fazer e a mente jamais poderá compreender isso.

Pare de imaginar tudo o que você imagina e veja aquilo que você é, em toda sua pureza, livre de toda e qualquer nódoa causada pela imaginação. E, dentro dessa proposta, esteja muito atento, encontre um ponto onde a imaginação simplesmente não existe ou, ainda, onde ela não tem o menor valor. Não tente parar de imaginar com a mente, ela também não pode fazer isso. Deixe-a imaginar e permaneça atento a quem você é. Você é observação.

quarta-feira, dezembro 28

puro, agora



Participante – Satya, se aceitação é o ponto, como fazer para aceitar a raiva? Sinto muita raiva e é difícil aceitar.

Você está com raiva agora?

Participante – Estou com muita raiva.

Você sente raiva do quê?

Participante – Da minha vida atual.

Quando diz “da minha vida atua”, do que você está falando?

Participante – Do meu trabalho.

Você está trabalhando agora?

Participante – Não, agora não! [Risos]

Esse é o segredo: “agora não”. Se descobre essa porta, está tudo resolvido – e você pode entrar nela sempre que estiver atribulado com o que quer que seja.

Essa porta está disponível, abra! Este é o segredo. Depois que você passa por esta porta, tanto a raiva quanto qualquer outro acontecimento se tornam apenas um sonho, uma ilusão. E você não é forçado, de maneira nenhuma, a continuar sonhando. Duvide, questione a si mesmo. Penetre no agora e saiba que “agora você não está com raiva” – isto é fatal.

Para sentir essa raiva, você tem que pensar no trabalho. Mas se você não está trabalhando agora, não há o que fazer. Não é o trabalho que causa raiva, é pensar. Meu intento aqui é evidenciar o ponto onde não há raiva nenhuma e, para isso, não proponho uma fórmula; proponho que você verifique com acuidade que a raiva é um fenômeno aparente, aparece e desaparece.

O que precisa ficar evidente é que há um “lugar” em você onde há paz, apesar de qualquer fenômeno temporal. Se você atenta para esse sujeito, para essa subjetividade pura onde não tem absolutamente nada acontecendo, a semente está plantada – e este é o meu único papel aqui.

segunda-feira, dezembro 26

o encontro com o inencontrável


Tudo o que você pensa que você é, decorre de uma experiência que já passou. Portando, para remeter-se a este eu-pensado, você está sempre acessando um gravador – o qual chamamos de "mente". O convite de Satsang é deixar de lado tudo o que passou e entrar em contato com aquilo que está presente, aqui e agora. 
Satsang é um confronto entre esse "você" e todos os conceitos que habitam a sua mente. Dentro desse esquema, o conceito primordial é o do "eu-pensado", pelo qual muitos morrem, sem saber que, ao morrer por esta afirmação, morrem para quem verdadeiramente são.
Se você quer descobrir quem você é, inevitavelmente você tem que duvidar da realidade ditada pela humanidade. Satsang provoca, através da investigação dos conceitos, a dúvida daquilo que você acessa através dos seus sentidos e que têm o enganado por todo esse tempo a respeito da realidade.
O fim da busca, o ponto de encontro em Satsang é o ponto em que você se torna "inencontrável". Somente a partir daí, a luz passa a ser o seu guia. Antes disso, a mente permanece exercendo seu domínio sobre tudo e todas as coisas, ofuscando a clara visão e, por fim, a realização de você simplesmente ser Aquilo que é.

sábado, dezembro 24

sexta-feira, dezembro 23

a ovelha e o leão


















Já notou aqueles momentos em que, de repente, você se sente muito bem? Nada em particular foi feito, às vezes você está vendo um filme, tomando um chá, lendo um livro ou comendo algo, e brota uma bem aventurança, uma sensação muito boa de paz. É muito comum que você tente relacionar esta “sensação” ao que está acontecendo – a comida, o chá, o livro... – sem se dar conta de que aquilo aconteceu desligado, desvinculado de qualquer coisa.

O que compartilho a respeito “desses momentos” é que, por um instante, você esqueceu de todos os seus problemas e de toda a sua identidade, e o Silêncio penetrou.

No corpo e na mente a dualidade está presente e assim sempre será. Ora você se dá conta de que é um forte leão, ora sente a dor e o perigo – pensamentos – como uma frágil ovelha. Nesse contexto: a ovelha pensa, o leão não pensa.

Não tente guardar essas palavras, pois, quem as guardaria? Guarde somente a clara visão d’Aquilo que você é, o leão.  Mas não faça isso com a sua mente! A mente entende que você deva, então, se comportar como um leão todo o tempo. Mas como seria isso? Você tem ideia de como isso funciona? Não! Isso não funciona.

Por isso, a única proposta é: inocência. Enquanto triste, esteja triste. Enquanto feliz, feliz. O que quer que seja que esteja acontecendo, não julgue. Compreenda que, mesmo quando o leão está berrando, ele continua sendo um leão, isso muda apenas a sua qualidade naquele momento, que é mutável. Mas o leão permanece.

quinta-feira, dezembro 22

o nada e o amor à sombra da figueira





















Nisargadatta Maharaj disse: “Sabedoria me diz que eu sou nada”. Sabedoria é quando você olha e vê, é quando você sabe quem você é. E todos que olham, concordam, vêem o mesmo. Diante de tal concordância, revela-se o indescritível. A Consciência que nós somos não tem forma, nem tamanho – isso é o que a sabedoria nos revela.

Nisargadatta está nos dizendo que saber quem somos é saber-nos nada. Agora, encontre isso! Investigue e veja o que habita por trás de todos os véus de conceitos gerados pela mente. De repente, Atenção brota, vinda de lugar nenhum, e não há uma só criatura nesse universo que não seja Isso.

Cada vez que você atende ao convite do Silêncio, cada vez que você olha para esse “lugar nenhum”, apenas uma coisa fica evidente: tudo some. Até mesmo o seu corpo desaparece, quanto mais a ideia de “eu” e do mundo.

Nisargadatta continua: “Sabedoria me diz que sou nada, Amor me diz que sou tudo – entre os dois, a minha vida flui”. O Amor revela que não há nada nem ninguém que não seja eu mesmo, que não deva ser respeitado e honrado como eu mesmo. Não existe o outro, só tem um. Somente na mente "eu sou eu" e "você é você", isso é o que aparece aos nossos olhos, na periferia, e provoca todo o engano.

O Amor, o reconhecimento de quem você é, é o que apazigua todas as relações. Quando você olha e vê que tudo é você, não existe mais conflito e medo.

Essa é a Verdade, o poço está aberto, transbordando... você bebe ou não bebe. Nada pode ser feito por você, nem mesmo posso te dar esse Amor – o poço não vai sair correndo atrás de você, oferecendo um copo d’água. 

O Amor é como uma árvore, uma figueira enorme nos Pampas, num dia de calor. Quem quiser sombra, se acomoda embaixo dela, quem não quer, fica no sol tostando a nuca. 

quarta-feira, dezembro 21

o quieto, a ideia e o porquê
























Ser quem você é, é simples. Você não precisa imaginar absolutamente nada. Este é o momento de olhar para isso e “Ver”. O coração bate por si, os pulmões respiram por si, a mente pensa por si, o corpo sente por si. Você é a Observação que não está localizada em lugar nenhum. Fique quieto e saiba.

Conta-se que Buda tinha uma lista de perguntas que ele não respondia e não deixava ninguém fazer. Certo dia, um homem chegou até ele e disse: “Eu sento com você e fico aqui com uma condição: quero que você responda todas as minhas perguntas”. Buda concordou: Ok, respondo todas as suas perguntas, mas com uma condição: por um ano você vai sentar ao meu lado sem perguntar nada; depois disso, pode me  perguntar o que quiser que eu responderei”. Assim foi: ao final de um ano, Buda o autorizou a começar a fazer as perguntas, mas o discípulo questionou: “Perguntar o quê?”

Existe, em realidade, alguma pergunta no Ser? Existe algo que precise ser melhorado, transformado, mudado, adquirido ou reformado? Olhe bem! Veja! Você é a Consciência que observa os eventos indiferente ao que está acontecendo no corpo ou na mente. Se alguém pisou no seu pé e você ficou com raiva, fique! Afinal, quem ficou com raiva? Você ou a sua mente? Você apenas observa: raiva está presente... e, daqui a pouco, passou. Se você interfere com a sua mente e diz que você não pode ficar com raiva porque um buda não sente raiva, está criando um grande problema ao tentar impor uma ideia na realidade da vida. Você não é uma ideia. Você está muito longe de ser uma ideia. Você não cabe numa ideia. 

terça-feira, dezembro 20

nem amanhã, nem ontem


Osho diz:


"De uma coisa eu sei: A existência não tem nenhuma meta. E, como parte da existência, não posso ter meta alguma. No momento em que você tem uma meta, você se separa da existência. Então, uma pequena gota de orvalho está tentando lutar contra o oceano. O problema é desnecessário. A luta é sem significado. Eu jamais penso nos 'ontens' e jamais penso nos 'amanhãs'. Isso me deixa apenas um pequeno momento, um momento presente, solto, leve, livre e limpo".


Você poderia afirmar que também não pensa no ontem e no amanhã?


Participante – A mente pensa.


Exatamente. A mente pensa no ontem e no amanhã. E, aqui, se você se identifica com a mente, inicia um conflito – o conflito da gota contra o Oceano, do tempo contra o Agora, da mente contra a Observação. A mente gera a ideia de que não devemos pensar no ontem e no amanhã. Porém, a real revolução está em compreender que o amanhã e o ontem são um reflexo na Consciência, agora.


Contemple essa possibilidade e veja se isso é pertinente em você, se isso faz parte da sua natureza. Investigue até que isso seja real para você.


Estamos aqui para fazer um câmbio, para trocar a sua identidade de pensador para observador. Se é para você ter alguma identidade – porque você não existe sem identidade –, não seria melhor identificar-se com o observador? Então, considere isso! Temporariamente, até que você realize que nem mesmo o observador, senão a pura observação é a sua verdadeira natureza.


Osho diz: "Eu jamais penso nos 'ontens' e jamais penso nos 'amanhãs'. Isso me deixa apenas um pequeno momento, um momento presente, solto, leve, livre e limpo". O que você precisa fazer para chegar nesse ponto de "solto, leve, livre e limpo"? Dando-se conta de que a mente tem te oferecido uma identidade pautada nas memórias, no passado, no tempo, nos reflexos; enquanto que o agora, oferece, incondicionalmente, um "você" solto, leve, livre e limpo.

segunda-feira, dezembro 19

o azul e o castelo de areia

Considerando que você tem vivido até hoje confidente da ideia de ser o corpo, é justificável a crença de ter que fazer tudo o quanto for possível para que este corpo não morra – porque morrendo o corpo, morreria você. Porém, trago uma pergunta: Será que você é este corpo? Será que você pode ser removido pela morte do corpo? Ou existe a possibilidade de que Aquilo que você realmente é permaneça, apesar da morte do corpo?
A mente tece um milhão de teorias a respeito da morte. Mas não importam as alegorias, qualquer que seja a alegoria, investigue! Alegorias também são castelos de areia.
Para você ser capaz de matar ou de morrer enquanto "alguma coisa", você precisa ser "essa coisa". Mas, se nota que aquilo que você está chamando de "eu" sofre do mesmo fenômeno espaço-temporal que todos os outros objetos à sua volta – ou seja, passível de medição, que teve um início, está tendo um meio e está fadado a ter um fim, pode ser pesado, tocado... acessado através dos sentidos –, se consegue perceber isso, proponho uma investigação ainda mais profunda: quem consegue notar tudo isso? Guarde essa equação por um instante.
Agora, abra a seguinte porta: A Consciência pode ser vista, medida, pesada ou comprimida em algum espaço? Não, ela não pode. Nesse caso, por onde poderíamos começar, se quiséssemos matá-la? Como? Onde a Consciência começa e onde ela termina?
A Consciência não nasce e, portanto, não morre. Esta é a Verdade a respeito de quem você é. Ou você casa com isso, de uma vez por todas, ou continua sonhando com seus castelos de areia.

sexta-feira, dezembro 16

o risco do tesouro


Hoje começo com uma breve história...

Era mais ou menos onze horas da manhã, a mãe bate na porta do quarto do seu filho e exclama:
– James, acorda! Você tem que ir para a escola!
– Mas, mãe... Eu não quero!
– James, está na hora e você tem que ir...
– Mas eu não quero... Lá é muito chato, eu odeio escola! Não aprendo nada lá...
– James, você tem que ir. Primeiro: é seu dever. Segundo: você tem quarenta e cinco anos. Terceiro: você é o diretor! Acorda!

Enquanto você insiste em permanecer dormindo, a mudança de paradigma aponta para o fato de que aquilo que você pensava ser a realidade, se colocado de lado, passa a refletir uma noção absolutamente diferente.

Ponha tudo de lado, sem nenhuma esperança de que “as coisas fiquem bem”. Note que você tem poupado sua energia, insistindo em barganhar uma solução para os seus problemas. Mas o que você está disposto a oferecer em nome disso? Ao mesmo tempo que deseja a liberação, você teima em manter todo o seu aparato de ideias pré-concebidas, sem se dar conta que são essas ideias – e somente elas – que trazem, em si, o sofrimento.

As ideias reduzem você. Estamos aqui em nome do ilimitado, que é você existencialmente. Portanto, não poupe! Ponha tudo de lado e veja o que fica. Aquilo que permanece, é o tesouro que você tanto deseja. Entregue-se a este mistério sem nenhuma exigência – não exija nenhuma segurança. Todas as noções de segurança são esboçadas pela mente.

quinta-feira, dezembro 15

intimidade com o silêncio


Não é teu amigo, aquele que te afasta do Silêncio que você é, aquele que se relaciona com você pautado na linha do tempo. Sobre o amanhã ninguém sabe, por mais que se pense a respeito e trace planos. Então, por que manter em pauta aquilo que não está nas suas mãos?

Ouça a voz do Silêncio e descubra como será o amanhã. A única percepção plausível é que o amanhã será exatamente como o agora: silencioso. E, o que quer que aconteça, saiba que você carrega consigo todos os artifícios, todos os instrumentos necessários para lidar com o que se apresenta.

Se olhar com inteligência e clareza, se estiver acesa dentro de você uma referência silenciosa, ninguém poderá perturbar o seu silêncio. E, nesse sentido, todos são seus amigos. Mas enquanto não for viável, esteja atento quanto a mente, ao agente da Matrix.

As pessoas ao seu redor, enquanto mente, não querem que você desapareça, pois o seu sumiço põe em xeque a existência deles próprios, imagens mentais. Então, eles estão o tempo todo lembrando “quem você é” – segundo a mente, é claro. Por esse motivo a busca pela Verdade se torna perturbadora.

Porém, o convido a permanecer exatamente onde você está agora, nesse exato momento. Onde quer que você esteja, veja e abrace o Silêncio que você é. Prontamente se tornará palpável que você é aquilo que você esteve buscando desde sempre.

Uma vez “des-coberto”, esteja na companhia do Silêncio e daqueles que são amigos do Silêncio – este encontro resulta em celebração.

quarta-feira, dezembro 14

esse sentado não é você!
















Proponho uma breve investigação: antes de você estar com sede, antes de estar com fome, antes de estar iluminado, obscuro ou iludido, o que é que há? Perceba que sempre há um “eu” na mente. Não existe fome sem “eu”, não existe sede sem “eu”, não existe inclusive luminado sem “eu”. Você diz: “Eu estou com fome”. E eu pergunto: quem é esse “eu” que está com fome?

O trajeto é tão condicionado, tão robotizado, tão pré-programado, que qualquer um responderia: “Quem está com fome é esse eu, sentado aqui.” E eu torno a perguntar: esse “eu” que está sentado aí é você? Você morreria por esta afirmação?  Muitos morrem por essa afirmação. E ao morrerem nessa afirmação, eles morrem para quem verdadeiramente são. 

Porém, se você tem dúvidas a respeito de que “isso” sentado aí seja você realmente, então começa a trilhar o verdadeiro caminho do auto-conhecimento. É nesse momento que nasce a possibilidade de vislumbrar quem está vendo este “eu” sentado aí.

Se está trilhando o verdadeiro caminho do auto-conhecimento é porque você começou a duvidar de tudo que a humanidade tem dito a você através de seus pais, das escolas, dos terapeutas e professores. Em Satsang, você precisa estar em completa dúvida, porque nesse encontro não será encontrado um “você”, tal qual você pensa. Este encontro está posto para que você se revele como “in-encontrável”.

segunda-feira, dezembro 12

aqui-agora não é uma idéia


Tudo o que você pensa que você é decorre de uma experiência que já passou. Portando, você está sempre acessando um gravador – isso que chamamos de “mente” –, para remeter-se a este “eu-pensado”.

Por este motivo, nos encontramos em Satsang. Somente por isso o convido a sentar aqui e deixar de lado tudo o que passou, para entrar em contato com aquilo que está presente, absolutamente, aqui e agora.

Qualquer ideia que você possa acessar a respeito do “aqui e agora”, não é o “aqui e agora”, necessariamente – porque o “aqui e agora” não cabe numa ideia, por mais incrível que ela possa ser. Isso não nos serve! Isso não passa de uma tradução daquilo que, de fato, está sendo transmitido em Satsang.

A mente aprova e reproduz incessantemente a mentira e ela tenta fazer isso inclusive com Satsang. Esteja atento! Você não é um papagaio e nem precisa dar ouvidos a um deles. Satsang não se ouve com os ouvidos, tampouco com a mente. Satsang é aquilo que ressoa o Silêncio.

Primeiro, confronte todos os conceitos que habitam sua mente, depois repouse naquilo que se torna explícito através dessa nova visão livre de conceitos e pré-conceitos. Tudo se torna mais simples e belo quando o conceito primordial do “eu” é destruído.

sexta-feira, dezembro 9

ver-i- fique!

















Verifique que aqui e agora não há nenhum querer, nenhum desejo e isso não é algo que deva ser alcançado, basta ser percebido, pois é a sua natureza. Verifique – veja e fique –, olhe para o lugar certo e tudo o que você busca está absurdamente diante do seu nariz.  

Se você olha para a mente, sempre encontra desejos e, consequentemente, insatisfação. Se olha para o lugar certo, o que encontra? O lugar certo, neste contexto, é dentro  e dentro não pode ser acessado com os sentidos. Logo, pergunto: o que você vê sem os sentidos? Silêncio é a resposta. A única resposta. Se é isso o que você quer, aproxime-se!

Costumo questionar algumas pessoas que me encontram pela primeira vez a respeito do que elas estão pensando “agora”. Geralmente, dada a pergunta, elas começam a pensar ou tentar pensar em algo, sem se dar conta que “agora” elas não pensam. Pensar está sempre antes ou depois. O corte do “agora” é muito mais brusco e agudo. Nada pode acontecer no “agora”.

Por este motivo a pergunta é feita e refeita, incansavelmente – muitos a fizeram e vislumbro que tantos outros a farão – para que esta semente, a semente da Verdade, se instaure.

Apenas uma coisa deve ser feita, estabeleça a seguinte verdade: aqui e agora é onde reside o segredo. Tudo o que você tem feito para encontrar o segredo, apenas o afasta. Esteja atento ao “aqui e agora” e nada mais é necessário. Se você quer que, no mínimo, a sua vida “melhore”, enamore-se do “aqui e agora” e será o fim de todo o sofrimento. Uma vez que se estabeleça essa abertura, possivelmente você estará diante de uma imensurável liberdade, pelo reconhecimento e deleite em ser o que você é. 

quinta-feira, dezembro 8

mil vezes isso, em menos de um segundo



















Uma ótima metáfora para a mente é vê-la como sua criada, ela é uma empregada e está aí para servi-lo. O ideal, portanto, é que ela possa exercer a sua função. Isso é muito saudável!

Mas o equívoco está em a mente pensar que é a imperatriz e querer que todas as coisas, inclusive as mais distantes como vida, morte, amor, saúde, paz, etc, sejam exatamente como ela quer. Isso não é possível! E dar-se conta disso é uma das condições que o amadurecimento requerido e invocado pela meditação implica.

As coisas são o que são... Perdas ou ganhos, não importa! Tudo é a mesma coisa, parte do mesmo princípio.

Participante – Satya, percebo que “obedecer” a esta nova ordem trazida em Satsang, implica em abrir mão do controle que gostaríamos de ter e que não temos de verdade, não é?

Está implícito. Ou melhor, em Satsang isso de torna explicito. No momento em que você vê que a é a mente que quer – e não você –, tudo se dissolve e perde a gravidade. Porque, olhando para o lugar certo, a mente evapora e o seu ponto gravitacional, seu eixo, digamos assim, fica pousado na Consciência, no Silêncio que você é.

Observe! Existe alguma necessidade de controle no Silêncio, ou ele é pura dádiva e abertura? Olhe mil vezes ou quantas mais forem necessárias e veja que isso é você.
É aí que reside o mistério da meditação que todos os mestres de alguma forma ventilam. Se você precisa, este é o método mais eficaz para levá-lo de volta para casa: volte-se para a Consciência, dia após dia, minuto à minuto. Menos de um segundo, isso!